20.04.2013 Views

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nenhum desses <strong>cronistas</strong> procura algum vestígio já existente/conhecido na literatura européia<br />

para explicar/narrar (procurar entender) à antropofagia indígena, contudo cada um dos<br />

<strong>cronistas</strong> descreve a antropofagia de um modo: Nóbrega procura não descrever a antropofagia<br />

e quando faz isso procura não a entender, porque essa prática indígena vai contra o motivo<br />

que o trouxe ao Brasil, a conversão do gentio ao cristianismo; Anchieta descreve a<br />

antropofagia, não no sentido de tentar entendê-la, mas para mostrar que os padres estão<br />

trabalhando para extirpá-la, pois ela vai contra os princípios cristãos. Desse modo Anchieta<br />

descreve a morte do índio em terreiro e para por aí, ou seja, não descreve que os índios<br />

comem a carne do morto; Staden descreve a antropofagia no sentido de tentar entender a<br />

alteridade que se apresenta frente a seus olhos, a qual é diferente em vários aspectos da<br />

européia, cuja qual se constitui no seu referencial; Knivet descreve a antropofagia de um<br />

modo similar ao de Staden, ou seja, procura através de sua descrição, observar e distinguir<br />

uma alteridade que se personifica no elemento indígena, o qual difere de seu referencial<br />

europeu.<br />

Com relação à descrição dessas categorias nas obras desses <strong>cronistas</strong>, temos que:<br />

Anchieta, Nóbrega e Staden não fazem referência a nenhum elemento da geografia fantástica,<br />

ao contrário de Knivet que cita o lendário reino católico de Preste João. Sobre a zoologia<br />

fantástica, Anchieta e Nóbrega não fazem referência alguma, já Staden se refere, a animais<br />

que não pertencem à fauna americana, mas não no sentido de reencontrar algum animal<br />

mitológico, ao contrário de Knivet, que faz inúmeras referências, em sua obra, a animais<br />

fantásticos (mitológicos) e monstros. Quanto ao maravilhoso, Anchieta, Nóbrega e Staden não<br />

descrevem em seus relatos, façanhas extraordinárias, nem riquezas fabulosas, o que se<br />

assemelha ao maravilhoso nesses relatos são as descrições que fazem sobre as manifestações<br />

do poder de Deus, os padres ainda relatam milagres por ele r<strong>ea</strong>lizados, a fim de mostrar que<br />

Deus estava ao lado dos padres e Anchieta ainda faz descrições de relíquias que vieram ao<br />

Brasil. Em contrapartida, o maravilhoso marca forte presença na obra de Knivet, as descrições<br />

sobre riquezas extraordinárias são freqüentemente aludidas, principalmente durante suas<br />

peregrinações pelo interior (sertão).<br />

8 – O autor faz alguma ligação entre a antropofagia e a cosmologia indígena?<br />

Nenhum dos quatro <strong>cronistas</strong> descreve ou relata a existência de alguma ligação entre a<br />

prática antropofágica e a cosmologia indígena, nem mesmo relatam uma concepção indígena<br />

sobre tal ato (mito de origem), como a questão dessa ser a morte id<strong>ea</strong>l, almejada por todo<br />

160

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!