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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S11<br />

Workshop 4<br />

Como escolher a análise estatística na Investigação em saú<strong>de</strong>?<br />

Filipa Negreiro<br />

Lisboa<br />

Nesta sessão o objectivo será contextualizar a análise estatística na Inves -<br />

tigação em saú<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificando os tipos <strong>de</strong> variáveis (qualitativas e quantitativas)<br />

a partir <strong>de</strong> objectivos <strong>de</strong> investigação. Em termos estatísticos, os objectivos<br />

do estudo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são <strong>de</strong> importância prioritária uma vez que as variáveis<br />

<strong>de</strong> maior interesse para análise estatística estão subjacentes a estes mesmos<br />

objectivos. A <strong>de</strong>finição dos objectivos é muito importante no planeamento <strong>de</strong><br />

um estudo em investigação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> porque conduz obrigatoriamente às variáveis<br />

<strong>de</strong> maior interesse para a recolha e análise estatística. De acordo com o tipo<br />

<strong>de</strong> variáveis <strong>de</strong>finidas, <strong>de</strong>vem antecipar-se os métodos estatísticos a utilizar.<br />

Serão apresentadas técnicas para resumir a informação contida nos dados,<br />

tendo em conta o tipo <strong>de</strong> variáveis (qualitativas e quantitativas).<br />

Uma das técnicas apresentadas será a tabela <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> frequências,<br />

procedimento estatístico aplicado especialmente a variáveis qualitativas<br />

(nominais ou ordinais), ou a variáveis quantitativas com pouca variação,<br />

como por exemplo o número <strong>de</strong> filhos (0, 1, 2, 3, …) ou o número <strong>de</strong> divisões<br />

<strong>de</strong> uma casa (1, 2, 3, …). Para além <strong>de</strong>stas variáveis, po<strong>de</strong>-se ainda<br />

<strong>de</strong>terminar a tabela <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> frequências <strong>de</strong> variáveis quantitativas<br />

recodificadas em variáveis qualitativas, por exemplo, a ida<strong>de</strong> recodificada em<br />

grupos etários ou a pressão arterial sistólica recodificada em variável hipertensão<br />

com as categorias “hipertenso” e “não hipertenso”.<br />

Outra técnica utilizada para variáveis quantitativas é a apresentação das estatísticas<br />

<strong>de</strong>scritivas <strong>de</strong> maior interesse, nomeadamente, média, mediana, <strong>de</strong>svio<br />

padrão, mínimo e máximo, muito utilizadas para resumir informação. O erro<br />

padrão e os intervalos <strong>de</strong> confiança a 95% para médias e proporções são outras<br />

das medidas estatísticas bastante utilizadas e que serão abordadas nesta sessão.<br />

Além <strong>de</strong>stas técnicas, a representação gráfica <strong>de</strong> resultados mostra-se como<br />

outra das formas <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> resultados estatísticos, através da qual se<br />

po<strong>de</strong> sintetizar uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, po<strong>de</strong>ndo por outro<br />

lado tornar a apresentação <strong>de</strong> um estudo mais apelativa. No entanto, <strong>de</strong>ve<br />

escolher-se o gráfico <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> variáveis e com o objectivo da<br />

análise que se preten<strong>de</strong> efectuar. Serão apresentados alguns exemplos <strong>de</strong> gráficos,<br />

nomeadamente: gráfico <strong>de</strong> barras, gráfico sectorial, box-plot, gráfico <strong>de</strong><br />

dispersão e histograma, este último muito útil para analisar a distribuição normal<br />

das variáveis.<br />

Alguns dos testes estatísticos mais utilizados na comparação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> tratamento<br />

e sua interpretação, serão também discutidos nesta sessão. Sempre<br />

que um objectivo específico <strong>de</strong> investigação envolva duas variáveis qualitativas,<br />

por exemplo comparação <strong>de</strong> proporções (taxas <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> endpoints<br />

do estudo, taxas <strong>de</strong> sucesso, incidência <strong>de</strong> acontecimentos adversos) entre<br />

grupos <strong>de</strong> tratamento (tratamento experimental versus placebo), po<strong>de</strong>-se pensar<br />

como primeira forma <strong>de</strong> análise estatística, que nos permita concluir se as<br />

diferenças são estatisticamente significativas, o teste do Qui-quadrado, ou<br />

teste exacto <strong>de</strong> Fisher (em tabelas <strong>de</strong> 2x2). Se por outro lado o objectivo específico<br />

