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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

Nosso trabalho focalizou, entre outros aspectos, a caracterização de duas mulheres<br />

fruto da criação literária de autores oriun<strong>do</strong>s de momento histórico e contexto cultural<br />

distintos. Nosso objetivo foi mostrar como o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> foi representa<strong>do</strong> <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a<br />

social e cultural molda<strong>do</strong> pelo patriarca<strong>do</strong>, o qual impõe padrões comportamentais fixos<br />

para homens e mulheres que, quase s<strong>em</strong>pre, tornam-se obstáculos intransponíveis para as<br />

mulheres conquistar<strong>em</strong> a autorrealização. Interpretan<strong>do</strong> as relações de gênero que se<br />

materializaram na narrativa e o(s) senti<strong>do</strong>(s) que determinadas passagens ou el<strong>em</strong>entos<br />

ganharam na tessitura <strong>do</strong> texto, além de criarmos um diálogo entre texto e contexto, o<br />

que foi exposto <strong>em</strong> nossas análises desenvolve uma linha de raciocínio que explora o<br />

mo<strong>do</strong> como O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> lidam com a representação de suas heroínas.<br />

Levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta a produção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is autores estuda<strong>do</strong>s, Kate Chopin e José<br />

Lins <strong>do</strong> Rego, pod<strong>em</strong>os apontar uma particularidade a cada um, quanto ao trabalho com a<br />

criação artística <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>. A obra de Kate Chopin apresenta uma característica<br />

incontroversa que seria a reflexão crítica e contestatória sobre o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> e a mulher no<br />

sist<strong>em</strong>a sociocultural <strong>do</strong> patriarca<strong>do</strong>. No caso de O <strong>Despertar</strong>, a narrativa questiona os<br />

papeis reserva<strong>do</strong>s ao <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, construin<strong>do</strong> uma personag<strong>em</strong> que procura para si uma<br />

existência que se distancia <strong>do</strong>s padrões cria<strong>do</strong>s pelo sist<strong>em</strong>a patriarcal. O romance de<br />

Kate Chopin, portanto, faz severas constatações acerca da sociedade patriarcal<br />

oitocentista quan<strong>do</strong> mostra que esta sociedade não reconhece uma pluralidade de<br />

mulheres, mas fixa um tipo ou estereótipo que representaria as mulheres como <strong>do</strong>nas de<br />

casa e mães de família. A diversidade da condição f<strong>em</strong>inina é representada pela variedade<br />

de mulheres que O <strong>Despertar</strong> apresenta, dan<strong>do</strong> destaque, todavia, a três tipos: Adèle<br />

Ratignolle, Edna Pontellier e Mad<strong>em</strong>oiselle Reisz. Há, também, outras mulheres, <strong>em</strong><br />

papeis secundários, que têm importância na construção de um painel <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> no<br />

romance: Alice Lebrun, Madame Antoine, Mariequita, a babá <strong>do</strong>s filhos de Edna, Sra.<br />

Highcamp, Sra. Merriman, Catiche – a <strong>do</strong>na <strong>do</strong> lugar onde Robert e Edna com<strong>em</strong>.<br />

A trama narrativa de O <strong>Despertar</strong> ainda questiona o pensamento patriarcal que<br />

estabelece que a mulher não pode aspirar para si um papel como <strong>sujeito</strong> de seu próprio<br />

destino. Edna é o ex<strong>em</strong>plo <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ático dessa busca pessoal, pois ela sabe que o mari<strong>do</strong> e<br />

os filhos são uma parte de sua vida, mas eles não podiam constituir a sua vida por<br />

completo: “[Edna] Pensou <strong>em</strong> Léonce e nas crianças. Faziam parte de sua vida, mas não<br />

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