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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

A solidão de Edna/Eduarda<br />

refletida nos modelos <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>s apresenta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong><br />

De mo<strong>do</strong> geral, a obra de José Lins <strong>do</strong> Rego apresenta uma criação literária que<br />

reproduz o sist<strong>em</strong>a social <strong>em</strong> que ela é gerada: centra-se na figura <strong>do</strong> masculino, dan<strong>do</strong> ao<br />

<strong>f<strong>em</strong>inino</strong> a condição de marginaliza<strong>do</strong>, de subalterno, uma vez que o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> não se<br />

encontra, preferencialmente, no centro de visão <strong>do</strong>s narra<strong>do</strong>res cria<strong>do</strong>s por esse autor. A<br />

escolha desse ponto de vista narrativo é capaz de, nas palavras de Sacramento, “[...]<br />

proporcionar um painel das relações interpessoais daquela sociedade agrário-patriarcal”<br />

(2001, p. 24) que serviu como inspiração para a criação artística <strong>do</strong> escritor paraibano.<br />

Destacan<strong>do</strong> a representação <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> na narrativa de José Lins <strong>do</strong> Rego, os romances<br />

<strong>do</strong> escritor pod<strong>em</strong> ser dividi<strong>do</strong>s, apenas para o propósito desse estu<strong>do</strong>, como<br />

pertencentes a três categorias.<br />

Na primeira delas, o papel principal é da<strong>do</strong> ao hom<strong>em</strong> e é ele qu<strong>em</strong> atua e, muitas<br />

vezes, conta sua própria história, deixan<strong>do</strong> à marg<strong>em</strong> da narrativa suas companheiras<br />

mulheres, cujas vozes são totalmente silenciadas ou tornam-se ecos da voz masculina.<br />

Nessa categoria, está o maior número de textos produzi<strong>do</strong>s pelo autor: Menino de engenho,<br />

Banguê, Doidinho, Moleque Ricar<strong>do</strong>, Cangaceiros, Pedra bonita, Eurídice e Pureza. Na segunda<br />

categoria, o hom<strong>em</strong> atua como agente de movimentação da narrativa, além de ser o<br />

centro de focalização de um narra<strong>do</strong>r de terceira pessoa, mas a figura da mulher ganha um<br />

contorno mais denso. Nesse tipo de romance, é da<strong>do</strong> à mulher, mesmo que de forma<br />

indireta, o direito à voz. Esta voz, comumente, destoa da visão apresentada pelo<br />

masculino. A narrativa acaba acontecen<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> ao diálogo das vozes organiza<strong>do</strong> pelo<br />

narra<strong>do</strong>r onisciente que tece a trama. Para esse grupo de romances de José Lins, a<br />

seguinte fala de Heloisa Toller Gomes resume a função desse narra<strong>do</strong>r que constrói sua<br />

narrativa utilizan<strong>do</strong> diferentes vozes “gendradas”: “[...] delegan<strong>do</strong> a seus personagens a<br />

maior parte da responsabilidade narrativa, os textos encorajam o leitor a escolher o<br />

próprio fio a seguir, <strong>em</strong> seu denso teci<strong>do</strong> textual” (1981, p. 145). Os romances Fogo morto,<br />

Usina e Água-mãe constitu<strong>em</strong> os expoentes dessa vertente <strong>do</strong> escritor. Diferente <strong>do</strong> que<br />

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