cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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4 – Com relação aos costumes e à cultura material do gentio, o que o autor descreve?<br />
Em relação à cultura material ele descreve que os indígenas constroem “as canoas a<br />
partir dum único tronco de árvore” 47 , que eles possuem potes de barros para armazenar água e<br />
alimentos, sendo que em algumas ocasiões estes potes são ornados com pedras preciosas, que<br />
possuíam por armas de guerra, arcos, flechas, tacape (que também era usado nas cerimônias<br />
antropofágicas), além de se utilizarem dos ossos dos inimigos para fazerem flautas, ou outros<br />
instrumentos para seu uso, também, relata que eles usavam dente de capivara para rasgar a<br />
pele do morto.<br />
Sobre os costumes indígenas, Knivet se mostra curioso quando relata dois índios<br />
totalmente enfeitados de penas de aves:<br />
“À primeira vista pensei que tivessem nascido cobertos de penas na cabeça e pelo corpo, como aves<br />
aér<strong>ea</strong>s. Tinham untado seus corpos com goma de tufos oleosos de balsamo e haviam recoberto tão<br />
habilmente com penas de diversas cores de modo a não se ver nem um só lugar da pele, a não ser<br />
penas” 48 .<br />
Também descreve o hábito dos índios, principalmente os homens, de furarem as<br />
orelhas, o lábio e a face, onde colocavam pedras preciosas. Relata também o costume da<br />
pintura corporal que os índios utilizavam, mas não a especifica. Com relação à guerra, ele não<br />
descreve nenhum preparativo para a ação bélica, só descreve que aos melhores guerreiros<br />
eram oferecidas muitas mulheres, como aconteceu com o próprio Knivet: “os tamoios<br />
ofereceram-me muitas mulheres, mas recusei-as, referindo-lhes que não era costume nosso<br />
casarmo-nos fora do nosso país” 49 . Em relação ao modo de vestir dos índios, ele assevera que<br />
na maior parte, andam todos nus, e que ele próprio andou nu, só com pequena cobertura<br />
vegetal nas partes baixas, por vergonha, quando viveu quase dois anos entre os tamoios. Sobre<br />
o ritual antropofágico ele diz que os índios não matam os prisioneiros no campo de batalha,<br />
mas lhe dão a um amigo, ou irmão, que o sacrifica e com isso, toma tantos nomes quantos<br />
forem o número de prisioneiros abatidos, sendo que as mulheres preparam uma bebida para a<br />
festa da matança do prisioneiro, mas Knivet não diz o nome dessa bebida, que é o cauim.<br />
47 Ibid., p. 21.<br />
48 Ibid., p. 60.<br />
49 Ibid., p. 85.<br />
Knivet relata o modo como foi recebido pelos indígenas da etnia puri em sua aldeia.<br />
“Assim que me aproximei duma grande casa, que julguei ser a do principal, ao qual chamam<br />
morubixaba, haviam pendurado uma bela rede entre dois moirões, ordenando-me nela sentar-me, e<br />
assim que me sentei, vieram pelo menos vinte mulheres, algumas pousando sua cabeça em meus<br />
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