cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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De uma maneira geral, podemos dizer que essas diferenças apontam uma tendência no<br />
sentido de distinguir os <strong>cronistas</strong> <strong>leigos</strong> – Staden e Knivet – dos <strong>cronistas</strong> <strong>religiosos</strong> –<br />
Nóbrega e Anchieta. Embora também haja diferença entre as descrições de Staden e Knivet<br />
(<strong>leigos</strong>) e de Nóbrega e Anchieta (<strong>religiosos</strong>). Um dos principais motivos dessa diferença(s)<br />
entre as descrições dos <strong>cronistas</strong> <strong>leigos</strong> e <strong>religiosos</strong>, pode ser vislumbrado na descrição do<br />
ritual antropofágico, pois os <strong>cronistas</strong> <strong>leigos</strong> – Staden e Knivet – ao descrever a antropofagia<br />
procuram entender a sua lógica, ou seja, eles interpretam tal prática indígena, pois não tinham<br />
a preocupação que a antropofagia representasse uma crença (religião) para os indígenas, ao<br />
contrário dos <strong>religiosos</strong> – Nóbrega e Anchieta – que procuram, ao descrever a antropofagia,<br />
não a interpretar, pois se a antropofagia se constituísse numa crença (religião) para os<br />
indígenas, todo o projeto de catequização estaria comprometido, dessa forma, eles procuram<br />
mostrar que a antropofagia não passava de um costume, um mau costume (hábito) que os<br />
índios tinham e que precisava ser extirpado, pois ia contra a religião cristã. Dessa forma a<br />
antropofagia não se constituía numa barreira a conversão dos índios, pois estes não tinham,<br />
para os padres, nenhuma crença (religião), apenas maus costumes, que podiam, com a<br />
intervenção dos padres, serem facilmente eliminados.<br />
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