Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...
Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...
Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />
____________________________________________________________________<br />
No campo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s literários, pesquisas que exploram o terreno das análises<br />
comparadas vêm ganha<strong>do</strong> destaque. Os estu<strong>do</strong>s compara<strong>do</strong>s põ<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> confronto<br />
– mas nunca <strong>em</strong> comparação, no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> que é melhor ou pior – duas ou mais visões<br />
sobre um possível tópico, possibilitan<strong>do</strong> um alargamento crítico, teórico e t<strong>em</strong>ático <strong>do</strong><br />
assunto proposto. Pensan<strong>do</strong> <strong>em</strong> oferecer uma leitura provoca<strong>do</strong>ra para o campo da<br />
Literatura Comparada, nossa pesquisa de investigação <strong>do</strong> texto literário pretende<br />
desenvolver um estu<strong>do</strong> comparativo das obras O <strong>Despertar</strong> 2, da escritora americana Kate<br />
Chopin, e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>, <strong>do</strong> brasileiro José Lins <strong>do</strong> Rego.<br />
Como ponto-chave de nossa investigação, procurar<strong>em</strong>os aproximar as duas<br />
protagonistas <strong>do</strong>s respectivos romances, Edna Pontellier, de O <strong>Despertar</strong>, e<br />
Edna/Eduarda, de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>, <strong>em</strong> uma tentativa de compreender a representação da<br />
mulher que busca a realização de seus anseios nas mais diferentes esferas, isto é, in<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
âmbito cultural ao social. Nosso estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> suas bases na crítica f<strong>em</strong>inista, mas, também,<br />
far<strong>em</strong>os uso de outras abordagens críticas e teóricas, para d<strong>em</strong>onstrar que a obra de arte é<br />
o guia na escolha <strong>do</strong>s aportes investigativos. A leitura que desenvolver<strong>em</strong>os, com base na<br />
crítica f<strong>em</strong>inista, não intenta ser definitiva para se interpretar uma obra de autoria<br />
f<strong>em</strong>inina ou masculina. A crítica f<strong>em</strong>inista nos auxiliará à medida que oferecerá mais uma<br />
possibilidade analítica para o texto literário. Por conseguinte, focalizar<strong>em</strong>os nesta leitura a<br />
mulher como criação literária, como signo possível de ser interpreta<strong>do</strong>. E essa<br />
interpretação v<strong>em</strong> graças à utilização de outras ferramentas, como os estu<strong>do</strong>s<br />
desenvolvi<strong>do</strong>s por Georg Lukács (2009) e os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s símbolos, mostran<strong>do</strong> que o que<br />
propomos é a utilização de uma abordag<strong>em</strong> que, nas palavras de Antonio Candi<strong>do</strong>, quer<br />
ser “íntegra”, ao “utilizar livr<strong>em</strong>ente os el<strong>em</strong>entos capazes de conduzir<strong>em</strong> uma<br />
interpretação coerente” (2000, p. 7).<br />
Ao discorrer sobre a história <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s brasileiros que trabalham com o binômio<br />
Mulher e Literatura, junto ao GT cria<strong>do</strong> no primeiro Encontro Nacional da ANPOLL <strong>em</strong><br />
1985, Constância Lima Duarte aponta as diferentes vertentes que lidam com essa<br />
2 Ao longo <strong>do</strong> nosso texto, usar<strong>em</strong>os os títulos <strong>do</strong>s romances de Kate Chopin, The awakening e At fault, conforme as<br />
traduções feitas para a língua portuguesa: O <strong>Despertar</strong> e Culpa<strong>do</strong>s, respectivamente. Não far<strong>em</strong>os o mesmo quanto aos<br />
títulos das coletâneas de contos – Bayou folk, A night in Acadie e A vocation and a voice – porque não há uma tradução<br />
dessas obras. O que há são traduções de algumas narrativas curtas, como é o caso <strong>do</strong> livro organiza<strong>do</strong> por Beatriz<br />
Viégas-Faria, Betina Mariante e Elizabeth Brose, intitula<strong>do</strong> Kate Chopin: contos traduzi<strong>do</strong>s e comenta<strong>do</strong>s – estu<strong>do</strong>s<br />
literários e humanidades médicas.<br />
13