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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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Angola 13 , porém seu senhor, Salvador Correia de Sá, o mando resgatar e de Angola, ou mais<br />

especificamente do “reino de Anzico fui recambiado, em ferros, ao meu amo Salvador Correia<br />

de Sá, para a cidade de São Sebastião no Brasil” 14 .<br />

Knivet retornou a Europa junto de Salvador Correia de Sá no ano de 1602, trabalhou<br />

por nove meses em sua casa e depois “queria regressar a Inglaterra na esperança de conseguir<br />

aí um meio de recomeçar minha vida em forma decente” 15 , mas não o pode fazer por vários<br />

motivos, por isso passou a viver na alfândega r<strong>ea</strong>l, no meio das pessoas que lhe proporcionam<br />

sustento, conquanto num dia, Knivet, relata que esbarrou com uma pessoa que lhe disse que<br />

seu amo, Salvador Correia de Sá, ordenava-lhe voltar para sua casa, mas Knivet não deu<br />

importância para tal recado, o que acarretou, segundo ele, que seus, “velhos confrades, a<br />

prisão e a miséria, apareceram-me de novo” 16 . Knivet foi preso e posto em uma masmorra,<br />

onde, através “de uma fimbria de claridade subindo pelas paredes” 17 , começou a gritar a sorte<br />

que tinha, contudo ninguém o podia ajudar. Dessa forma, Knivet encerra seu relato, sem dizer<br />

como conseguiu sair ou escapar da prisão e como conseguiu regressar a Inglaterra, o que<br />

sabemos é que ele regressou a Inglaterra, de onde publicou, através de Samuel Purchas, no<br />

ano de 1625 seu relato sobre suas façanhas no Novo Mundo 18 .<br />

Segundo Ronaldo Vainfas, Knivet: “é um dos poucos a considerar desfavoravelmente<br />

o comportamento dos europeus na América, incitando os índios a r<strong>ea</strong>girem contra os<br />

portugueses, gente capaz de ‘crueldade sanguinária’, no entender do pirata inglês” 19 , por isso<br />

“muitas vezes preferiu Knivet, conforme suas próprias palavras, aventurar-se entre os índios<br />

antropófagos a ficar à mercê do colonizador, cuja crueldade se tempera ao sabor das<br />

exigências do meio” 20 , ou quando foge por ter ferido o feitor do engenho e encontra um índio,<br />

que chama de Guaraciaba, que tinha matado outro índio, e se encontrava na mesma situação<br />

da de Knivet, dizendo que: “preferíamos cair sob as garras duma fera, ou de uma víbora, do<br />

que às mãos sanguinárias dos portugueses” 21 .<br />

É durante essa fuga junto de um índio, que Knivet, ao aportar na aldeia onde fora,<br />

traficar pela primeira vez, como escravo dos portugueses, a qual é da etnia dos guaianases,<br />

13<br />

Knivet relata no capítulo 7, sua passagem por Angola, descrevendo costumes e práticas dos negros, a<br />

organização dos reinos, a crueldade com que os portugueses tratavam os negros, entre outros assuntos. Ibid., p.<br />

155-164.<br />

14<br />

Ibid., p. 163.<br />

15<br />

Ibid., p. 121.<br />

16<br />

Ibid., p. 121-122.<br />

17<br />

Ibid., p. 122.<br />

18<br />

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial 1500-1808. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2000, p. 43.<br />

19 Ibid., p. 42.<br />

20 KNIVET, Anthony. Op. cit., p. 10.<br />

21 Ibid., p. 55.<br />

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