acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S101<br />
PD143 - Inquérito Dirigido a Pais: Andarilhos<br />
Luís V. Martins 1 ; Sara Ferreira 1 ; Tiago Jesus 2<br />
1- CHC - Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra; 2- Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Norton <strong>de</strong><br />
Matos (Coimbra)<br />
Introdução: actualmente, para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> envolvidos nas<br />
questões da Saú<strong>de</strong> Infantil, é consensual que o uso dos andarilhos é perigoso<br />
(com aci<strong>de</strong>ntes frequentes) e não traz qualquer vantagem relativamente ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da criança. Contudo, os mesmos, continuam a ser vendidos<br />
nos mais variados locais (farmácias, lojas <strong>de</strong> puericultura, supermercados,<br />
através da internet) e por variadas marcas <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> puericultura. Objec -<br />
tivo: avaliar sumariamente o uso e os conhecimentos que os pais tinham acerca<br />
dos andarilhos. Material e métodos: elaborou-se um inquérito que foi aplicado<br />
por médico ou enfermeiro, numa consulta <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Infantil, num Centro<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> inserido em meio Urbano. Resultados: foram realizados 54 inquéritos<br />
dirigidos a pais <strong>de</strong> crianças com ida<strong>de</strong>s compreendidas entre os 0 e os 12<br />
anos (grupo A - 29 crianças entre os 0 e os 2 anos e grupo B - 25 crian ças entre<br />
os 3 e os 12 anos). - 20,3% dos pais afirmaram que o seu filho usa ou já usou<br />
andarilho (20,6% no grupo A; 20% no grupo B) - 29,6% dos pais acham que<br />
os andarilhos são seguros (34% no grupo A, 28% no grupo B); - 38,9% dos<br />
pais acham que os andarilhos favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento (37,9% no grupo<br />
A, 32% no grupo B); - 42,6% dos pais afirmam ter conhe cimento <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />
com andarilhos (48,3% no grupo A, 36% no grupo B). Conclusões/Discussão:<br />
Apesar <strong>de</strong> pequena, esta amostra revelou que ainda se faz uso significativo <strong>de</strong><br />
andarilhos, não se verificando diferenças entre os pais <strong>de</strong> crianças entre os 0 e<br />
os 2 anos e os <strong>de</strong> crianças entre os 3 e os 12 anos. Uma % importante possuem<br />
conhecimentos acerca dos riscos acrescidos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte mas <strong>de</strong>sconhecem a<br />
ausência <strong>de</strong> benefícios para o <strong>de</strong>senvolvimento dos seus filhos. O esclarecimento<br />
das famílias nas ida<strong>de</strong>s chave é uma obrigação <strong>de</strong> todos os profissio nais<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma a evitar o uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong>stes dispositivos. Talvez seja líci -<br />
to pon<strong>de</strong>rar também medidas mais restritivas em relação à comercialização<br />
<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> artigos, <strong>de</strong> forma a erradicar o seu uso pelas crianças <strong>portuguesa</strong>s,<br />
à semelhança do que já se fez noutros países (por exemplo no Canadá, em<br />
que o comércio <strong>de</strong> andarilhos passou a ser proibido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004).<br />
Palavras-chave: Andarilhos Pais Saú<strong>de</strong> Infantil.<br />
PD144 - Determinantes para o diagnóstico <strong>de</strong> Apendicite Aguda numa<br />
população <strong>de</strong> crianças (0-17 anos) do Hospital <strong>de</strong> Braga<br />
Arnaldo Cerqueira 1 ; Pierre Gonçalves 1 ; Sofia Martins 1<br />
1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> do Hospital <strong>de</strong> Braga<br />
Introdução: A dor abdominal na criança é um motivo <strong>de</strong> recorrência ao<br />
serviço <strong>de</strong> urgência e a apendicite aguda (AA) é um dos diagnósticos dife -<br />
renciais. Estima-se que 10% dos indivíduos <strong>de</strong>senvolverão AA, sendo mais<br />
comum entre os 10-20 anos e no sexo masculino. Objectivo: Avaliar os <strong>de</strong>terminantes<br />
clínicos e analíticos associados ao diagnóstico <strong>de</strong> AA em crianças<br />
