cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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A par desta questão, temos que o primeiro documento cartográfico, no qual as Novas<br />
terras, que aparecem na forma de uma gigantesca ilha, ostentam o nome de América é o mapa,<br />
datado de 1507, do alemão Martin Waldseemüller, cognominado: Universalis Cosmographia<br />
secundum Ptolomaei traditionem et Americi Vespucii aliorumque lustrationes 10 .<br />
A convicção de Colombo de que estas terras faziam parte das Índias se dá porque ele<br />
sabe de antemão o mundo que vai encontrar. O objetivo dessa primeira viagem era encontrar<br />
o Grande Cã ou imperador da China, ou seja, achar o já conhecido, o Oriente, mas por uma<br />
rota diferente (desconhecida): a navegação para oeste, antes tida, por vários motivos, como<br />
impossível de ser r<strong>ea</strong>lizada, agora se apresentava como uma alternativa viável de ser<br />
r<strong>ea</strong>lizada. Dentre esses motivos, destacam-se a falta de técnicas auxiliares de navegação que<br />
impossibilitavam a navegação em alto mar, sendo que a maioria esmagadora das viagens<br />
nesse período era feita por cabotagem, mas também porque se considerava essa distância, não<br />
intransponível, mas muito grande, sendo que nenhum navio da época poderia carregar e<br />
armazenar suprimentos suficientes para completar essa travessia 11 .<br />
Colombo, para tornar seu projeto viável, precisava provar que a navegação para oeste<br />
era r<strong>ea</strong>lizável e para isso se debruçou sobre inúmeras obras acerca deste tema. Nestas obras<br />
eram utilizadas inúmeras unidades de medidas, como a milha romana e a árabe, mas não se<br />
tinha a preocupação de defini-las 12 . A par disso, Colombo em sua análise chegou à conclusão<br />
de que o mundo era menor do que se pensava. O mundo de Colombo era três quartos do r<strong>ea</strong>l,<br />
ou seja, a distância entre o ponto de partida – Espanha – e o de chegada – Índias (Oriente) –<br />
era menor do que comumente era imaginado, o que tornava seu projeto de viagem r<strong>ea</strong>lizável.<br />
Projeto que se apresentava de forma simples e objetiva: Colombo pretendia atravessar o<br />
oc<strong>ea</strong>no Atlântico, via Ocidente, e chegar à província de Catai na China, que se encontrava sob<br />
o domínio do Grande Cã, a qual, aliás, fica ao lado do Reino cristão do Preste João, e se fosse<br />
possível ele poderia voltar à Espanha pelo Oriente, através do Ganges, pela península arábica<br />
e de lá seguiria por terra para Jerusalém e Jaffa, onde embarcaria rumo a Espanha 13 .<br />
Durante a viagem, Colombo interpreta os sinais que a natureza lhe apresenta (em seu<br />
entorno) em função de seus interesses ou dos resultados ao qual deve chegar (atingir):<br />
“No mar, todos os sinais indicam a proximidade da terra, já que Colombo assim o deseja. Em terra,<br />
todos os sinais revelam a presença de ouro: aqui também, sua convicção já estava formada há muito<br />
10 O’GORMAN, Edmundo. A invenção da América: reflexão a respeito da estrutura histórica do Novo Mundo<br />
e do sentido do seu devir. Tradução de Ana Maria Martinez Corr<strong>ea</strong> e Manoel Lelo Belloto. São Paulo: Editora da<br />
Universidade Estadual Paulista, 1992, p 175/6. e GIUCCI, Guillermo. Op. cit., p. 149.<br />
11 KONING, Hans. Op. cit., p. 24.<br />
12 Ibid., p. 25.<br />
13 MAHN-LOT, Marianne. Op. cit., p. 80.<br />
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