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cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

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exemplo, Hans Staden presenciou um ritual antropofágico quando se encontrava prisioneiro<br />

dos tupinambás. Após esta parte que concerne aos costumes indígenas, temos a última parte<br />

do texto que é a de narrar como eles (<strong>cronistas</strong>) sobreviveram a esta experiência e<br />

empreendem a viagem de voltam à Europa.<br />

Com relação às obras dos <strong>cronistas</strong> <strong>religiosos</strong>, pertencendo eles a Companhia de Jesus:<br />

“A Companhia de Jesus foi fundada para difundir a palavra especialmente a povos que não a<br />

conheciam (…). Dirigem-se a homens que não são, portanto, iguais a si – e quer transformá-<br />

los para incorporá-los à cristandade” 167 , temos que grande parte de seus escritos se<br />

apresentam na forma de cartas, mas também existem livros como o do Pe. Fernão Cardim.<br />

Sobre as cartas, podemos dizer que elas relatam diversos fatos – entre eles a antropofagia –<br />

que visam informar aos superiores da ordem que se encontram na Europa, sobre as<br />

ações/decisões que são tomadas aqui no Novo Mundo, porém segundo Serafim Leite,“o<br />

âmbito das cartas ultrapassa a história de uma instituição” 168 . Segundo José de Eisenberg, as<br />

cartas jesuíticas eram reguladas pela instituição epistolar, além de terem sido o principal meio<br />

de organização e controle das atividades da ordem, formaram o principal meio onde os<br />

jesuítas formularam justificativas para suas estratégias missionárias e suas atividades<br />

políticas 169 . “Esta correspondência da ordem circulava em dois sentidos, da hierarquia na<br />

Europa às províncias em todo o mundo, e dessas províncias as autoridades eclesiásticas<br />

européias” 170 .<br />

“A instituição epistolar era a espinha dorsal da empresa missionária jesuítica do século XVI. Esse era o<br />

meio de comunicação institucional da ordem, contendo todos os relatos os acontecimentos nas casas<br />

jesuíticas e as notícias da colônia em geral. Mesmo silêncios e omissões nas cartas contam algo a<br />

respeito da atividade jesuítica, aquilo que não deveria ser dito precisava ser ocultado” 171 .<br />

Nessas cartas os padres concebem como possível à conversão dos índios ao<br />

cristianismo, porque na concepção deles, os índios eram filhos de Deus e por isso possuíam<br />

alma. Pensamento contrário era apresentado pelos indivíduos que pretendiam escravizar os<br />

índios, pois para eles os índios não possuíam alma (esse é na concepção dos padres o atributo<br />

humano mais nobre) 172 , e por isso eram seres inferiores, passíveis de serem subjugados à<br />

escravidão. Nestas cartas os jesuítas também demonstram que alguns índios já se<br />

converteram, mas mesmo assim, diziam que era importante criar condições extrínsecas aos<br />

167 NEVES, Luiz Felipe Baêta. Op. cit., p. 45.<br />

168 LEITE, Serafim. Novas Cartas Jesuíticas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1952, p. 11.<br />

169 EISENBERG, José de. Op. cit., p. 19-20.<br />

170 Ibid., p. 46.<br />

171 Ibid., p. 49.<br />

172 LEITE, Serafim. Op. cit., p. 14.<br />

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