apendicectomizadas no Hospital <strong>de</strong> Braga (HB). Métodos: Estudo transversal<br />
para avaliação dos <strong>de</strong>terminantes (ida<strong>de</strong>, sexo, febre, vómitos, anorexia,<br />
sinal <strong>de</strong> blumberg, dor FID, irradiação da dor, leucocitose (>10000/uL), neutrofilia<br />
(>7500(uL) e PCR) para o diagnóstico <strong>de</strong> AA. Análise retrospectiva<br />
<strong>de</strong> 192 processos clínicos <strong>de</strong> crianças admitidas no HB com dor abdominal e<br />
apendicectomizados, no período <strong>de</strong> 12/2008 a 07/2010. Resultados: Rea li -<br />
zadas 192 apendicectomias, 58% dos doente eram do sexo , com média <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 12 anos(±4) e com cerca <strong>de</strong> 20 h <strong>de</strong> evolução clínica. Febre 32%<br />
dos doentes, 63% náuses/vómitos, 34% anorexia, 10% dor irradiada, 32%<br />
sinal <strong>de</strong> blumberg, 95% dor na FID, 76% leucocitose e 73% neutrofilia.<br />
Realizado ecografia abdominal em 20% dos casos. Todos os apêndices foram<br />
analisados histologicamente, confirmando-se AA em 82% dos doentes. Defi -<br />
nindo-se dois grupos (doentes com e sem AA), verificou-se: -A diferença <strong>de</strong><br />
proporções foi apenas estatisticamente significativa para a leucocitose e neutrofilia<br />
(p=0.001), presente em 93% e 92% doentes com AA, respectivamente.<br />
-A média <strong>de</strong> leucócitos, neutrófilos e PCR era superior nos casos com<br />
AA (respectivamente, p=0.04, p=0.03 e p=0.01).<br />
Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão logística para as diferentes variáveis, ajustando para<br />
ida<strong>de</strong> e sexo:<br />
»Leucocitose: OR bruto(b)=3.2 [2-5.1]; OR ajustado (a)=3 [1.9-5]<br />
»Neutrofilia: ORb=3.6 [1.3-10.1]; ORa=3.3 [1.2-10]<br />
»SA (variável contínua): ORb=1.6 [1.3-2.1]; ORa=1.5 [1.2-2.1]<br />
»SA≥5: ORb=7.6 [2.9-19.9]; ORa=6.9 [2.5-18.8]<br />
»SA≥6: ORb=6.9 [2.5-18.7]; ORa=6.1 [2.2-17.2]<br />
»SA≥7: ORb=5.6 [1.6-19.7]; ORa=5.2 [1.5-18.1]<br />
Conclusões: A <strong>de</strong>cisão diagnóstica baseada no exame físico apresenta uma<br />
sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50-70%. Os nossos resultados mostram que individualmente,<br />
apenas a leucocitose e neutrofilia se associa a um risco <strong>de</strong> AA. No entanto,<br />
combinando-se as diferentes variáveis num score (SA), este associa-se <strong>de</strong><br />
forma estatisticamente significativa com o diagnóstico <strong>de</strong> AA. O diagnóstico<br />
<strong>de</strong> AA <strong>de</strong>verá ser clínico, mas po<strong>de</strong>rá tornar-se mais preciso se apoiado também<br />
pelo uso <strong>de</strong> métodos auxiliares estruturados como é exemplo o SA.<br />
Palavras-chave: Determinantes, Apendicite aguda, Score <strong>de</strong> Alvarado.<br />
PD145 - Hemorragia vaginal persistente em pré-adolescente<br />
Joana Oliveira 1 ; Andreia Barros 1 ; Francisco Silva 1 ; Helena Pereira 1 ;<br />
Conceição Freitas 1 ; Rute Gonçalves 1<br />
1- Hospital Central do Funchal<br />
Introdução: Os corpos estranhos na vagina po<strong>de</strong>m ser causa <strong>de</strong> vulvova -<br />
ginite aguda ou recorrente. As manifestações mais comuns são corrimento<br />
vaginal recorrente, hemorragia intermitente e/ou corrimento com cheiro<br />
fétido. Sabe-se que 4% dos casos <strong>de</strong> queixas génito-urinárias em raparigas<br />
com ida<strong>de</strong> inferior a 13 anos, se <strong>de</strong>vem à presença <strong>de</strong> corpos estranhos na<br />
vagina, sendo que em cerca <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong>stes casos se verifica corrimento<br />
hemático. A maior parte dos corpos estranhos na vagina são encontrados em<br />
raparigas com ida<strong>de</strong> compreendida entre os cinco e nove anos. Os autores<br />
relatam o caso <strong>de</strong> uma pré-adolescente <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, (institucionalizada),<br />
que recorreu ao Serviço <strong>de</strong> Urgência <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> em Fevereiro <strong>de</strong> 2009 por<br />
hemorragia vaginal interpretada como menarca. Na anamnese havia refe -<br />
rência a perdas hemáticas escassas com um mês <strong>de</strong> evolução e nos últimos<br />
