10.10.2013 Views

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

entre as águas e o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, o mesmo dicionário mostra que há uma estreita relação de<br />

proximidade entre este el<strong>em</strong>ento líqui<strong>do</strong> e o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, ao dizer que “[n]as tradições<br />

judaica e cristã, a água simboliza, <strong>em</strong> primeiro lugar, a orig<strong>em</strong>. O m<strong>em</strong> (M) hebraico<br />

simboliza a água sensível: ela é mãe e matriz (útero)” (CHEVALIER & GHEERBRANT,<br />

2009, p. 16). Mas, como ocorre com diferentes símbolos, a água também possui outras<br />

significações. Em senti<strong>do</strong> contrário, este el<strong>em</strong>ento representa, ainda, a morte: “[a] água é<br />

fonte de vida e fonte de morte, cria<strong>do</strong>ra e destrui<strong>do</strong>ra” (CHEVALIER &<br />

GHEERBRANT, 2009, p. 16). Embora traga <strong>em</strong> si essa dupla simbologia, o que parece<br />

prevalecer na definição deste el<strong>em</strong>ento, segun<strong>do</strong> os apontamentos <strong>do</strong> Dicionário de símbolos,<br />

é o seu poder de representar a vida, uma vez que é destaca<strong>do</strong> o seu papel de ser “um<br />

símbolo universal de fertilidade e fecundidade” (CHEVALIER & GHEERBRANT,<br />

2009, p. 16), e, por seguinte, o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>.<br />

Ligan<strong>do</strong>-se a termos como “orig<strong>em</strong>”, “mãe”, “matriz”, “fonte de vida”, “cria<strong>do</strong>ra”,<br />

“fertilidade” e “fecundidade”, é quase impossível não associar o el<strong>em</strong>ento água ao<br />

<strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, uma vez que tais termos também se encontram intimamente liga<strong>do</strong>s ao que o<br />

<strong>f<strong>em</strong>inino</strong> representa nas mais diferentes culturas. Reforçan<strong>do</strong> tal caráter <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento<br />

água, é assim que o Dicionário de símbolos termina o verbete sobre a água referin<strong>do</strong>-se a uma<br />

pesquisa de 1976, mostran<strong>do</strong> que “[a]s mulheres acima de 25 anos e, sobretu<strong>do</strong>, as mães,<br />

sent<strong>em</strong> uma relação particular entre a mulher e a água” (CHEVALIER &<br />

GHEERBRANT, 2009, p.22).<br />

No seu livro A água e os sonhos, Gaston Bachelard explora a simbologia das águas<br />

mostran<strong>do</strong> que este el<strong>em</strong>ento possui o duplo caráter de representar tanto a morte quanto<br />

a vida, como ficou evidencia<strong>do</strong> anteriormente. Nas palavras <strong>do</strong> estudioso, “[a] água<br />

mistura aqui seus símbolos ambivalentes de nascimento e morte. É uma substância cheia<br />

de r<strong>em</strong>iniscências e de devaneios divinatórios” (BACHELARD, 1997, p. 93). Ao explorar<br />

o senti<strong>do</strong> de morte que este el<strong>em</strong>ento carrega, Gaston Bachelard, fazen<strong>do</strong> uso das<br />

palavras de Jung, afirma que:<br />

O desejo <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> [...] é que as sombrias águas da morte se transform<strong>em</strong> nas<br />

águas da vida, que a morte e seu frio abraço sejam o regaço materno,<br />

exatamente como o mar, <strong>em</strong>bora tragan<strong>do</strong> o sol, torna a pari-lo <strong>em</strong> suas<br />

profundidades... Nunca a Vida conseguiu acreditar na Morte! (BACHELARD,<br />

1997, p. 75).<br />

156

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!