cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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eligião crista, sendo que outros costumes que os índios possuíam eram utilizados pelos<br />
padres, logicamente recebendo algumas adaptações, em prol da conversão do gentio. Os<br />
padres também controlavam os índios:<br />
143<br />
“(…) a obediência que tem é muito para louvar a Nosso Senhor, porque não vão fora sem pedir licença,<br />
porque lho temos assim mandado por sabermos aonde vão, pêra que não vão comunicar, ou comer carne<br />
humana, ou embebedar-se a alguma Aldeia longe; e se algum se desmanda é preso e castigado pelo seu<br />
meirinho, e o Governador faz deles justiça como de qualquer outro cristão e com maior liberdade” 64 .<br />
Ainda existem os costumes ou como Nóbrega se refere, pecados ensinados aos índios<br />
pelos colonos. O principal desses seria que os cristãos (colonos) ensinaram ao “gentio a<br />
furtar-se a si mesmos e venderem-se como escravos” 65 ou, como ocorreu na Bahia, Ilhéus e<br />
Porto Seguro, onde os índios aliados foram ensinados a não se venderem, mas a vender os do<br />
“sertão que vem ao mar fazer sal, os salt<strong>ea</strong>ssem e os vendessem e assim praticaram porque a<br />
rapina lhes parece bem à rapina que os cristão lhes ensinaram” 66 .<br />
5 – O que o autor relata em relação às doenças que grassavam na Brasil?<br />
Com relação às doenças, Nóbrega não descreve nenhuma através de uma designação<br />
(nome), também não relata sintomas dessas doenças, com uma única exceção, que se refere ao<br />
episódio em que relata que o padre João Gonçavez ao ir pregar em uma aldeia, batizar as<br />
crianças e rezar a missa no dia de Nossa Senhora, acabou pegando uma grande febre da qual<br />
veio a falecer 67 .<br />
Com relação aos índios, diz que alguns “vinham pedir-nos saúde; outros nos rogavam<br />
lhes não deitássemos a morte, com medo de nós, porque a eles parecia-lhes que lançávamos a<br />
morte” 68 , desse modo alguns índios não deixavam os padres irem a suas aldeias para<br />
pregarem, para tanto queimavam sal e pimenta, de modo que os padres não podiam adentrar<br />
em suas aldeias, por causa da fumaça que a queima dessa mistura provocava. Já outros índios,<br />
ficam em grande gratidão com os padres, pois estes evitavam com suas orações a morte de<br />
alguns índios, como na caso da filha de um chefe, que se encontrava muito doente, e que o<br />
chefe a levou aos padres para estes darem a ela saúde, sendo que com as orações, ela dentro<br />
de poucos dias estava recuperada 69 .<br />
64<br />
Ibid., p. 296.<br />
65<br />
NÓBREGA, Pe. Manuel da. A Tomé de Sousa, Portugal… Op. cit., p. 326.<br />
66<br />
Ibid., p. 327.<br />
67<br />
NÓBREGA, Pe. Manuel da. Ao P. Miguel de Torres e Padres de Portugal… Op. cit., p. 305-306.<br />
68<br />
Sem Autor. Carta dos Meninos do Colégio de Jesus da Baía ao P; Pedro Domenech… Op. cit., p. 143.<br />
69 Ibid., p. 147.