2 dias com cheiro fétido. Foi realizada observação ginecológica que reve -<br />
lou leucorreia sero-he mática com cheiro intenso, tendo sido medicada com<br />
antibioticoterapia e enviada à Consulta <strong>de</strong> Adolescentes. À observação<br />
encontrava-se no estadio M1G1 <strong>de</strong> Tanner. Por persistência <strong>de</strong> hemorragia<br />
vaginal abundante, foi solicitada colaboração da Ginecologia. Uma vez que<br />
não apresentava altera ções ao exame objectivo que justificassem as<br />
queixas, foi solicitada ecografia pélvica, não esclarecedora, razão pela qual<br />
foi complementada por TC abdomino-pélvica, que revelou imagens sugestivas<br />
<strong>de</strong> “cálculos localizados no colo uterino”. Por manutenção das queixas<br />
<strong>de</strong> hemorragia vaginal a pré-ado lescente foi reavaliada pela Ginecologista<br />
que através do toque rectal <strong>de</strong>tectou tumefacção arredondada, <strong>de</strong> consis -<br />
tência dura, móvel, ao nível do fundo <strong>de</strong> saco vaginal (junto ao colo do<br />
útero), que foi mobilizada até à sua extracção na vagina, sem dificulda<strong>de</strong>.<br />
Des<strong>de</strong> então não voltou a ter perdas hemáticas vaginais. Conclusão:<br />
Perante uma pré-adolescente sem sinais suges tivos <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> precoce<br />
(estadio M1G1 <strong>de</strong> Tanner) a presença <strong>de</strong> hemorragia vaginal <strong>de</strong>ve evocar a<br />
suspeita <strong>de</strong> corpo estranho. A realização <strong>de</strong> uma história clínica e exame<br />
objectivo completos são essenciais para o diagnóstico precoce. Os meios<br />
complementares <strong>de</strong> diagnóstico imagiológicos po<strong>de</strong>m ser inconclusivos,<br />
sobretudo quando o objecto não é radiopaco. A abordagem multidisciplinar<br />
é fundamental nestas situações.<br />
Palavras-chave: Hemorragia vaginal, corpo estranho, pré-adolescente.<br />
PD146 - Facto ou Mito?<br />
Marcela Pires Guerra 1 ; Joana Miguéis 2 ; Graça Conceição 3<br />
1- Hospital Infante D. Pedro; 2- Hospital Pediátrico; 3- Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Aveiro<br />
Introdução: Um pouco por todo o lado, existem i<strong>de</strong>ias, pressupostos, e até<br />
mitos, sobre as situações e <strong>de</strong>safios diários com que se <strong>de</strong>para quem cuida <strong>de</strong><br />
crianças. Estas noções são, habitualmente, transmitidas através <strong>de</strong> familiares,<br />
amigos ou conhecidos. Cabe ao profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sobretudo a nível dos<br />
Cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Primários, <strong>de</strong>sfazer eventuais dúvidas e equívocos.<br />
Objectivo: Determinar o nível <strong>de</strong> conhecimento dos cuidadores <strong>de</strong> crianças<br />
acerca <strong>de</strong> situações comuns no dia-a-dia – febre, higiene, alimentação,<br />
Síndrome <strong>de</strong> Morte Súbita do Lactente (SMSL) e infecções. Métodos: Apli -<br />
cação <strong>de</strong> inquérito ao acompanhante <strong>de</strong> crianças dos 0 aos 5 anos observadas<br />
na Consulta <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Infantil do Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro. Resultados:<br />
Dos 240 inquéritos efectuados apenas 4.2% não foram preenchidos por um<br />
dos progenitores. 58.8% dos cuidadores tinha entre 21 e 35 anos e 60% concluiu<br />
o ensino secundário. 35% das crianças são seguidas exclusivamente<br />
pelo Médico <strong>de</strong> Família. A febre foi <strong>de</strong>finida como temperatura a partir dos<br />
38ºC por 49.6% dos inquiridos embora 45% não faça distinção <strong>de</strong> acordo com<br />
o local da medição; 61.3% acredita que a febre é sinónimo <strong>de</strong> doença preci -<br />
sando <strong>de</strong> ser eliminada imediatamente. 95.8% reconhece que a pele dos<br />
recém-nascidos necessita <strong>de</strong> cuidados especiais e 81.3% sabe que não é<br />
neces sário agasalhá-los <strong>de</strong>masiado. 70.8% acha que o banho nunca <strong>de</strong>ve ser<br />
dado após as refeições. A noção <strong>de</strong> que é frequente o leite materno ser fraco<br />
S101