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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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dela. Entre os tapuias se acham muitas nações que não a comem, nem matam os inimigos<br />

senão no conflito da guerra” 62 . Anchieta descreve os tapuias da seguinte forma:<br />

125<br />

“(…) têm uma natureza tão inquieta que nunca podem estar muito tempo num lugar, que é o principal<br />

impedimento para sua conversão (…) é gente bem inclinada e muitas nações deles não comem carne<br />

humana e mostram-se muito amigos dos portugueses, dizendo que são seus parentes e por meio deles<br />

têm pazes com os índios que tratam com eles, de que antes eram inimigos. Só uma nação destes que<br />

chamam Guaimuré (3), que ao principio foram amigos dos portugueses, são agora crudelíssimos<br />

inimigos, andam sempre pelos matos e têm posto em grande aperto a capitania de Porto Seguro e Ilhéus,<br />

e já quase chegam a Bahia” 63 .<br />

Com relação à distribuição geográfica dos índios, Anchieta relata que em Pernambuco<br />

e Itamaracá existiam os índios potiguaras (4), que comerciavam com os franceses o pau-<br />

brasil, em troca de ajuda destes, para fazer guerra aos portugueses. Em Ilhéus e Porto Seguro<br />

havia os índios tupiniquins (5) que a principio fizeram guerra contra os portugueses, e que<br />

agora se achavam quase extintos nessa região por causa “parte por doenças, parte com o<br />

maltratamento dos portugueses” 64 , sendo que esses índios também existiam em São Vicente,<br />

onde eram os melhores amigos (aliados) dos portugueses, “salvo no ano de 1562, que uns<br />

poucos do sertão por sua maldade (ficando a maior parte amiga como era dantes) deram<br />

guerra a Piratininga, vila de São Paulo (…)” 65 , que foi salvo por um grande chefe tupiniquim<br />

aliado dos portugueses, Tibiriçá. Ainda em Porto Seguro, segundo Anchieta, existiam os<br />

índios chamados Aimurés (6), que são “(…) homens robustos e feros, aos quais enquanto<br />

houve índios amigos sempre lhes resistiram; mas faltando-lhes estes, foram e são tão<br />

acossados dos selvagens que já a capitania de Porto Seguro esta meio despovoada” 66 . Nesse<br />

trecho denota-se a importância da existência de índios aliados aos portugueses, cuja função<br />

seria defender a terra e a povoação dos portugueses dos ataques dos índios inimigos e dos<br />

estrangeiros. Na região da Bahia, os índios tupinambás (7) eram os senhores das terras,<br />

vivendo no litoral, são tidos por Anchieta como “(…) gente de mui pouca capacidade natural,<br />

se bem que para sua salvação têm, juízo bastante e não são tão boçais e rudes como por lá se<br />

imagina” 67 . No Espírito Santo habitavam os índios temiminôs (8) que haviam deixado o Rio<br />

de Janeiro por causa de seus inimigos, os tamoios (9), sendo que esses índios eram grandes<br />

aliados dos portugueses e ajudaram os mesmos quando estes deram assalto aos franceses e a<br />

seus aliados os tamoios. Quanto aos índios tamoios, Anchieta descreve que eles habitavam o<br />

62 Ibid., p. 46.<br />

63 Ibid., p. 13.<br />

64 Ibid., p. 20.<br />

65 Ibid., p. 18.<br />

66 Ibid., p. 21.<br />

67 ANCHIETA, Pe. José de. Informação da Província do Brasil para nosso Padre – 1585. Op. cit., p. 11.

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