acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S115<br />
do sexo masculino. A ida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 6 anos e cerca <strong>de</strong> um terço tinham até<br />
2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Entre a sintomatologia mais frequente <strong>de</strong>stacou-se febre<br />
(96,6%), tosse (87,7%), rinorreia (60,4%), odinofagia (40,5%) e cefaleias<br />
(38,7%). A asma/sibilância recorrente e a patologia cardiovascular foram as<br />
principais comorbilida<strong>de</strong>s, tanto em ambulatório como em internamento. A<br />
gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um contacto foi uma causa importante <strong>de</strong> requisição do teste em<br />
regime <strong>de</strong> ambulatório. A maioria dos testes (71,8%) foi realizada em ambulatório.<br />
No total, 54,4% foram positivos. Em ambulatório a maioria dos testes<br />
realizados teve resultado positivo (65,5%) contrariamente ao que se verificou<br />
em internamento (26,3%). A pesquisa <strong>de</strong> Vírus Influenza A (H1N1) foi reali -<br />
zada em média aos 2,6 dias <strong>de</strong> doença. O diagnóstico <strong>de</strong> infecção respiratória<br />
baixa (pneumonia e bronquiolite) predominou nas crianças internadas<br />
(54,6%), ao invés do regime <strong>de</strong> ambulatório em que o síndrome gripal foi mais<br />
frequente (92%). Conclusão: O teste para Pesquisa <strong>de</strong> Vírus Influenza A<br />
(H1N1) por RT-PCR <strong>de</strong>monstrou utilida<strong>de</strong> na prática clínica. Nos períodos <strong>de</strong><br />
maior activida<strong>de</strong> gripal foram requisitados maior número <strong>de</strong> testes e predo -<br />
minaram os resultados positivos, verificando-se uma relação inversa quando a<br />
activida<strong>de</strong> gripal diminuiu. Os factores <strong>de</strong> risco conhecidos, nomeadamente as<br />
patologias pulmonar e cardiovascular, a gravi<strong>de</strong>z e ida<strong>de</strong> inferior a 2 anos,<br />
foram motivos importantes para a requisição do teste.<br />
Palavras-chave: Gripe A, Vírus Influenza A (H1N1), Estudo retrospectivo.<br />
PD196 - Gripe A – Casuística da Infecção Pelo Vírus Influenza A (H1N1)<br />
no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> <strong>de</strong> um Hospital Central<br />
Duarte Malveiro 1 ; Pedro Flores 1 ; Eduarda Sousa 1 ; José Carlos Guimarães 1<br />
1- Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier - CHLO<br />
Introdução: A maioria dos casos <strong>de</strong> infecção pelo Vírus Influenza A (H1N1)<br />
são ligeiros e auto-limitados, embora estejam <strong>de</strong>scritos casos graves e formas<br />
fatais. A sintomatologia mais frequente é a febre e a tosse, por vezes acompa -<br />
nhadas por odinofagia, rinorreia, mal-estar, cefaleias e mialgias. Os sintomas<br />
gastrintestinais (náuseas, vómitos e diarreia) são mais frequentes do que na<br />
gripe sazonal. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo dos casos <strong>de</strong><br />
infecção pelo Vírus Influenza A (H1N1) confirmados laboratorialmente por<br />
RT-PCR no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> <strong>de</strong> um Hospital Central entre Setem bro e<br />
Dezembro <strong>de</strong> 2009. Avaliaram-se os seguintes parâmetros: sexo; ida<strong>de</strong>; sintomatologia;<br />
gravida<strong>de</strong> (Critérios da DGS); complicações; comorbilida<strong>de</strong>s e<br />
terapêutica. Nas crianças internadas analisaram-se também as alterações laboratoriais<br />
e radiográficas. Resultados: Durante os 4 meses foram confirmados<br />
laboratorialmente 191 casos <strong>de</strong> infecção pelo Vírus Influenza A (H1N1),<br />
54,0% eram crianças do sexo masculino e 13,6% foram internadas. A ida<strong>de</strong><br />
média foi <strong>de</strong> 6,6 anos (1M – 18A), sendo que 42,3% das crianças internadas<br />
tinham ida<strong>de</strong> inferior a 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Entre a sintomatologia mais frequente<br />
<strong>de</strong>stacou-se a febre (97,9%), tosse (93,7%), rinorreia (57,6%), cefaleias<br />
(55,0%) e odinofagia (49,2%). Os sintomas gastrintestinais, nomeadamente<br />
