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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

uma mulher protagonista, este romance cria um diferencial na obra de José Lins <strong>do</strong> Rego,<br />

fazen<strong>do</strong> com que o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> passe a ser o centro da trama narrativa, sain<strong>do</strong> da periferia<br />

<strong>do</strong> enre<strong>do</strong>. Quanto à caracterização <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, diferente das d<strong>em</strong>ais personagens <strong>do</strong><br />

escritor, Edna/Eduarda não exerce as duas principais funções <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />

patriarcal, isto é, apesar de casada, ela não se dedica às funções de <strong>do</strong>na de casa, viven<strong>do</strong><br />

para o mari<strong>do</strong> e para o lar. Por extensão <strong>do</strong>s papeis fixos <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, ela também não<br />

vivencia a maternidade, n<strong>em</strong> com o mari<strong>do</strong> n<strong>em</strong> com o amante, acenan<strong>do</strong> aos leitores a<br />

ideia da mulher eunuco, a castrada, e suas terríveis repercussões com o ventre perverso,<br />

destino cruel das mulheres que não consegu<strong>em</strong> a reprodução <strong>em</strong> seus corpos.<br />

Na trama de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>, para a protagonista, estar fora da casa, principalmente no<br />

mar, constitui o espaço <strong>em</strong> que melhor se sente. Dessa forma, Edna/Eduarda procura<br />

adentrar, mesmo que de forma sutil, no espaço <strong>do</strong> público, representa<strong>do</strong> no romance pelo<br />

litoral <strong>do</strong> Nordeste brasileiro. Enquanto as d<strong>em</strong>ais mulheres <strong>do</strong> romance estão inseridas<br />

no espaço <strong>do</strong> priva<strong>do</strong>, dentro de suas casas, Edna/Eduarda encontra-se vagan<strong>do</strong> pelos<br />

mais diferentes espaços que <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> apresenta.<br />

Na construção ficcional <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>, os escritores Kate Chopin e José Lins <strong>do</strong><br />

Rego, <strong>em</strong> seus respectivos romances, apresentam mulheres que d<strong>em</strong>onstram ter uma<br />

consciência relativa quanto a seus papeis como <strong>sujeito</strong>s gendra<strong>do</strong>s. A personag<strong>em</strong> de Kate<br />

Chopin passa por um processo de autoconhecimento que lhe outorga <strong>em</strong>poderamento,<br />

mas esse <strong>em</strong>poderamento é marca<strong>do</strong> principalmente no campo simbólico, fican<strong>do</strong> quase<br />

que sufoca<strong>do</strong> diante <strong>do</strong> contexto sociocultural que cerca a protagonista, tornan<strong>do</strong>-a<br />

solitária. Já a personag<strong>em</strong> de José Lins <strong>do</strong> Rego evidencia a escolha de um<br />

comportamento que foge de tu<strong>do</strong> aquilo que estaria reserva<strong>do</strong> para uma mulher de sua<br />

classe social e cultural. Na busca de realização pessoal, a protagonista de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong><br />

caminha para o isolamento, fican<strong>do</strong> distante de familiares, de amigos, de seus amores e de<br />

outros modelos <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>s que o romance apresenta.<br />

Em O <strong>Despertar</strong>, na busca de se conhecer como <strong>sujeito</strong>, <strong>em</strong> diferentes momentos,<br />

Edna Pontellier procura construir uma imag<strong>em</strong> de si mesma, seja apenas para ela própria<br />

ou para os outros que a cercam, destacan<strong>do</strong> que é ela a responsável por moldar um<br />

caminho a ser trilha<strong>do</strong>. A narrativa mostra que, por ex<strong>em</strong>plo, Edna procura entender o<br />

tipo de mulher que ela é – “Um dia desses [...] vou me concentrar um pouco e pensar...<br />

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