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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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Deve-se em grande parte a Anchieta a difusão da devoção a Virgem Maria entre os<br />

índios, dado que a maioria dos autos em louvor a Mãe de Deus foi composta em língua geral,<br />

mas: “Também se lhes [índios] ensina a rezar particularmente, e para isto lhes damos rosários,<br />

para que dizendo muitas vezes Ave Maria tenham principal amor e devoção a Nossa<br />

Senhora” 10 . Foi também um dos responsáveis, senão o maior deles, pela tradução do<br />

catolicismo para a língua tupi, por meio da qual, figuras sagradas do cristianismo foram<br />

metamorfos<strong>ea</strong>das em heróis da mitologia tupinambá (Tupã com deus, Tupany como a virgem<br />

e etc.) 11 .<br />

Deixou vastíssima obra entre relatórios, cartas, poemas, autos, sermões e gramáticas, 12<br />

embora alguns textos a ele atribuídos sejam de outros jesuítas. Capistrano de Abreu foi o<br />

primeiro a publicar em 1886, as Informações e fragmentos históricos, reunindo vários textos<br />

anchietanos. Inúmeros outros publicariam, no século XIX e no seguinte, valiosos textos do<br />

jesuíta. Entre eles, a Informação dos casamentos dos índios do Brasil, no qual Anchieta,<br />

agindo como um etnólogo desvendou as regras de parentesco tupinambá.<br />

Seu modo de pregar e sua humildade tornaram-se quase um mito na época. Por isso,<br />

Anchieta ficaria, ainda em vida, celebre, como taumaturgo. Atribuem-se a Anchieta a autoria<br />

de muitos milagres, como o de “ter batizado um índio que acabara de ressuscitar ou de ter<br />

feito com que as flechas inimigas se pregassem no chão sem atingi-lo” 13 , também temos<br />

milagres relacionados à eucaristia, como o caso que o vinho tinha acabado, mas o fez achar<br />

novamente na vasilha vazia, ou quando as hóstias faltaram numa missa, e num breve espaço,<br />

fez elas r<strong>ea</strong>parecem 14 . Foi considerado venerável por Roma, e b<strong>ea</strong>tificado pelo Papa João<br />

Paulo II no ano de 1980. Com relação à figura (imagem) do padre José de Anchieta, temos a<br />

descrição do também padre jesuíta e primeiro cronista da Companhia de Jesus no Brasil,<br />

Simão de Vasconcelos:<br />

110<br />

“Foi o Padre José de Anchieta de estatura medíocre, diminuto em carnes, em vigor do espírito robusto e<br />

atuoso, em cor trigueiro, os olhos parte azulados, testa larga, nariz comprido, barba rara, mas no<br />

semblante inteiros, alegre e amável” 15 .<br />

10 ANCHIETA, Pe. José de. Carta ao Padre Geral, de São Vicente, em 1° de junho de 1560. In: OLIVEIRA,<br />

Antonio Carlos & VILLA, Marco Antonio (Orgs.). Cronistas do Descobrimento… Op. cit., p. 97-111, p. 103.<br />

11 VAINFAS, Ronaldo. Op. cit., p. 457.<br />

12 Uma compilação dos escritos do Padre José de Anchieta encontram-se em: LEITE, Serafim. História da<br />

Companhia de Jesus no Brasil. Tomo VIII. Rio de Janeiro: Instituto do Livro, 1949, p. 16-43.<br />

13 VAINFAS, Ronaldo. Op. cit., p. 457.<br />

14 VIOTTI, Pe. Hélio Abranches. Op. cit., p. 253.<br />

15 Ibid., p. 225.

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