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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S67<br />

tação neonatal está geralmente associada a formas mais graves, nestas para<br />

além do envolvi mento cutâneo, po<strong>de</strong> existir envolvimento das mucosas<br />

(prognóstico adverso). Apresenta-se o caso clínico <strong>de</strong> um recém-nascido<br />

(RN) com diagnóstico <strong>de</strong> EB com extenso envolvimento cutâneo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

primeiras horas <strong>de</strong> vida. Caso clínico: RN do sexo masculino, 1 dia <strong>de</strong> vida.<br />

Gestação vigiada sem intercorrências. Parto eutócico às 37 semanas. Nas<br />

primeiras 24h horas <strong>de</strong> vida surgiram bolhas localizadas nos membros inferiores<br />

e nas mãos. Na admissão, constatadas lesões na pele dos membros e<br />

dorso e na mucosa oral. Iniciou cuidados cutâneos específicos e terapêut ica<br />

analgésica e antibiótica. No internamento constatou-se progressão <strong>de</strong> lesões<br />

cutâneas com formação espontânea <strong>de</strong> bo lhas. Por ausência <strong>de</strong> sucção, presença<br />

<strong>de</strong> lesões na mucosa oral e por risco <strong>de</strong> hemorragia digestiva só fez<br />

alimentação parentérica. Sempre em respiração espontânea e, nos primeiros<br />

dias, estável do ponto <strong>de</strong> vista hemodinâmico e hidro-electrolítico. Em D5<br />

proce<strong>de</strong>u-se a colheita <strong>de</strong> biopsia <strong>de</strong> pele para diagnóstico estrutural (forma<br />

simples) e sangue perifé rico para diagnóstico mole cular. Em D6 <strong>de</strong> vida,<br />

apesar <strong>de</strong> re-epitelização <strong>de</strong> lesões cutâneas iniciais, veri ficou-se agravamento<br />

clínico com anasarca, oligúria, e laboratorial (trombocitopénia, anemia,<br />

hiponatrémia, hipoalbuminemia, elevação <strong>de</strong> ureia, elevação progressiva<br />

<strong>de</strong> proteína C reactiva, isola mento <strong>de</strong> Pseudomonas aeruginosa em<br />

hemocultura), falecendo em D7. A autópsia revelou, para além das lesões<br />

cutâ neas, erosões da mucosa oral e terço superior do esófago, mucosa<br />

gástrica e vesical. Sem atrésia do piloro. Comentário: O manuseamento <strong>de</strong><br />

RN com suspeita <strong>de</strong> EB é complexo e exigente, mas com objectivos bem<br />

<strong>de</strong>finidos (medidas que impeçam a formação <strong>de</strong> novas bolhas e promovam<br />

a cicatrização das lesões já existentes, controlo da dor, prevenção e tratamento<br />

da infecção, manu tenção do equilíbrio hidro-electrolítico e optimi -<br />

zação calórica). O diagnóstico estrutural <strong>de</strong> EB no pe ríodo neonatal é <strong>de</strong>cisivo,<br />

permitindo <strong>de</strong>finir prognós tico, orientação terapêutica futura e aconselhamento<br />

genético aos pais.<br />

Palavras-chave: Epi<strong>de</strong>rmólise bolhosa, período neonatal, diagnóstico estrutural<br />

e molecular.<br />

PD22 - Miocardite associada a coinfecção aguda por Parvovírus B19 e<br />

Herpes 6<br />

Mariana Magalhães 1 ; Isabel Soro 1 ; Liliana Pinheiro 1 ; Marta João Silva 2 ;<br />

Lur<strong>de</strong>s Lisboa 3 ; Patrícia Costa 4 ; Augusto Ribeiro 3<br />

1- Hospital <strong>de</strong> São João; 2- Hospital <strong>de</strong> São João - Cuidados Intensivos<br />

Pediátricos; 3- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Pediátricos do H. S. João;<br />

4- Hos pital <strong>de</strong> São João - Cardiologia Pediátrica<br />

Introdução: A miocardite é uma entida<strong>de</strong> rara e muitas vezes subdiagnosti -<br />

cada. A etiologia vírica é a mais frequente em pediatria e a associação <strong>de</strong><br />

dife rentes agentes virais po<strong>de</strong> ser fatal. Caso Clínico: Os autores apresentam<br />

o caso clínico <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 16 meses, sexo masculino, terceiro<br />

filho <strong>de</strong> pais jovens, saudáveis e não consanguíneos. Saudável até 24 horas<br />

antes do internamento, altura em que inicia quadro <strong>de</strong> tosse e dificulda<strong>de</strong><br />

respiratória, sem febre, associado a pali<strong>de</strong>z, hepatomegalia e <strong>de</strong>ssaturação<br />

(SpO2 80%, ar ambiente). Por agravamento súbito e <strong>de</strong>pressão do estado <strong>de</strong><br />

consciência, é efec tuada intubação endotraqueal, seguida <strong>de</strong> paragem<br />

cardíaca em assistolia, com recuperação para ritmo sinusal após quatro minutos<br />

<strong>de</strong> reanimação. A radio grafia torácica revelou cardiomegalia e o ecocardiograma<br />

confirmou cardio mio patia dilatada. Foi transferido para o<br />

Serviço <strong>de</strong> Cuidados Inten si vos Pediá tricos tendo-se verificado dilatação<br />

marcada do ventrículo esquerdo (54 mm), com uma fracção <strong>de</strong> ejecção 30%<br />

e <strong>de</strong>rrame pericárdico circunfe rencial com colapso da aurícula direita no<br />

ecocardiograma. Encontrava-se sob o efeito <strong>de</strong> dopamina e dobutamina,<br />

tendo esta última sido substituída por milrinona. Iniciou também diuréticos<br />

e antiagregante plaquetário. Foi isolado no sangue Parvovírus B19 e Herpes<br />

6 por PCR, tendo cumprido 10 dias <strong>de</strong> ceftriaxone e 14 dias <strong>de</strong> ganciclovir.<br />

