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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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ombros, outras nos meus joelhos, e puseram-se a chorar, num alarido tão lamentoso, que me causou<br />

espanto, mas resolvi ficar calado e quieto até que elas tivessem terminado” 50 .<br />

Esse tipo de saudação, a saudação lacrimosa era um costume indígena largamente<br />

difundido no Novo Mundo, especialmente entre as etnias da família tupi. Além dessa<br />

saudação por parte das mulheres, Knivet relata, que após elas terem se retirado da cabana<br />

onde se encontrava, adentrou nela:<br />

“(…) um homem velho, todo pintado de vermelho e preto, tendo três grandes furos na face: um no lábio<br />

inferior e outros dois de cada lado de sua boca, e em cada um destes havia uma belíssima pedra verde.<br />

Este canibal atravessou a casa onde eu estava e com uma espada de madeira nas mãos, à medida que se<br />

aproximava, bradava em altas vozes, olhando como se fora um louco, batendo as mãos no peito e nas<br />

coxas; sempre gritando, andava de cá para lá. Quando este selvagem acabou seu discurso, deu-me uma<br />

pancada à cabeça, desejou-me as boas vindas e ordenou que os manjares que havia em sua casa fossem<br />

postos diante de mim para comê-los” 51 .<br />

Com relação à gravidez, entre os indígenas, Knivet descreve que:<br />

“Quando chega a época do parto de qualquer mulher, esta saí para fora de casa e logo que a criança<br />

nasce, o pai se deita na rede, como as mulheres fazem conosco no leito de nascimento, é visitado por<br />

todos os seus vizinhos, e suas esposas o servem muito diligentemente. Nenhum índio, enquanto sua<br />

mulher está grávida, poderá matar peixe ou caça fêm<strong>ea</strong>, pois acredita que o feto morrera em<br />

conseqüência dele matar em tais condições qualquer ser em criação” 52 .<br />

Uma descrição semelhante a esta é feita por Marco Pólo, quando este descreve os<br />

habitantes da província de Ardandam:<br />

“Nesta região existe o costume de que quando a mulher dá à luz, levanta-se o quanto antes da cama e se<br />

encarregue da administração da casa, enquanto seu marido passa onze dias na cama e cuida do recémnascido;<br />

a mãe não tem outra preocupação com a criança que lhe dar de mamar; entretanto, os amigos e<br />

parentes visitam o homem na cama” 53 .<br />

5 – O que o autor relata em relação às doenças que grassavam na Brasil?<br />

Em relação às doenças, Knivet descreve que grande parte dos índios de uma expedição<br />

que participava, morriam de uma doença comum em todas as regiões quentes: “com suores<br />

pelo corpo alquebrado; com vermes, que lhes consumiam as entranhas, definhando-se até a<br />

morte, sem saber de que mal se aniquilavam”, sendo que essa doença começava “com dores<br />

50 Ibid., p. 47.<br />

51 Ibidem.<br />

52 Ibid., p. 124.<br />

53 POLO, Marco. Libro de las cosas maravilhosas. Tradução de R. de Santaella. Barcelona, Calamvs<br />

Scriptorivs, 1982, p. 41 apud GIUCCI, Guillermo. Viajantes do maravilhoso: o Novo Mundo. Tradução de<br />

Josely Vianna Batista. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 95.<br />

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