<strong>de</strong> investigação for a comparação <strong>de</strong> médias entre dois grupos <strong>de</strong> tratamento,<br />

então o mais natural será a aplicação do teste t-Stu<strong>de</strong>nt para duas<br />

amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Se o que se preten<strong>de</strong> é a comparação <strong>de</strong> médias entre<br />

mais <strong>de</strong> dois grupos <strong>de</strong> tratamento o teste estatístico mais usual é a ANOVA<br />

a um factor. Claro que, estes testes serão aplicáveis se os pressupostos inerentes<br />

a cada um forem válidos, caso contrário <strong>de</strong>vem usar-se os testes não paramétricos<br />

<strong>de</strong> Mann-Whitney U para duas amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou <strong>de</strong><br />

Kruskal-Wallis para mais <strong>de</strong> duas amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

Outro tipo <strong>de</strong> análise estatística muito utilizada é a análise <strong>de</strong> sobrevivência<br />

<strong>de</strong> Kaplan-Meier, que permite estimar tempos <strong>de</strong> sobrevivência ao evento que<br />

traduz o resultado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (por exemplo a morte) e comparar as sobrevivências<br />

entre grupos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes por exemplo entre grupos <strong>de</strong> tratamento<br />

(teste Log-rank). E ainda, a análise <strong>de</strong> regressão logística que se aplica a<br />

situações em que se preten<strong>de</strong> explicar ou predizer resultados <strong>de</strong> uma dada<br />

variável binária (0/1) – outcome ou endpoint do estudo – em função <strong>de</strong> diversas<br />

variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – variáveis preditoras - sejam estas quantitativas<br />

ou qualitativas recodificadas em 0/1. Por exemplo, comparação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

tratamento face a um endpoint binário 0/1, com efeito odds ratio ajustado<br />

para eventuais confundimentos <strong>de</strong> outras variáveis (por exemplo, variáveis<br />

cujos grupos <strong>de</strong> tratamento se revelaram heterogéneos).<br />

A Estatística apresenta uma panóplia <strong>de</strong> técnicas e testes estatísticos, que<br />

po<strong>de</strong>m ser utilizados em diversas situações. Cabe ao estatística <strong>de</strong>cidir qual a<br />

melhor forma <strong>de</strong> resolver o problema através <strong>de</strong> todas essas técnicas e testes.<br />

Bibliografia<br />

1. Aguiar P (2007). Guia Prático Climepsi <strong>de</strong> Estatística em Investigação Epi<strong>de</strong>miológica.<br />

Lisboa: Climepsi Editores<br />

2. Oliveira AG (2009). Bioestatistica, Epi<strong>de</strong>miologia e Investigação – Teoria e Aplicações.<br />

Lisboa: Li<strong>de</strong>l.<br />

3. Altman D.G. (1991). Practical statistics for medical research. London: Chapman & Hall.<br />

4. Pocock S.J. (1983). Clinical Trials: a practical approach. Chichester: Jonh Wiley & Sons.<br />

Introdução à investigação em saú<strong>de</strong>: princípios, <strong>de</strong>senho e análise <strong>de</strong><br />

estudos<br />

Pedro Aguiar<br />

Lisboa<br />

Ensaio clinico RCT (Randomized Controlled Trial) com dois grupos <strong>de</strong><br />

tratamento paralelo<br />

Experimental studies provi<strong>de</strong> the strongest evi<strong>de</strong>nce that a given exposure is the<br />

cause of a disease or other condition or that a preventive or therapeutic intervention<br />

is effective. In experimental studies, the investigator randomly assigns<br />

individuals or another unit either to be exposed or not exposed to an intervention<br />

and then follows them through time to <strong>de</strong>termine the outcomes of interest.<br />

Randomization attempts to create comparability on factors other than exposure<br />

between those who are and are not assigned to the exposure or intervention –<br />

