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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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117<br />

“A maior honra que têm é tomar algum contrário na guerra e disto fazem mais caso que de matar,<br />

porque muitos dos que tomam os dão a matar a outros, para que fiquem com algum nome, (…).<br />

Naturalmente são inclinados a matar, mas não são cruéis: porque ordinariamente nenhum tormento dão<br />

aos inimigos, porque se os não mata no conflito da guerra, depois tratam-os muito bem, e contentam-se<br />

com lhes quebrar a cabeça com um pau, que é morte muito fácil, (…). Se de alguma crueldade usam,<br />

ainda que raramente e, com o exemplo dos portugueses e franceses” 28 .<br />

Anchieta também relata que os índios inimigos dos portugueses atacavam as<br />

povoações constantemente, e que nesses ataques eles destruíam os mantimentos (plantações),<br />

aprisionavam os cativos – não diz para que finalidade, mas provavelmente era para matar no<br />

ritual antropofágico, e que esses índios, levavam muitas mulheres, cuja finalidade seria não<br />

para serem mortas ritualisticamente, mas de serviram como mancebas a esses índios:<br />

“No ano passado deram em uma casa aqui junto da vila, e cativaram muitas mulheres que tinham saído<br />

de casa, e iam fugindo: embarcando-se nas canoas as levaram, mas entre aqueles uma mestiça, que<br />

freqüentava aqui a doutrina e confissões, com ânimo varonil resistiu aos inimigos para a não levarem, e<br />

como trabalhassem muito para a embarcar, e não podiam conseguir, a mataram com feias feridas, e é de<br />

supor que ela obraria com aquela intenção, que muitas vezes dizia às outras que andavam na mesma<br />

doutrina, principalmente um dia antes que a matassem, quando se despedira delas, a quem costumava<br />

dizer, que, se os contrários dessem em casa de seu padre e a cativassem, não havia de se deixar levar<br />

viva, para que a não tomassem por manceba, como faziam a todas as outras, porque se havia de deixar<br />

antes matar do que ir com eles, pois sabia de certo que corria perigo padecer força a sua castidade” 29 .<br />

3 – O autor descreve algum mito indígena? Se sim, qual e como o descreve?<br />

Com relação aos mitos indígenas, nota-se que Anchieta não se preocupa em descrevê-<br />

los/narrá-los, pois, além desse não ser o seu objetivo, grande parte desses mitos ia contra a<br />

doutrina cristã, a qual Anchieta tinha por missão converter os índios. Porém, em uma ocasião<br />

– nos escritos analisados – Anchieta descreve dois mitos indígenas, contudo, tem-se por<br />

detalhe, que esses dois mitos indígenas descritos por Anchieta, possuem dados que podem ser<br />

utilizados para corroborar a obra catequética entre os indígenas.<br />

O primeiro mito, que Anchieta relata, refere-se a que os índios: “Têm alguma notícia<br />

do dilúvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mão dos maiores e contam a história<br />

de diversas maneiras” 30 . Denota-se aqui, além da passagem bíblica do dilúvio, a tradição oral<br />

das tribos indígenas, pois as tribos indígenas do Brasil eram apócrifas, por isso as<br />

tradições/mitos eram passadas de geração a geração através de histórias que sofriam algumas<br />

mudanças, acréscimos e perdas em seu conteúdo. O segundo mito indígena, descrito por<br />

Anchieta, faz referência a um personagem da mitologia indígena chamado de “Çumé”, figura<br />

28 ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Op. cit., p. 46.<br />

29 ANCHIETA, Pe. José de. Carta ao Padre Geral, de São Vicente, em 1° de junho de 1560. Op. cit., p. 107-108.<br />

30 ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Op. cit., p. 50.

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