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Da Vida de São Domingos – Fr. Luís de

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PAUTiCLlAU DO UEIAO DE POUTCCAL 17<br />

níi(3nto das lingoag-ens <strong>de</strong> Espanha, perguntou a hum <strong>de</strong> muitos, que o<br />

ro<strong>de</strong>avão espantados <strong>de</strong> tal invenção <strong>de</strong> romeiro, e tais alfaias <strong>de</strong> roma-<br />

ria, como chamavão a terra, e o sitio em que estavao. Quando souhe<br />

que tinha diante dos olhos S. <strong>Domingos</strong> da Sovereira, ficou como fura<br />

<strong>de</strong> si <strong>de</strong> pasmado, e attonit > : e conformando-se com o tempo, quiz co-<br />

meçar a grangear com cedo quem por boa conta trocadas as sortes ha-<br />

via <strong>de</strong> ser seu senhor.<br />

CAPITULO VI<br />

Prosegne o milagre do cativo: apontão-se algumas particularida<strong>de</strong>s,<br />

que o confirmào.<br />

Foi o Mouro logo revolvendo hum molho <strong>de</strong> chaves que lhe pendião<br />

da cinta, e abrindo ca<strong>de</strong>ados, e fechaduras da sua arca. Chegarão os<br />

circunstantes com curiosida<strong>de</strong> a ver que peças traria pêra offerecer em<br />

tão gran<strong>de</strong> arca o romeiro estranho: se não quando dão com os olhos em<br />

Imm Lazaro sepultado, e em rosto, e cores <strong>de</strong>funto: mas vivo na voz,<br />

e envolto em novo género <strong>de</strong> mortalhas <strong>de</strong> ferro: e tão carregado d'el-<br />

las que <strong>de</strong> nenhum membro era senhor, senão só da lingoa, com a qual,<br />

voz em grita chamava por S. <strong>Domingos</strong>, como quem tinha já sintido<br />

on<strong>de</strong> estava. Pasmão todos, virão-se huns pêra outros fazendo cruzes<br />

sobre si, e pondo os olhos no Ceo. Lanção-se logo á arca, querendo cada<br />

hum ser primeiro a soltar o aferrolhado: mas erão taes as prisões, que<br />

só o Mouro as entendia, porque pêra cada huma tinha sua chave. Solto<br />

em fim sem outra palavra na boca mais que S. <strong>Domingos</strong>, <strong>de</strong>ixa-se cair<br />

em terra, abraça-se com ella, e bcija-a, e vai-se prostrar diante do al-<br />

tar do Santo.<br />

Despois <strong>de</strong> lhe dar graças com silencio, e lagrimas, tornou pêra os<br />

que o esperavão alvoroçados, e <strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a aventura, ou<br />

encantamento (que isto parecia mais próprio) com que ali entrara: visto<br />

como não aparecião carros, nem azemalas, que pêra tal peso menear<br />

erão necessárias. Então lhes <strong>de</strong>u larga conta <strong>de</strong> sua vida com todo o<br />

processso <strong>de</strong> trabalhos, e duro cativeiro que temos referido : e sobre<br />

tudo da oração que sempre fizera a S. <strong>Domingos</strong>, encarecendo por re-<br />

mate com muitas lagrimas quanto <strong>de</strong>vião estimar, venerar, e servir aquelie<br />

Santo, e haverem-se por ditosos em o terem por seu advogado, porque<br />

a elle confessava <strong>de</strong>ver a liberda<strong>de</strong> em que o vião por meio tão estra-<br />

VOL. II 2

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