cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia
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Padre José de Anchieta, SJ.<br />
O padre José de Anchieta nasceu no ano de 1534, em San Cristóbal de la Laguna,<br />
capital de Tenerife, nas ilhas Canárias. Transferiu-se, no ano de 1548, para a cidade<br />
portuguesa de Coimbra, onde iniciou seus estudos na Universidade de Coimbra. Aos<br />
dezessete anos de idade, no ano de 1551, ingressou na Companhia de Jesus na condição de<br />
noviço. Nessa mesma condição, dois anos depois (1553), desembarcou em solo brasílico, na<br />
Bahia, junto da terceira leva de jesuítas, chefiados pelo padre Luiz da Grã, com o segundo<br />
governador geral Duarte da Costa. 1 Anchieta recebeu as ordens sacras na Bahia no ano de<br />
1565. Faleceu em nove de julho de 1597, vinte anos depois de ter assumido o posto de<br />
Preposto Geral da Província do Brasil em 1577 2 , em Reritiba, cidade do Espírito Santo que<br />
hoje leva seu nome, “onde três anos antes assumiria, já velho e doente dos pulmões, cargo de<br />
superior do colégio inaciano local. Anchieta foi ao lado de Nóbrega, verdadeiro artífice da<br />
missão quinhentista” 3 .<br />
Anchieta foi antes de tudo, um incansável missionário, quer no tocante a catequese dos<br />
índios, quer quanto à ação educacional junto aos filhos dos colonos e a formação de quadros<br />
para a Companhia de Jesus. Em 1554, fundou, junto de mais doze jesuítas, o colégio de São<br />
Paulo de Piratininga, onde foi mestre de gramática latina. Por incumbência do Pe. Manuel da<br />
Nóbrega, de quem foi secretário, compôs a gramática tupi nos moldes da latina. Esta<br />
gramática já se encontrava pronta no ano de 1556, e nesse mesmo ano foi “levada por<br />
Nóbrega (…) para a Bahia, facilitou ela extraordinariamente a aprendizagem da língua geral<br />
pelos novos missionários recém vindos da metrópole” 4 . Esta gramática se tornou uma peça<br />
fundamental para o trabalho r<strong>ea</strong>lizado pelos padres junto aos indígenas, contudo esta<br />
gramática somente foi publicada no ano de 1595 em Coimbra, pouco antes do falecimento de<br />
seu autor, com o título Arte da Gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Outro dado<br />
interessante, com relação a essa obra de Anchieta, é que ela, “foi a segunda gramática de uma<br />
língua vernácula a ser composta no mundo ibérico, sendo somente precedida pela Gramática<br />
de La Lengua Castelhana, escrita por Antônio de Nebrija, meio século antes” 5 .<br />
1 OLIVEIRA, Antonio Carlos & VILLA, Marco Antonio (Orgs.). Cronistas do Descobrimento. São Paulo:<br />
Ática, 1999, p. 91.<br />
2 VIOTTI, Pe. Hélio Abranches. Anchieta: O Apóstolo do Brasil. 2ª. edição. São Paulo: Edições Loyola, 1980,<br />
p. 213.<br />
3 VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial 1500-1808. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2000, p. 458.<br />
4 VIOTTI, Pe. Hélio Abranches. Op. cit., p. 61.<br />
5 EISENBERG, José de. As missões jesuíticas e o pensamento político moderno: Encontros culturais,<br />
aventuras teóricas. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000, p. 70-71.<br />
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