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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

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utiliza o el<strong>em</strong>ento líqui<strong>do</strong> para compor a ambientação <strong>do</strong> texto, mais ainda <strong>do</strong> que o<br />

romance Água-mãe, que traz a indicação desse el<strong>em</strong>ento no título, o faz. Embora não<br />

apresente explicitamente o termo água <strong>em</strong> seu título, a nomeação <strong>do</strong> romance como<br />

<strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> traz subjacente, graças ao termo “<strong>Riacho</strong>”, a referência à palavra água. Em<br />

<strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>, mais importante <strong>do</strong> que o pequeno rio que se apresenta no título é a água<br />

salgada <strong>do</strong> mar, como ver<strong>em</strong>os ao longo dessa análise.<br />

A ambientação de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> funciona como espelho para conflitos vivi<strong>do</strong>s pela<br />

protagonista <strong>do</strong> romance, além de, <strong>em</strong> determinadas situações, estar <strong>em</strong> oposição com o<br />

interior da heroína. Frio, calor, coqueiros, gelo, vacas, porcos, chuva, estiag<strong>em</strong>, vento, sol,<br />

mar e rio são evoca<strong>do</strong>s na narrativa como constituintes essenciais da própria personag<strong>em</strong>.<br />

A estreita ligação na obra de José Lins <strong>do</strong> Rego entre o ambiente <strong>em</strong> que transcorre a<br />

narrativa e os personagens é explicada pelo crítico Virgínius da Gama e Melo, quan<strong>do</strong> este<br />

afirma que “[o] fato corriqueiro, o acontecer de to<strong>do</strong> dia, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> subjetivo<br />

da personag<strong>em</strong>, passa a uma significação extraordinária” (MELO, 1980, p. 116), crian<strong>do</strong>,<br />

dessa forma, um vínculo entre estes <strong>do</strong>is el<strong>em</strong>entos da narrativa que faz com que a<br />

paisag<strong>em</strong> ora duplique e/ou ora se choque com o que ocorre no interior <strong>do</strong>s personagens.<br />

Quan<strong>do</strong> explora a ambientação da Suécia, o romance mostra “a sua heroína no<br />

meio que lhe era habitual, seus conflitos de alma e de corpo, seus desejos comprimi<strong>do</strong>s<br />

pelo ambiente hostil” (LOUSADA, 1991, p. 362). Mas, quan<strong>do</strong> a narrativa põe<br />

Edna/Eduarda no litoral alagoano, t<strong>em</strong>-se um espaço “sensual, b<strong>em</strong> brasileiro e b<strong>em</strong><br />

romancea<strong>do</strong>” (LOUSADA, 1991, p. 362), <strong>em</strong> que se sente “o cheiro vivo e quase humano<br />

da terra bruta e conquista<strong>do</strong>ra” (LOUSADA, 1991, p. 362). O mar, com suas águas<br />

mornas e calmas, será o representante maior dessa terra que contrasta com o lugar de<br />

orig<strong>em</strong> da protagonista, exercen<strong>do</strong> sobre ela um poder inconteste.<br />

O el<strong>em</strong>ento água aparece nos <strong>do</strong>is grandes espaços <strong>em</strong> que se passa a narrativa de<br />

José Lins <strong>do</strong> Rego: a Suécia e o Brasil. No primeiro, a Suécia, é o rio que cortava as terras<br />

<strong>do</strong> pai da protagonista que representa o el<strong>em</strong>ento líqui<strong>do</strong>. Este rio, que espelha o interior<br />

de Edna/Eduarda, vai ganhar um significa<strong>do</strong> positivo ou negativo, dependen<strong>do</strong> de como<br />

a heroína encontra-se <strong>em</strong>ocionalmente. No segun<strong>do</strong> espaço, o Brasil, <strong>do</strong>is recintos<br />

comportaram as águas: o rio e o mar. O primeiro aparece como as águas da morte, da<br />

<strong>do</strong>ença e da perdição; enquanto o segun<strong>do</strong> é a encarnação de uma nova vida, <strong>do</strong> amor e<br />

da sexualidade. Nos <strong>do</strong>is grandes espaços geográficos <strong>do</strong> romance, o ambiente líqui<strong>do</strong><br />

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