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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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historiadores e cartógrafos, sem que tivesse estado familiarizado com os seus respectivos domínios do<br />

saber; lido, com entusiasmo, por jovens e velhos, sem haver pertencido a qualquer linhagem de<br />

escritores profissionais” 26 .<br />

Sobre esta obra, podemos dizer que ela “narra os infortúnios pessoais de Staden,<br />

documenta os costumes dos tupinambás e descreve as características da flora e da fauna da<br />

região por eles habitada e dominada” 27 , sendo ela escrita em primeira pessoa, porém a<br />

configuração visual, ou seja, as xilogravuras, que foram feitas sobre a orientação do próprio<br />

Staden, para tornar o relato mais verossímil – “essas imagens respondem ao desejo de<br />

construir a r<strong>ea</strong>lidade e demonstram o encontro da experiência do viajante com as coisas que<br />

lhe são reveladas” 28 (choque cultural) –, se apresentam na terceira pessoa, contudo não existe<br />

correspondência entre as ilustrações e a divisão dos textos em capítulos. Ainda, para Giucci, o<br />

relato de Staden, desmistifica a América “em relação ao modelo do maravilhoso que a<br />

recobria e deformava, como reconhecida em sua singularidade e em sua diferença radical com<br />

o referente europeu” 29 .<br />

1 – Com relação à prática antropofágica:<br />

a) Como o autor descreve (narra) o ritual antropofágico?<br />

Com relação ao ritual antropofágico, Hans Staden, o descreve em duas oportunidades,<br />

embora em muitas outras partes do livro, ele narre os índios comendo carne humana, ele não<br />

descreve o ritual que levou esses índios a comer seus contrários. A primeira descrição que ele<br />

faz se refere à morte de um prisioneiro da etnia maracajá (que não habitava na mesma aldeia<br />

de Staden, e sim na de aliados desses), onde Staden descreve com minúcias, desde a<br />

preparação, até a execução e o modo como eles preparavam o prisioneiro para seu consumo.<br />

A segunda descrição que faz é a da morte de um índio carijó, que habitava a mesma aldeia<br />

que ele, mas segundo Staden, ficava constantemente o caluniando aos seus donos, e por isso<br />

adoeceu e como não melhorou os tupinambás o executaram, antes que morresse em<br />

decorrência da doença que tinha, contudo dessa vez, Staden não narra o modo como o<br />

prisioneiro foi morto da mesma forma que fez anteriormente. Podemos aventar a hipótese, que<br />

Staden, narrou o primeiro caso com mais detalhes, porque esse seria o modo que ele iria<br />

morrer, mas também porque foi o primeiro caso que vislumbrou, pois devemos lembrar que<br />

26 ADRÄ, Helmut. Op. cit., p. 291.<br />

27 GIUCCI, Guillermo. Op. cit., p. 214.<br />

28 BELLUZO, Ana Maria. Op. cit., p. 48.<br />

29 GIUCCI, Guillermo. Op. cit., p. 215.<br />

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