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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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possuía cento e vinte anos de idade e que ainda se encontrava rijo, sendo que ele acompanhou<br />

os portugueses ao campo de batalha contra os guaiatases 84 .<br />

patagônia:<br />

Com relação à viagem rumo ao Estreito de Magalhães, Knivet relata que na região da<br />

“(…) habitam gigantes de quinze e dezesseis palmos de altura. Asseguro que lhes vi as pegadas na<br />

praia, as quais excediam em comprimento a quatro pés de um dos nossos homens; vi ainda dois deles<br />

que haviam sido sepultados recentemente, um dos quais tinha catorze palmos de comprimento” 85 .<br />

Ainda diz que encontrou um desses gigantes no Brasil, sendo ele “apenas um<br />

adolescente e assim mesmo tinha mais de treze palmos de altura” 86 , além de ter ouvido<br />

comentários de que esses gigantes arremessavam, com cordéis, pedras enormes nos navios, o<br />

que é para o tradutor, nada mais do que uma “reminiscência clássica das fabulas de Homero,<br />

Ovídio e Virgilio, com referência aos Lestigones e aos Ciclopes” 87 . Ainda sobre os gigantes,<br />

Knivet diz que eles andam inteiramente nus, usam cabelos longos até os ombros, e são bem<br />

proporcionados, contudo “julgam os portugueses e os espanhóis, não são melhores do que os<br />

demais comedores de carne humana do Brasil” 88 .<br />

Em outro porto, o da fome, que se localiza na parte meridional do Estreito de<br />

Magalhães – que nada mais é do que a Ciudad R<strong>ea</strong>l de Filipe ou Filipolis, fundada em 1582<br />

por Pedro Sarmiento de Gamboa, por ordem de Filipe II, no intuito de assegurar à Espanha a<br />

posse da passagem desse estreito 89 –, segundo Knivet:<br />

“(…) vive uma tribo de canibais esquisitos, pequenos de corpo, não tendo mais que cinco a seis palmos<br />

de altura, muito fortes e atarracados; sua boca é excessivamente grande, chegando até quase às orelhas;<br />

comem por assim dizer a carne crua, pois nada mais fazem do que chamuscá-la de leve ao fogo e assim<br />

a trituram; com o sangue que lhes escorre da boca besuntam todo o rosto e o peito e deitam-lhe<br />

pequenas penas que grudam a este sangue como se tivessem posto gelatina sobre a pele” 90 .<br />

Estes canibais esquisitos, por medo de serem aprisionados, não permitiam uma<br />

aproximação, e utilizavam uma vara longa para efetuar as trocas. Eles, mesmo com o frio<br />

intenso que faz na região, andam nus, exceto alguns que usam peles de faca ou de algum outro<br />

animal selvagem da região.<br />

Logo depois de ser abandonado no Brasil, mas antes de ser capturado pelos<br />

portugueses, Knivet, relata que viu:<br />

84 Ibid., p. 92.<br />

85 Ibid., p. 151.<br />

86 Ibid., p. 152.<br />

87 Ibid., p. 151.<br />

88 Ibid., p. 152.<br />

89 Ibid., p. 28.<br />

90 Ibid., p. 152-153.<br />

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