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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

homens que Edna/Eduarda conhecia e, depois, por se aproximar <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> que Ester, a<br />

professora querida, escolhera para mari<strong>do</strong>.<br />

Quanto à mãe de Nô, a segunda mulher da narrativa a encarnar a estereotipia da<br />

Mulher-Mãe, a protagonista de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> não consegue distinguir a presença desta<br />

personag<strong>em</strong> diante das outras figuras com qu<strong>em</strong> passa a conviver no Brasil. S<strong>em</strong> nome,<br />

s<strong>em</strong> voz, s<strong>em</strong> um rosto específico, a mãe de Nô nada mais é <strong>do</strong> que o exagero <strong>do</strong><br />

estereótipo <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> da passividade e da abnegação. Essa mulher é tão exageradamente<br />

apagada como <strong>sujeito</strong> que lhe é priva<strong>do</strong> o direito de cuidar de to<strong>do</strong>s os seus filhos, uma<br />

vez que sua sogra, Aninha, lhe retira seu filho Nô: “Quan<strong>do</strong> Nô era pequeno, <strong>do</strong>rmia na<br />

sua [de Aninha] cama. Tratava dele como mãe. A nora tinha os outros. Aquele seria seu,<br />

to<strong>do</strong> seu” (REGO, 2003, p. 241).<br />

A representação da Mulher-Mãe vai ter sua continuação <strong>em</strong> duas outras figuras<br />

f<strong>em</strong>ininas. Sigrid e Norma, ao contrário de Edna/Eduarda, passam <strong>do</strong> estereótipo das<br />

meninas que necessitam de proteção para o de Mulher-Mãe, identificada nas personagens<br />

anteriores, Matilde e a mãe de Nô. A irmã e a amiga de infância de Edna/Eduarda são<br />

representantes <strong>do</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> que, desde jovens, parec<strong>em</strong> destinadas a perpetuar<strong>em</strong> o que<br />

são suas mães. Em uma delas t<strong>em</strong>-se a exacerbação da fragilidade da mulher e na outra a<br />

ligação com o masculino através <strong>do</strong> casamento. A primeira referência que o narra<strong>do</strong>r<br />

oferece de Sigrid mostra-a como uma frágil figura: “A sua irmã mais moça, a pálida Sigrid,<br />

se encostava nela, procuran<strong>do</strong> proteção. [...] A velha Elba falava da fraqueza de Sigrid<br />

como se a menina tivesse culpa [...] Menina <strong>do</strong>ente, não comia, não tinha corag<strong>em</strong> para<br />

coisa nenhuma” (REGO, 2003, p. 45). Já Norma, <strong>em</strong>bora não fosse “como Sigrid, fraca,<br />

choran<strong>do</strong> por tu<strong>do</strong>” (REGO, 2003, p. 46), é identificada, desde o início da narrativa,<br />

como o par romântico da figura masculina mais forte: “Norma gostava dele [Guilherme].<br />

To<strong>do</strong>s diziam que os <strong>do</strong>is namoravam” (REGO, 2003, p. 46). O destino das duas é o<br />

casamento.<br />

Em Norma, ainda é explorada a simbologia da mulher como genitora. De todas as<br />

meninas <strong>do</strong> romance, Norma é a única personag<strong>em</strong> que possui uma boneca, objeto que<br />

indica uma preparação prévia da menina para se tornar mulher e mãe. Ao roubar a<br />

Espanhola, boneca da amiga, Edna/Eduarda não <strong>em</strong>preende essa ação com o intuito de<br />

tomar o lugar de Norma como <strong>do</strong>na da boneca, mas como forma de libertar a Espanhola<br />

que, na visão da protagonista, encontrava-se prisioneira. Na simbologia que o brinque<strong>do</strong><br />

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