- Brownson and Petiti (1998) Applied epi<strong>de</strong>miology: theory to practice<br />

To some people the term “clinical trial” is synonymous with such a full-scale<br />

phase III trial, which is the most rigorous and extensive type of scientific cli -<br />

ni cal investigation of a new treatment –<br />

- Pocock (1983) Clinical Trials<br />

As populações <strong>de</strong> estudo são seleccionadas com critérios <strong>de</strong> inclusão/exclusão<br />

muito restritos; maior valida<strong>de</strong> interna versus menor valida<strong>de</strong> externa<br />

(valida<strong>de</strong> dos resultados na população real).<br />

O <strong>de</strong>senho possui geralmente uma variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte grupo <strong>de</strong> trata -<br />

mento, várias variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que caracterizam os doentes (sócio<strong>de</strong>mográfico,<br />

doença), várias variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> eficácia endpoints primário<br />

e secundários) e várias variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> segurança.<br />

Geralmente as questões <strong>de</strong> investigação e objectivos <strong>de</strong> estudo relacionam a<br />

variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte grupo <strong>de</strong> tratamento com as variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

eficácia e segurança:<br />

- O novo tratamento é superior ao placebo?<br />

- O novo tratamento é não inferior ao standard?<br />

Os grupos <strong>de</strong> tratamento são homogéneos (equilibrados) face às características<br />

dos doentes <strong>de</strong>vido à aleatorização dos tratamentos. Esta aleatorização permite<br />

evitar o confundimento, ou seja, os grupos <strong>de</strong> tratamento são homogéneos,<br />

ou verifica-se a não existência <strong>de</strong> associação entre a variável grupo <strong>de</strong><br />

tratamento e as características do doente que po<strong>de</strong>m influenciar o endpoint.<br />

O “grupo exposto” é o tratamento experimental e o “grupo não exposto” é o<br />

tratamento <strong>de</strong> controlo ou placebo.<br />

O estudo é longitudinal prospectivo (tipo coorte clínico), com endpoints<br />

medidos no seguimento (follow-up).<br />

Os endpoints <strong>de</strong> eficácia, po<strong>de</strong>m ser favoráveis para o doente como o sucesso,<br />

a remissão, a resposta ao tratamento, ou alternativamente po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sfavoráveis<br />

como a recidiva, a progressão da doença ou morte. Os endpoints<br />

<strong>de</strong> segurança mostram aspectos <strong>de</strong>sfavoráveis, tais como eventos adversos e<br />

valores sanguíneos alterados com significado clínico.<br />

O efeito <strong>de</strong> eficácia experimental é medido através <strong>de</strong> medidas estatísticas, tais<br />

como a taxa <strong>de</strong> sucesso, a taxa <strong>de</strong> incidência, a diferença <strong>de</strong> riscos com o número<br />

necessário tratar para obter um sucesso (ou para evitar um fracasso), a razão<br />

<strong>de</strong> riscos tal como o risco relativo, o benefício relativo, o hazard ratio em análise<br />

<strong>de</strong> sobrevivência e a consequente redução e excesso relativo <strong>de</strong> risco.<br />

O efeito da eficácia também po<strong>de</strong> também ser medido com recurso a médias,<br />

medianas e diferenças entre médias no caso <strong>de</strong> endpoints numéricos.<br />

Observational study <strong>de</strong>finition – Epi<strong>de</strong>miologic study that does not involve<br />

any intervention, experimental or otherwise. Such a study may be one in<br />

which nature is allowed to take its course, with changes in one characteristic<br />

being studied in relation to changes in other characteristics. Analytic epi<strong>de</strong>miologic<br />

methods, such as case-control and cohort study <strong>de</strong>signs, are pro -<br />

perly called observational epi<strong>de</strong>miology because the investigator is obser -<br />

ving without intervention other than record, classify, count, and statisti cally<br />

analyze results –<br />

- Last (1995) A Dictionary of Epi<strong>de</strong>miology<br />

Estudo coorte clássico:<br />

In the typical prospective cohort study, persons free of the condition of inte -<br />

rest at the time the study begins are classified according to their level of expo-<br />

S11

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