10.10.2013 Views

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

próxima. Ven<strong>do</strong> que a mão não era retirada, apertou-a calorosamente” 53 (CHOPIN, 1994,<br />

p. 30). Focalizan<strong>do</strong> agora Edna, o narra<strong>do</strong>r mostra que:<br />

O gesto pareceu um pouco perturba<strong>do</strong>r a Edna, no início, mas ela logo se<br />

aban<strong>do</strong>nou à terna carícia da creole. Não estava acostumada a expressões<br />

manifestas e faladas de afeição, tanto suas como de outros” 54 (CHOPIN, 1994,<br />

p. 30).<br />

Este momento de intimidade com Madame Ratignolle é tão significativo que,<br />

como observa Showalter, o narra<strong>do</strong>r, a partir deste momento, muda o mo<strong>do</strong> como ele se<br />

refere à protagonista: “<strong>em</strong> termos textuais, é através dessa relação que ela [a protagonista]<br />

se torna ‘Edna’ na narrativa <strong>em</strong> vez de ‘Mrs. Pontellier’” 55 (1993, p. 180). O contato<br />

afetuoso e delica<strong>do</strong> de Adèle causa tanta reação <strong>em</strong> Edna que, logo <strong>em</strong> seguida, a v<strong>em</strong>os<br />

rel<strong>em</strong>bran<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> como se apaixonou por três diferentes homens antes de se casar<br />

com o senhor Pontellier. Ao arrolar estas figuras de amantes distantes para aquele<br />

momento de intimidade com a senhora creole, Edna põe Adèle Ratignolle no mesmo nível<br />

<strong>em</strong> que se encontram aqueles homens <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>: Madame Ratignolle provocaria mais<br />

uma afeição que a perturbava “interiormente, s<strong>em</strong> causar qualquer manifestação ou<br />

d<strong>em</strong>onstração externa de sua parte” 56 (CHOPIN, 1994, p. 30).<br />

Além da mencionada cena da praia, percebe-se o mo<strong>do</strong> como o narra<strong>do</strong>r, fazen<strong>do</strong><br />

uso da visão de Edna, chama a atenção ao caracterizar Adèle Ratignolle como um modelo<br />

de beleza singular. A constituição física da amiga é algo que também desperta os senti<strong>do</strong>s<br />

da senhora Pontellier. O tratamento sensual e afetivo entre Adèle e Edna é mais íntimo<br />

<strong>do</strong> que o de Robert e Edna e, até mesmo, <strong>do</strong> que o de Arobin e Edna. Adèle é a primeira<br />

a despertar <strong>em</strong> Edna a sensualidade, característica tão marcante na narrativa que a mesma<br />

palavra usada para se referir ao mar, o el<strong>em</strong>ento que tanto atrai Edna, é também usada<br />

para se referir a Adèle: “sensual” – “Nunca antes aquela dama lhe parecera um modelo<br />

tão tenta<strong>do</strong>r como naquele momento, sentada ali como uma Ma<strong>do</strong>na sensual com a luz<br />

53 “Madame Ratignolle laid her hand over that of Mrs. Pontellier, which was near her. Seeing that the hand was not<br />

withdrawn, she clasped it firmly and warmly” (CHOPIN, 2006, p. 897).<br />

54 “The action was at first a little confusing to Edna, but she soon lent herself readily to the Creole’s gentle caress.<br />

She was not accustomed to an outward and spoken expression of affection, either in herself or in others” (CHOPIN,<br />

2006, p. 897).<br />

55 “In textual terms, it is through this relationship that she [the protagonist] becomes ‘Edna’ in the narrative rather<br />

than ‘Mrs. Pontellier”.<br />

56 “Edna often wondered at one propensity which sometimes had inwardly disturbed her without causing any<br />

outward show or manifestation on her part” (CHOPIN, 2006, p. 897).<br />

85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!