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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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quando mulheres, porém, tomam tantos nomes quantos escravos matam seus maridos” 81 .<br />

Sobre o casamento, Staden relata que os pais prometem suas filhas como noivas ainda<br />

crianças. Quando chegam à idade de casar elas passam por um ritual, onde cortam o cabelo,<br />

sofrem arranhaduras nas costas de determinada forma que as escoriações permanecem para<br />

sempre, além de prenderem dentes de animais, em forma de colar no pescoço. Depois desse<br />

ritual, a moça é entregue, sem nenhuma solenidade especial a seu marido 82 .<br />

Com relação a essa questão de dar um prisioneiro de presente a outro índio, Staden<br />

relata, que na primeira vez que foi dado de presente a alguém, o foi por seus dois captores ao<br />

irmão de seu pai, por amizade, para este ganhar uma alcunha e porque este tinha dado o<br />

prisioneiro que capturara anteriormente a um deles. 83<br />

Sobre a agricultura ele diz que quando os índios querem plantar numa região, eles<br />

primeiro derrubam as arvores, deixam-nas secar por alguns dias e depois as queimam. Dessa<br />

forma iniciam a plantação, principalmente da mandioca, com a qual fazem pão, sendo que<br />

existem várias formas de prepará-la. 84 Sendo que são as mulheres que fazem a plantação,o<br />

cultivo, a colheita e a preparação dos alimentos. Com relação ao tempero das comidas: “a<br />

maioria das tribos não usa sal (…) quando preparam um alimento, em especial carnes para<br />

durar muito tempo, eles deitam a carne em pequenos pedaços de madeira, acima do fogo até<br />

que fique bem seco” 85 . A caça é feita coletivamente pelos homens, sendo que o resultado de<br />

tal atividade é dividido entre os que dela participaram.<br />

Com relação aos prisioneiros de guerra os índios que praticam o ritual antropofágico,<br />

amarram em torno de sua cintura uma corda de algodão chamada mussurana. Chegando a<br />

aldeia, os homens se recolhem as suas cabanas e as mulheres rodeiam o prisioneiro “algumas<br />

foram à minha frente, outras atrás, dansando e cantando uma canção que, segundo seu<br />

costume, entoavam aos prisioneiros que tencionavam devorar” 86 . Após, as mulheres levaram<br />

o prisioneiro (Staden) até a caiçara (paliçada) e deram-lhe socos, puxando-lhe a barba e<br />

dizendo “Xé anama poepika aé!” “com esta pancada vingo-me pelo homem que os teus<br />

amigos nos mataram” 87 . Por fim o levaram a uma cabana onde devia deitar-se em uma rede.<br />

Os homens estavam durante esse tempo reunidos em outra cabana “onde bebiam cauim e<br />

81 Ibid., p. 170.<br />

82 Ibid., p. 171-172.<br />

83 Ibid., p. 89.<br />

84 Ibid., p. 162-163.<br />

85 Ibid., p. 163-164.<br />

86 Ibid., p. 87.<br />

87 Ibidem.<br />

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