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Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

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contos: “La Belle Zoraïde”, “Désirée’s baby”, “A little Free-Mulatto”, “In and out of the<br />

Old Natchitoches”, “Nég Créol”. Sobre essa parte de sua obra, Per Seyersted diz o<br />

seguinte:<br />

Mas até mesmo nessas estórias, ela [Chopin] é uma autora mais interessada nas<br />

características humanas [<strong>do</strong>s personagens] <strong>do</strong> que nos probl<strong>em</strong>as raciais, [ela] é<br />

mais uma observa<strong>do</strong>ra que não se influencia, de forma que seu próprio ponto<br />

de vista nunca se impõe sobre o leitor 18 (2006, p. 26).<br />

Embora a afirmação de Seyersted mostre que Chopin procurou distanciar-se ao<br />

delinear os personagens negros, estu<strong>do</strong>s mais recentes mostram uma outra visão sobre<br />

esta faceta da obra de Kate Chopin. Depois que Toni Morrison (1992) fez um estu<strong>do</strong><br />

sobre a presença <strong>do</strong> negro <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong>, os críticos têm procura<strong>do</strong> focalizar este t<strong>em</strong>a<br />

mostran<strong>do</strong> os pontos negativos da obra da escritora. São ex<strong>em</strong>plos dessa leitura crítica da<br />

obra de Kate Chopin, os estu<strong>do</strong>s de Ammos (1991), Birnbaum (1995), Lundie (1994),<br />

Taylor (1989), Thomas (1996), entre outros.<br />

Joyce Dyer (2002), ao se debruçar sobre a presença <strong>do</strong> negro na literatura de Kate<br />

Chopin, afirma que os críticos apontam para <strong>do</strong>is probl<strong>em</strong>as no tratamento da<strong>do</strong> por<br />

Chopin às personagens de cor: certo racismo no tratamento <strong>do</strong>s negros, talvez provoca<strong>do</strong><br />

pelo contexto sócio-histórico <strong>em</strong> que a escritora viveu; e também a criação de<br />

estereótipos para os personagens negros. Pamela Knights afirma que os que professam<br />

esse pensamento crítico mostram que, no romance O <strong>Despertar</strong>, “as lutas de Edna por<br />

expressão própria acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> um mun<strong>do</strong> privilegia<strong>do</strong> <strong>em</strong> contraste com um pitoresco<br />

quadro de personagens não-brancos silenciosos, na maioria das vezes s<strong>em</strong> nome” 19 (2000,<br />

p. xxx). Mas, ainda segun<strong>do</strong> Knights, esses personagens de cor não são invisíveis. Seja<br />

como for, o que fica de certo é o fato de Chopin ter posto na materialidade de seus textos<br />

o papel <strong>do</strong> negro e as ligações sociais advindas das relações de raça e gênero entre os<br />

personagens de suas histórias, mesmo que tenha usa<strong>do</strong> a visão da raça branca da qual ela<br />

fazia parte.<br />

Há ainda outro t<strong>em</strong>a caro à obra da autora: o que lida com a representação da<br />

mulher. Segun<strong>do</strong> a crítica f<strong>em</strong>inista especializada, é nessa parte da sua criação literária que<br />

18 “But even in these stories, she is so much an author interested in human characteristics than issues or races, so<br />

much a detached observer that her own views never impose th<strong>em</strong>selves upon reader”.<br />

19 “Edna's struggles for self-expression take place within a privileged world against a picturesque frieze of silent,<br />

often nameless, non-white characters”.<br />

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