10.10.2013 Views

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

Representações do sujeito feminino em O Despertar e Riacho Doce ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Representações</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>f<strong>em</strong>inino</strong> <strong>em</strong> O <strong>Despertar</strong> e <strong>Riacho</strong> <strong>Doce</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo<br />

____________________________________________________________________<br />

determinadas pela sua classe social, que, por sua vez, é determinada historicamente”<br />

(1985, p. 31). Seguin<strong>do</strong> os mesmos pensamentos acima, mas abordan<strong>do</strong> este conceito sob<br />

o ponto de vista <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de gênero, Cintia Schwantes afirma que, <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> amplo,<br />

representação significa:<br />

despir um objeto <strong>do</strong> que lhe é acessório e conservar o que é essencial, de mo<strong>do</strong><br />

que ele possa corresponder a to<strong>do</strong>s os objetos daquele tipo. [...] toda a<br />

representação passa por uma subjetividade: alguém determina o que é essencial<br />

e deve ser preserva<strong>do</strong> e o que é acessório e pode ser descarta<strong>do</strong>. Em uma<br />

sociedade <strong>em</strong> que a experiência masculina é valorizada e a experiência f<strong>em</strong>inina<br />

é trivializada, o traço essencial a qualquer representação vai se prender à<br />

experiência masculina (SCHWANTES, 2006, p. 11).<br />

As palavras de Cintia Schwantes ecoam as de Virginia Woolf, quan<strong>do</strong> esta, <strong>em</strong> um<br />

ensaio de 1929, aborda o mo<strong>do</strong> como a crítica enxerga a ficção escrita por mulheres, que,<br />

<strong>em</strong> busca <strong>do</strong>s valores <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>s, rejeitam as representações criadas pelo masculino. A<br />

escritora que não usa a representação ficcional imposta pelo escritor <strong>do</strong> sexo masculino<br />

“será criticada” (WOOLF, 1980, p. 49) uma vez que:<br />

o crítico <strong>do</strong> sexo oposto ficará genuinamente perplexo e surpreso por uma<br />

tentativa de alterar a corrente escala de valores, e verá nele [o romance<br />

<strong>f<strong>em</strong>inino</strong>] não somente uma diferença de visão, mas uma visão que é fraca, ou<br />

trivial, ou sentimental, porque ela difere de sua própria visão [da <strong>do</strong> crítico <strong>do</strong><br />

sexo masculino] 4 5 (WOOLF, 1980, p. 49).<br />

Como enfatiza Virginia Woolf, no trecho anterior, na literatura, a representação da<br />

mulher aconteceu, primeiramente, devi<strong>do</strong> ao poder exerci<strong>do</strong> pelo masculino no campo<br />

das artes, levan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> conta o mo<strong>do</strong> como os homens concebiam o <strong>f<strong>em</strong>inino</strong>. Assim<br />

sen<strong>do</strong>,<br />

4<br />

A partir de agora, todas as citações <strong>do</strong> inglês obedecerão ao seguinte padrão: no corpo <strong>do</strong> texto será feita uma<br />

tradução livre, com a referência de autor, ano e página, e o trecho original aparecerá como nota de rodapé, entre<br />

aspas. Isso ocorrerá tanto para os textos teóricos quanto para os literários. A exceção será apenas <strong>em</strong> relação ao<br />

romance de Kate Chopin, The awakening. Não será feita uma tradução livre desse romance, mas será usada a tradução<br />

para o português feita por Celso Mauro Paciornik, O <strong>Despertar</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, no corpo da tese aparecerá o texto<br />

traduzi<strong>do</strong> por Paciornik e na nota de rodapé virá o original <strong>em</strong> inglês com a devida referência.<br />

5<br />

“for the critic of the opposite sex will be genuinely puzzled and surprised by an att<strong>em</strong>pt to alter the current scale of<br />

values, and will see in it not merely a difference of view, but a view that is weak, or trivial, or sentimental, because it<br />

differs from his own”.<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!