Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...
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<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />
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(HAILEY-GREGORY, 2005, p. 303). Fazen<strong>do</strong> a mesma ligação, Marques Jr. e<br />
Marinheiro assim se refer<strong>em</strong> à protagonista de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>:<br />
Seu nome [Edna] é a forma reduzida de Eduarda, de orig<strong>em</strong> hebraica e<br />
significan<strong>do</strong> regozijo ou prazer. Sen<strong>do</strong> infiel ao seu nome, Edna vai <strong>em</strong> busca<br />
desse prazer, de regozijar-se com a liberdade <strong>do</strong> amor, mas as pressões e os<br />
preconceitos que encontra pelo caminho são s<strong>em</strong>pre mais fortes, são a<br />
constatação de que o preço por buscar a felicidade e o prazer é muito mais alto<br />
(MARQUES JR. e MARINHEIRO, 1990, p. 141) (Grifos <strong>do</strong>s autores).<br />
Retoman<strong>do</strong> os conceitos de Lukács, perceb<strong>em</strong>os que a ironia estrutural já se<br />
apresenta, segun<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> onomástico, na escolha de como as protagonistas são<br />
nomeadas. Os nomes mostram que essas mulheres possu<strong>em</strong> uma realização existencial<br />
baseada no prazer, no gozo. Ou seja, o nome Edna apontaria para o fato de as duas ser<strong>em</strong><br />
ou pretender<strong>em</strong> ser plenamente satisfeitas como pessoas, <strong>em</strong> geral, e, sobretu<strong>do</strong>, como<br />
mulheres, <strong>em</strong> particular. Mas v<strong>em</strong>os que as duas não possu<strong>em</strong> completude, sen<strong>do</strong><br />
identificadas como guiadas pelos seus desejos interiores. Seus percursos na narrativa serão<br />
identifica<strong>do</strong>s como uma busca por algo que n<strong>em</strong> mesmo elas consegu<strong>em</strong> saber o que<br />
realmente é, mas que, na ótica de ambas, garantiria a satisfação e o prazer que elas não<br />
possu<strong>em</strong>. Dessa maneira, tanto O <strong>Despertar</strong> quanto <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong> apresentam heroínas que<br />
possu<strong>em</strong> a característica apontada por Joseph Campbell para a construção <strong>do</strong> herói das<br />
narrativas:<br />
A façanha universal <strong>do</strong> herói começa com alguém a qu<strong>em</strong> foi usurpada alguma<br />
coisa, ou sente estar faltan<strong>do</strong> algo entre as experiências normais franqueadas ou<br />
permitidas aos m<strong>em</strong>bros da sociedade. Essa pessoa então parte para uma série<br />
de aventuras que ultrapassam o usual, quer para recuperar o que tinha perdi<strong>do</strong>,<br />
quer para descobrir algum elixir <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r da vida. Normalmente, perfaz um<br />
círculo, com a partida e o retorno (CAMPBELL, 1996, p. 131 - 132).<br />
Ainda com relação ao estu<strong>do</strong> onomástico, é possível afirmar que as duas<br />
personagens f<strong>em</strong>ininas <strong>do</strong>s romances focaliza<strong>do</strong>s parec<strong>em</strong> encontrar um Éden nos<br />
espaços narrativos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is paraísos naturais onde parte <strong>do</strong> enre<strong>do</strong> ocorre. O Éden cria<strong>do</strong><br />
por Chopin é a ilha de veraneio Grand Isle; já o da obra de José Lins <strong>do</strong> Rego é o trecho<br />
de mar de <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>, no litoral de Alagoas. Nos <strong>do</strong>is casos, o Éden toma a forma de<br />
paraíso perdi<strong>do</strong>, pois, para as duas mulheres, elas foram usurpadas <strong>do</strong> prazer que esses<br />
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