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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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contra os tamoios (inimigos), onde diz que eram setecentos portugueses e dois mil indígenas<br />

que iam, em socorro dos guaianases (aliados), ou quando relata o número de cativos, feitos<br />

após o termino da guerra, como no caso, quando Martim Correia de Sá, atacou a aldeia dos<br />

tamoios, onde Knivet se encontrava, após ter vivido um ano e onze meses entre eles, e ter<br />

visto seus doze companheiros portugueses serem devorados pelos mesmos, ele relata que<br />

foram feitos vinte mil prisioneiros que foram repartidos entre os portugueses, sendo que,<br />

outros, dez mil desses índios, não importou serem mulheres, velhos ou crianças, foram<br />

massacrados por terem participado da morte dos doze portugueses 39 .<br />

A única vez que Knivet relata o modo de guerr<strong>ea</strong>r dos indígenas se dá quando ele<br />

passa um ano e onze meses entre os tamoios, que devoraram seus doze companheiros<br />

portugueses, e lhe pouparam a vida, por ter dito que era francês. Durante esse período de<br />

convivência, Knivet foi à guerra muitas vezes com os tamoios, onde diz que testemunhou:<br />

“(…) a maneira primitiva do combate indígena em que, sem nenhuma organização, se atiravam os<br />

selvagens sobre seus inimigos como touros, [dessa forma] ensinei-lhes a colocar-se em linha de batalha,<br />

a permanecer em emboscada, fazer retirada, forçar seus inimigos a cair numa armadilha” 40 .<br />

E ainda diz que era por causa desses meios, que ele ensinou aos indígenas, que eles<br />

levavam vantagem sobre os inimigos e que por isso, Knivet granjeou grande prestígio entre os<br />

tamoios, e que esses passaram a não ir mais a guerra alguma sem que ele (Knivet) estivesse<br />

junto deles. Por causa desse prestígio alcançado entre os tamoios, Knivet nos descreve outro<br />

costume que os índios possuíam com relação aos guerreiros valorosos, o de possuir muitas<br />

mulheres, pois relata que “os tamoios ofereceram-me muitas mulheres, mas recusei-as,<br />

referindo-lhes que não era costume nosso casarmo-nos fora do nosso país” 41 . Ainda com<br />

relação às guerras indígenas ele diz que quando foram combater os tupiniquins, estes fugiram,<br />

mas os tamoios não deixaram por isso mesmo, eles perseguiram os fujões e no caminho<br />

encontraram muitos velhos e mulheres que foram mortos à medida que iam sendo<br />

encontrados 42 , sem nenhum tratamento especial, pois estes não se mostraram valentes, mas<br />

covardes, pois fugiam em vez de lutar. Ou seja, Knivet não vê nenhuma organização nas<br />

guerras travadas pelos indígenas, tanto que ele se vangloria de ele ter dado tal organização aos<br />

índios, para estes lutarem no campo de batalha, sobre a racionalidade das guerras indígenas<br />

ele não diz nada de relevante, pois não refere em nenhum momento de seu relato, que essas<br />

guerras, em grande parte das vezes eram promovidas com o intuito de aprisionar guerreiros<br />

39 Ibid., 90.<br />

40 Ibid., 85.<br />

41 Ibidem.<br />

42 Ibid., 86.<br />

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