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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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Sobre sua vinda para São Vicente, Nóbrega relata que antes de sua vinda, junto de<br />

outros padres, tinha-se proibido comer carne humana, mas diz que essa proibição foi feita de<br />

tal modo que “ainda que a comessem, não se fazia nada por isso” 34 , sendo esse o motivo,<br />

segundo Nóbrega, por que esse costume ainda existia nessa região. Diz, ainda que os colonos<br />

queriam repartir entre si os índios dos ald<strong>ea</strong>mentos onde os padres lhes ensinavam a doutrina<br />

cristã, para que estes lhes servissem como escravos, e afirmava que se isso acontecer, muitos<br />

desses índios vão fugir da doutrina crista lhes ensinada e voltariam a viver de acordo com<br />

seus antigos costumes, como comer carne humana 35 .<br />

Desse modo podemos dizer que o padre Manuel da Nóbrega não relata a prática<br />

antropofágica pormenorizadamente – em seus escritos –, ou seja, descreve o ritual, não<br />

porque não quer, ou porque não o tenha visto, pois temos que ele esteve presente em um<br />

desses rituais e viu como os prisioneiros eram mortos, mas porque isso não lhe interessava<br />

narrar, pois esse ritual ia contra o seu objetivo que era converter os índios ao cristianismo,<br />

sendo que para tal fim, Nóbrega dizia que era necessário extirpar alguns costumes dos índios,<br />

sendo que a prática antropofágica era um deles, por isso ele não se preocupa em narrar tal<br />

costume, mas logo após dizer que os índios comiam carne humana ele se refere a que era<br />

necessário proibir, sujeitar e punir os índios que praticavam tal ato.<br />

b) Há referência ou não à antropofagia funerária.<br />

Nos relatos analisados do Padre Manoel da Nóbrega não há nenhuma referência, nem<br />

mesmo um indício sobre a prática desse tipo de antropofagia. Sendo esta prática antropofágica<br />

associada aos grupos indígenas chamados de tapuias (grupos jê) – estes achavam que seu<br />

estômago era melhor sepultura para seus parentes e amigos do que a terra –, e que os padres<br />

jesuítas dedicaram seu esforço na conversão dos grupos de língua tupi, provavelmente, não<br />

apenas Nóbrega, mas os padres da Companhia de Jesus estiveram em poucas oportunidades<br />

em meio a esses índios, por isso não observando tal prática.<br />

c) Existe referência à participação de elementos não indígenas, ou seja, europeus, no ritual<br />

antropofágico, mas sem ser no papel de vítima?<br />

O padre Manuel da Nóbrega, na carta escrita “A Tomé de Sousa, Portugal. Baía 5 de<br />

julho de 1559”, denúncia que alguns cristãos, em vez de tirar os pecados do mundo, os estão<br />

34 NÓBREGA, Pe. Manuel da. A Tomé de Sousa, Portugal… Op. cit., p. 332.<br />

35 Ibid., p. 341-342.<br />

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