20.04.2013 Views

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

cronistas leigos, cronistas religiosos ea antropafagia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

castigado severamente, podendo inclusive ser condenado à morte 115 , as migrações estavam<br />

proibidas, os pajés não seriam aceitos, os índios deveriam vestir roupas, de resto, os índios<br />

ficavam sujeitos às mesmas leis que os portugueses. 116<br />

“A nominação r<strong>ea</strong>lmente importante para as políticas da catequese não é aquela que pespega nomes<br />

próprios às unidades do gentio. (…) esta nominação é produzida por determinações políticas, assim<br />

como a nominação das tribos é engolida, porque facilita a sua distribuição no espaço e permite também<br />

uma adjetivação político-militar e religiosa – ‘inimigos, aliados, cristãos’” 117 .<br />

Os índios aliados tinham à sua liberdade garantida, salvo em algumas exceções, os<br />

portugueses os consideravam povos estratégicos. A principal função destes índios aliados era<br />

a de lutar nas guerras movidas pelos portugueses contra índios hostis e estrangeiros, ou seja,<br />

esses índios formavam uma barreira (podemos dizer, uma linha de defesa) à penetração de<br />

inimigos de todo tipo. 118 A política determinava que a priori, estes índios tinham de ser<br />

“descidos” de suas aldeias localizadas no interior (sertão) para os ald<strong>ea</strong>mentos que se<br />

localizavam próximos de povoações portuguesas, onde nesses ald<strong>ea</strong>mentos, deviam ser<br />

catequizados e civilizados pelos jesuítas a fim de servirem de defesa contra inimigos e de<br />

mão-de-obra remunerada, “por períodos não superiores a dois meses contra o recebimento de<br />

uma remuneração digna por seu trabalho” 119 – quanto à forma de pagamento dos indígenas<br />

por seu trabalho, temos que “eram variados, podendo ser em espécie, sobretudo em rolos de<br />

algodão, ou em dinheiro” 120 –, quanto este for solicitada pelos moradores (colonos).<br />

No que se refere aos descimentos, temos que estes são concebidos como deslocamento<br />

de povos indígenas para novas aldeias permanentes que se localizavam próximas de<br />

povoações portuguesas. De acordo com a lei, o descimento deve resultar da persuasão, ou<br />

seja, devem ser voluntários, e não exercido por meio da violência. Este empreendimento<br />

deveria ser liderado ou acompanhado por um missionário, cuja tarefa era a de convencer os<br />

índios do sertão, que era de seu interesse, ald<strong>ea</strong>r-se junto aos portugueses, para sua própria<br />

segurança e bem-estar. Este convencimento, geralmente era seguido da celebração de pactos,<br />

onde eram garantidos aos índios: a sua liberdade nas aldeias, à posse de suas terras, os bons<br />

tratos por parte dos colonos e que o seu trabalho seria remunerado. 121<br />

115 LEITE, Serafim. Op. cit., p. 40.<br />

116 EISENBERG, José de. Op. Cit., p. 113.<br />

117 NEVES, Luiz Felipe Baêta. Op. cit., p. 48.<br />

118 PERRONE-MOISÉS, B<strong>ea</strong>triz. Op. cit., p. 121.<br />

119 MONTEIRO, John Manuel. Op. cit., p. 132.<br />

120 ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Op. cit., p. 209.<br />

121 PERRONE-MOISÉS, B<strong>ea</strong>triz. Op. cit., p. 118.<br />

51

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!