cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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Rio de Janeiro e o Cabo Frio, sendo estes índios “antes amigos dos portugueses se levantaram<br />
contra eles por grandes agravos e injustiças que lhes fizeram, e receberam os franceses, dos<br />
quais nenhum agravo receberam” 68 , sendo que praticavam comercio com os franceses, em<br />
troca de pau-brasil, pássaros, pimenta, entre outros produtos, recebiam armas de fogo, roupas,<br />
contas de vidro, machados e ajuda para dar guerra aos portugueses e seus aliados os<br />
tupiniquins que eram inimigos dos tamoios. Com relação aos índios carijós, diz que são gente<br />
“mui mansa e capaz das cousas de Deus; estes estão já debaixo do poder do Imperador<br />
(…)” 69 , contudo este Imperador era o de Espanha, pois disse que habitavam a Lagoa dos Patos<br />
(atual estado de Santa Catarina), cuja região sempre foi de conquista de Castela 70 , ainda diz<br />
que esses índios “por não se comer carne humana e por ser mais chegados a razão, esperamos<br />
em o Senhor que quando forem visitados se fará maior proveito e mais firme” 71 .<br />
Anchieta ainda relata uma tribo indígena que chama Ibirajáras (10), sendo que a esta<br />
tribo foi enviado o irmão Pero Corrêa com mais outros dois irmãos (cujos nomes não são<br />
citados, mas adiante um dos dois é identificado com irmão João de Sousa o outro não é<br />
identificado), pois se tinha notícia que esses índios se diferenciavam em muitos aspectos dos<br />
outros índios, por que: “(…) são muito chegados a razão, porque obedecem a um senhor e não<br />
têm mais de uma mulher, nem comem carne humana, nem têm idolatria nem feitiçaria<br />
alguma” 72 . Sendo que esses índios, a princípio receberam bem os padres e favoreceram o<br />
trabalho entre eles, até o dia em que:<br />
126<br />
“(…) mataram um contrário com suas festas costumadas, e o irmão assim enfermo como estava<br />
trabalhava com muitas razões e a apartá-los disto, dizendo-lhes quantas cousas Deus Nosso Senhor<br />
havia criado no mar e a terra para seu mantimento, e depois se foi a suas casas e lhes tomou um pedaço<br />
de carne que achou posta ao fumo. Eles lhe tomaram por isso grande ódio, o enfermo como estava se<br />
veio (…) estando já apartados das povoações, começaram a flechar o irmão Sousa, que (segundo dizem)<br />
se pos de joelhos louvando ao Senhor, e assim o mataram. O Irmão Pero Correia, vendo isto, lhes<br />
começou a falar, e a resposta deles era flechadas; ele todavia esteve falando com eles um pedaço<br />
recebendo-as, até que, não podendo mais sofrê-las, deixou o bordão que trazia e se pos de joelhos,<br />
encomendado sua alma ao Senhor, e assim morreram nossos dois irmãos: bendito seja o Senhor. A nós<br />
outros muito consolação nos causou sua morte e pedimos outra semelhante ao Senhor (…)” 73 .<br />
7 – Com relação ao maravilhoso, a zoologia e a geográfica fantástica. O que o autor descreve?<br />
68<br />
ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Op. cit., p. 23.<br />
69<br />
ANCHIETA, Pe. José de. Carta aos Padres e Irmãos da Companhia de Jesus em Portugal, de Piratininga,<br />
1555. In: Op. cit., p. 5.<br />
70<br />
ANCHIETA, Pe. José de. Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584). Op. cit., p. 12.<br />
71<br />
ANCHIETA, Pe. José de. Carta aos Padres e Irmãos da Companhia de Jesus em Portugal, de Piratininga,<br />
1555. In: Op. cit., p. 6.<br />
72 Ibidem.<br />
73 Ibid., p. 7.