cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
pois até esse momento da viagem ele não conviveu com os indígenas, portanto não sabia<br />
direito quem era esse personagem, contudo ele também pode ter associado esse “médico” a<br />
algum feiticeiro ou bruxo europeu, mas ele não deixa isso claro.<br />
Sobre a geografia fantástica, temos duas descrições. Uma diz respeito ao continente<br />
africano e a outro se refere à América. Sobre a primeira, temos que ao empreender uma fuga,<br />
Knivet chega a Angola, de onde almejava chegar à Turquia, para de lá ir a Jerusalém e depois<br />
voltar para casa (Inglaterra), mas para tal fim ele dizia que tinha de atravessar o país do<br />
lendário Preste João 79 . A questão relacionada à América diz respeito, a que muitos<br />
aventureiros, como o próprio Knivet o fez, tendem a descrever as distâncias entre os vários<br />
pontos conhecidos da América nesse período, como sendo muito pequenas. Knivet quando<br />
está a caminho da aldeia dos tamoios – onde os doze portugueses foram devorados – descreve<br />
ao achar alguns vasos com pedras incrustadas, que deveriam estar perto do Potosi, já na<br />
peregrinação que empreende com os mesmos tamoios em direção ao litoral, diz que passaram<br />
pela terra das amazonas, mas antes eles atravessaram a região de Tucumã, onde Knivet diz ter<br />
visto pigmeus entre os espanhóis. Sobre a questão geográfica:<br />
“Teodoro Sampaio observa que o Peru dos geógrafos quinhentistas abrangia três quintas partes do<br />
Brasil atual, entre o trópico do Capricórnio e o Equador e, portanto, viria ficar muito próximo de São<br />
Paulo, de cujo sertão tomaria boa parte, e próximo de Minas Gerais e do Maranhão atuais” 80 .<br />
Em relação à zoologia fantástica, temos muitas descrições. Para começar, como nos<br />
referimos acima, ao se deslocar junto com os tamoios em direção ao litoral (mar), Knivet<br />
narra que eles nessa peregrinação, atingiram “a terra das amazonas, às quais os silvícolas<br />
chamam mandiuçuiaras (tradução seria: pescadoras de mandis grandes segundo Teodoro<br />
Sampaio)” 81 , sendo que Knivet “quis persuadir os tamoios a dar combate às amazonas, mas<br />
não ousaram, alegando saber que o país delas é muito populoso, e que seriamos todos<br />
mortos” 82 . Nessa mesma peregrinação, Knivet nos relata que a região de Tucumã era habitada<br />
por pigmeus, sendo que ele diz ter visto “muitos deles entre os espanhóis no rio da Prata. Não<br />
são de fato tão pequenos como se diz aqui na Inglaterra; suas habitações, em Tucumã, são<br />
cavernas no chão” 83 . Relata ainda que em uma aldeia dos tamoios, o seu chefe Abauçanga<br />
79 Ibid., p. 95 e 161.<br />
80 Ibid., p. 81.<br />
81 Ibid., p. 87.<br />
82 Ibid., p. 88.<br />
83 Ibid., p. 147.<br />
81