vómitos (32,5%), diarreia (15,2%) e náuseas (9,9%) foram frequentes. A gra -<br />
vi da<strong>de</strong> foi ligeira em 82,2%, sendo os restantes casos mo<strong>de</strong>rados. A asma/si -<br />
bi lância recorrente, a patologia cardiovascular e a ida<strong>de</strong> até 2 anos foram as<br />
principais comorbilida<strong>de</strong>s, tanto em ambulatório como em internamento. A<br />
terapêutica com Oseltamivir foi instituída em 28,6% dos casos confirmados<br />
em ambulatório e em 80,8% dos internados, tendo-se verificado efeitos adversos,<br />
nomeadamente vómitos, em 4,2%. O Internamento foi em média <strong>de</strong> 2,7<br />
dias, 42,3% tinham padrão radiológico <strong>de</strong> pneumonia, 26,9% cumpriram<br />
antibioticoterapia e 19,2% necessitaram <strong>de</strong> oxigenoterapia. Uma criança teve<br />
um <strong>de</strong>rrame pericárdico ligeiro que resolveu sem sequelas. Conclusão: A<br />
totalida<strong>de</strong> dos casos confirmados laboratorialmente consistiu em formas<br />
ligeiras a mo<strong>de</strong>radas da doença. A única complicação registada foi um <strong>de</strong>rrame<br />
pericárdico ligeiro. A sintomatologia mais frequente, assim como a percen -<br />
tagem <strong>de</strong> crianças com sintomas gastrintestinais estão concordantes com os<br />
dados da literatura. O Oseltamivir mostrou-se seguro na ida<strong>de</strong> pediátrica.<br />
Palavras-chave: Gripe A, Vírus Infleunza A (H1N1), Estudo retrospectivo.<br />
PD197 - Herpes Zoster num Lactente <strong>de</strong> Três Meses <strong>de</strong> Ida<strong>de</strong><br />
Duarte Malveiro 1 ; Raquel Firme 2 ; Sofia Deuchan<strong>de</strong> 2 ; Ana Pinheiro 2 ; Anabela<br />
Brito 2 ; Nuno Lynce 2<br />
1- Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier - CHLO; 2- Departamento da Mulher e<br />
da Criança, HPP Hospital <strong>de</strong> Cascais<br />
Introdução: O Herpes Zoster é causado pela reactivação do vírus Varicella<br />
Zoster (VZV) após infecção primária (varicela). Tem uma incidência <strong>de</strong><br />
74/100.000 crianças por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento até aos 9 anos, aumentado<br />
progressivamente com a ida<strong>de</strong>. Os autores apresentam este caso pela sua rarida<strong>de</strong><br />
em lactentes e pela ausência <strong>de</strong> quadro clínico típico prévio <strong>de</strong> varicela.<br />
Caso Clínico: Lactente do sexo feminino, três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com antece -<br />
<strong>de</strong>ntes familiares e pessoais irrelevantes. Internada ao 3º dia <strong>de</strong> doença, para<br />
esclarecimento <strong>de</strong> quadro clínico caracterizado pelo aparecimento <strong>de</strong> uma<br />
lesão maculo-papular, inicialmente no pé esquerdo, e que evoluiu posteriormente<br />
para aglomerados papulo-vesiculares que se esten<strong>de</strong>ram à perna homolateral.<br />
Salienta-se o contacto às duas semanas <strong>de</strong> vida com irmã com vari cela,<br />
mas sem <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> manifestações clínicas da doença. À obser vação,<br />
objectivavam-se lesões papulo-vesiculares com discreto eritema circundante,<br />
envolvendo os <strong>de</strong>rmátomos L4 e L5, sem exsudado purulento. As serologias<br />
para VZV foram positivas para IgG e negativas para IgM. Cumpriu cinco dias<br />
<strong>de</strong> terapêutica com aciclovir endovenoso 30 mg/kg/dia com boa evolução<br />
clínica e sem complicações. Discussão: O Herpes Zoster é raro no primeiro<br />
ano <strong>de</strong> vida, po<strong>de</strong>ndo surgir em crianças imunocom petentes e saudáveis<br />
expostas ao vírus durante os períodos intra-uterino ou pós-natal. Neste caso, a<br />
lactente manifestou a doença aos três meses, sem clínica prévia <strong>de</strong> varicela,<br />
apesar do contacto com a infecção às duas semanas <strong>de</strong> vida. Admite-se que os<br />
anticorpos anti-VZV maternos que atravessam a placenta para o feto possam<br />
ter alterado a história natural da varicela, permi tindo uma forma subclínica da<br />
doença, que terá precedido o Herpes Zoster. Tal como <strong>de</strong>scrito na literatura, a<br />
instituição da terapêutica com aciclovir até às 72 horas <strong>de</strong> doença, pareceu<br />
