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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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Com relação ao trabalho missionário, Anchieta diz que havia impedimentos 16 para a<br />

conversão dos índios, sendo estes, os seus costumes inveterados como a poligamia, as<br />

constantes bebedeiras, a antropofagia, a inconstância dos índios, a falta de sujeição e de temor<br />

e inclusive os maus costumes que os portugueses cristãos apresentavam ou praticavam contra<br />

os índios: “O que mais espanta aos Índios e os faz fugir dos Portugueses, e por conseqüência<br />

das igrejas, são as tiranias que com eles usam obrigando-os a servir toda a sua vida como<br />

escravos, apartando mulheres de maridos, pais de filhos, vendendo-os, etc. (…)” 17 . Sobre a<br />

questão da inconstância dos índios, Anchieta relata que:<br />

111<br />

“Dos moços que (…) foram ensinados não só nos costumes cristãos, cuja vida quanto era mais diferente<br />

da de seus pais, tanto maior ocasião dava de louvar a Deus e de receber consolação, não queria fazer<br />

menção por não refrescar as chagas, que parecem algum tanto estar curadas; e daqueles direi somente,<br />

que chegando aos anos da puberdade, começaram a apoderar-se de si, vieram a tanta corrupção, que<br />

tanto excedem agora a seus pais em maldade, quanto antes em bondade, e com tanta maior senvergonha<br />

e desenfr<strong>ea</strong>mento se dão às borracheiras e luxurias, quanto maior modéstia e obediência se entregavam<br />

dantes aos costumes cristãos e divinas instruções” 18 .<br />

Anchieta diz que, “todos estes impedimentos e costumes são mui fáceis de se tirar se<br />

houver temor e sujeição, como se viu por experiência desde do tempo do governador Mem de<br />

Sé até agora (…)” 19 , ou seja, Anchieta alude a política de ald<strong>ea</strong>mentos como a melhor<br />

maneira de se trabalhar na conversão dos índios ao cristianismo.<br />

“Assim não há dúvida, que se acharia muito fruto neles se estivessem juntos, onde se pudessem<br />

doutrinar, de que se fez agora experiência na Bahia, onde juntos em umas grandes aldeias por mandado<br />

do governador, aprendem mui depressa a doutrina e rudimentos da Fé, e dão muito fruto, que durará<br />

enquanto houver quem os traga a viver naquela sujeição que temos” 20 .<br />

Nessas condições, segundo Anchieta, o trabalho de conversão não encontrava grandes<br />

dificuldades, pois os índios deixavam muito facilmente seus costumes que eram contrários à<br />

doutrina cristã, como comer carne humana, ter muitas mulheres, embriagar-se com seus<br />

vinhos, entre tantos outros, pois os índios nesses ald<strong>ea</strong>mentos, segundo Anchieta, “(…) ficam<br />

mui sujeitos a nossos padres como se fossem <strong>religiosos</strong> e lhes têm amor e respeito e não<br />

movem pé nem mãos sem eles” 21 . Sobre o zelo com que Anchieta e os outros padres<br />

cuidavam do trabalho missionário, vemos que muitas vezes eles cuidavam dos índios doentes<br />

16 ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Introdução de Leonardo<br />

Arroyo. São Paulo: Editora Obelisco, 1964, p. 50-51.<br />

17 Ibid., p. 52.<br />

18 ANCHIETA, Pe. José de. Carta ao Padre Geral, de São Vicente, em 1° de junho de 1560. Op. cit., p. 107.<br />

19 ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Op. cit., p. 51.<br />

20 ANCHIETA, Pe. José de. Carta ao Padre Geral, de São Vicente, em 1° de junho de 1560. Op. cit., p. 102.<br />

21 ANCHIETA, Pe. José de. Informação da Província do Brasil para nosso Padre – 1585. In: Notícia do Brasil.<br />

São Paulo: Fundação Projeto Rondon – MINTER/Ministério da Educação – SESU, s/d, p. 11-13, p. 13.

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