contribuir para o <strong>de</strong>saparecimento mais rá pido das lesões.<br />
Palavras-chave: Herpes Zoster, Varicela, Lactente<br />
PD198 - Leishmaniose Visceral - um caso <strong>de</strong> difícil diagnóstico<br />
Catarina Figueiredo 1 ; Sofia Antunes 2 ; Cristina Silvério 3 ; Mafalda Martins 3<br />
1- HPP - Hospital <strong>de</strong> Cascais; 2- HPP Hospital <strong>de</strong> Cascais; 3- Hpp Hospital<br />
<strong>de</strong> Cascais<br />
Introdução: A Leishmaniose Visceral é uma zoonose endémica no medi -<br />
terrâneo, causada pelo Leishmania infatum. É um parasita intracelular do sistema<br />
fagócito-mononuclear, afectando órgãos como o baço, fígado e medula<br />
óssea. A transmissão ao homem ocorre através da picada do insecto Phlebo -<br />
tomus spp e o principal reservatório é o cão. O diagnóstico faz-se através da<br />
visualização <strong>de</strong> amastigotas no mielograma ou por observação <strong>de</strong> promasti -<br />
gotas em cultura. Têm sido reportados em Portugal cerca <strong>de</strong> 15 casos por ano.<br />
Descrição <strong>de</strong> caso: Criança <strong>de</strong> oito meses, sexo feminino, raça branca, com<br />
antece<strong>de</strong>ntes pessoais e familiares irrelevantes, a residir em Portugal e sem<br />
viagens recentes ou contactos com animais, recorre ao Serviço <strong>de</strong> Urgência<br />
por quadro <strong>de</strong> febre alta intermitente com sete dias <strong>de</strong> evolução e três episódios<br />
<strong>de</strong> vómitos alimentares. À observação apresentava um bom estado geral<br />
e <strong>de</strong>stacava-se: pali<strong>de</strong>z da pele e mucosas, hiperemia da orofaringe com ponteado<br />
branco e ponta <strong>de</strong> baço palpável. Analiticamente salientava-se anemia<br />
microcítica hipocrómica (hemoglobina <strong>de</strong> 6.5 g/dl), parâmetros <strong>de</strong> infecção<br />
elevados, si<strong>de</strong>rémia baixa com ferritina normal, hipoalbuminémia, hemo -<br />
cultura e urocultura negativas e serologias virais negativas (EBV, CMV,<br />
Parvo vírus, HAV, HBV, HCV, HIV). Iniciou antibioterapia com Gentamicina<br />
+ Piperacilina + Tazobac. Durante o internamento houve manutenção da<br />
febre alta. As análises ao 5º dia revelaram pancitopénia. Ao 7º dia realizou<br />
mielograma: medula reactiva, sem doença mieloproliferativa, com amasti -<br />
gotas intra e extra-celulares <strong>de</strong> Leishmania sp. Cumpriu cinco dias <strong>de</strong> tera -<br />
pêutica com Anfotericina B lisossómica a 3mg/Kg/dia, sem intercorrências,<br />
repetindo a dose 14 e 21 dias após a 1ª toma. Ficou apirética no 11º dia <strong>de</strong><br />
internamento, tendo alta três dias <strong>de</strong>pois. Discussão: Apesar <strong>de</strong> relativamente<br />
rara, a Leishmaniose visceral <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada no diagnóstico diferencial<br />
<strong>de</strong> uma criança com febre e pancitopénia ou anemia grave. Esta po<strong>de</strong> ser causada<br />
por substituição da medula óssea por parasitas, sequestração esplénica,<br />
hemorragia, hemodiluição ou hemólise. A presença <strong>de</strong> esplenomegalia,<br />
hepatomegalia, hipergamaglobulinémia e hipoalbuminémia po<strong>de</strong>m auxiliar<br />
no diagnóstico. Quando realizado atempadamente, o tratamento é eficaz e<br />
permite a cura <strong>de</strong>finitiva na maioria dos casos.<br />
Palavras-chave: Leishmaniose, febre, pancitopénia, Anfotericina<br />
PD199 - Casuística dos Internamentos por Suspeita <strong>de</strong> H1N1 num Hos -<br />
pital <strong>de</strong> Nível II<br />
Sofia Moura Antunes 1 ; Raquel Firme 1 ; Duarte Malveiro 2 ; Filipa Vieira 2 ;<br />
Cristina Silvério 1 ; Mafalda Martins 1<br />
1- HPP-Hospital <strong>de</strong> Cascais; 2- Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier - CHLO<br />
Introdução: Apesar da infecção pelo Vírus Influenza A (H1N1)-Gripe A se<br />
associar a elevada morbilida<strong>de</strong>, a maioria dos casos são agudos e auto-limitados,<br />
sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internamento que, quando existe, se <strong>de</strong>ve essencial-<br />
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