Por persistência da disfunção cardíaca, efectuou perfusão <strong>de</strong> levosimendan<br />

em D9. Posteriormente diminuiu o suporte inotrópico, que manteve até<br />

D18, tendo iniciado inibidores da enzima <strong>de</strong> conversão da angiotensina.<br />

Boa evolução clínica, não apresentando lesões residuais no ecocardiograma<br />

à data <strong>de</strong> alta. Conclusão: Encontramos apenas um caso <strong>de</strong>scrito na literatura<br />

<strong>de</strong> miocardite secundário a Parvovírus B19 e HSV6, cujo <strong>de</strong>sfecho foi<br />

fatal. Neste caso verificou-se uma evolução clínica favorável, sem sequelas<br />

a curto prazo. Apesar <strong>de</strong> invulgar, este caso <strong>de</strong>staca a importância <strong>de</strong> reco -<br />

nhecer uma co-infecção primária perante esta etiologia.<br />

Palavras-chave: Miocardite, Parvovírus B19, Herpes 6.<br />

PD23 - Desafios no tratamento do traumatismo vertebro-medular numa<br />

criança em ida<strong>de</strong> pré-escolar<br />

Ana Sofia Nicolau 1 ; Inês Sousa 1 ; Francisco Abecasis 2 ; Cristina Camilo 3 ;<br />

Joana Rios 3 ; Marisa Vieira 3 ; Manuela Correia 3<br />

1- HSFX, CHLO; 2- HSM, CHLN; 3- HSM, CHLN<br />

Introdução: Em Portugal os aci<strong>de</strong>ntes são a primeira causa <strong>de</strong> morte e incapacida<strong>de</strong><br />

permanente na ida<strong>de</strong> pediátrica. O traumatismo vertebro-medular,<br />

apesar <strong>de</strong> raro na infância, condiciona gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência e morbilida<strong>de</strong>.<br />

Caso Clínico: Rapaz <strong>de</strong> 4 anos, previamente saudável. Vítima <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte<br />

com máquina agrícola com mecanismo <strong>de</strong> esmagamento e estrangulamento.<br />

No local estava inconsciente, bradicárdico e bradipneico, mobilizando o<br />

membro superior direito em resposta à dor. Transportado para a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cuidados Intensivos imobilizado, intubado e ventilado. Após avaliação clí -<br />

nica e imagiológica por equipa multidisciplinar confirmou-se traumatismo<br />

vertebro-medular C5 -7 com fractura <strong>de</strong> C6; traumatismo da face com fractura<br />

da parasínfise e côndilos mandibulares, luxação das cavida<strong>de</strong>s glenoi -<br />

<strong>de</strong>ias e fractura do pavimento da órbita; contusão pulmonar e abrasões torácicas.<br />

Foi submetido a artro<strong>de</strong>se cervical em D4. A intervenção sobre as<br />

lesões faciais foi protelada por manter instabilida<strong>de</strong> da coluna cervical.<br />

Ventilação mecânica invasiva até D14, não invasiva até D40. Por choque neurogénico<br />

manteve suporte aminérgico até D7. Recuperação do estado <strong>de</strong><br />

cons ciência, sem compromisso das funções nervosas superiores, mas com<br />

tetraplegia com nível sensitivo em C6 e motor em C7. Por hipoventilação e<br />

tosse ineficaz condicionada pela parésia dos músculos intercostais necessitou<br />

<strong>de</strong> suporte frequente com cinesioterapia e tosse assistida mecânica. Teve dois<br />

episódios <strong>de</strong> infecção respiratória associados a cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A lesão<br />

mandibular obrigou a intervenção por terapeuta da fala, com recuperação da<br />

alimentação oral e linguagem. Manteve algaliação intermitente por bexiga<br />

neurogénica, tendo-se verificado 2 episódios <strong>de</strong> infecção urinária. Teve apoio<br />

da Medicina Física e Reabilitação e Pedopsiquiatria. Transferido em D52<br />

para o Centro <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Alcoitão. Discussão: Este caso permitiu<br />

rever os <strong>de</strong>safios multissitémicos da abordagem inicial do traumatismo vertebro-medular<br />

grave. Nesta criança, a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> ventilação mecânica<br />

levou a consi<strong>de</strong>rar a hipótese <strong>de</strong> traqueostomia para suporte ventilatório. A<br />

opção pela reabilitação com ventilação não invasiva e tosse assistida permitiu<br />

a autonomia respiratória total. De realçar a importância da abordagem<br />

multidisciplinar na optimização do prognóstico <strong>de</strong>stes doentes.<br />

Palavras-chave: Traumatismo vertebro-medular, hipoventilação<br />

Área Científica - Outros<br />

PD24 - Um caso <strong>de</strong> Síndrome Cardiofaciocutâneo<br />

Joana Extreia 1 ; Paula Afonso 1 ; Patrícia Dias 2 ; Susana Rocha 1 ; Ana Berta<br />

Sousa 2 ; Cristina Di<strong>de</strong>let 3 ; Dulce Machado 3 ; Isabel Bretes 1<br />

1- Hospital Nossa Senhora do Rosário, Centro Hospitalar Barreiro Montijo;<br />

2- Hospital <strong>de</strong> Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte; 3- Hospital<br />

Nossa Senhora do Rosário, Centro Hospitalar Barreiro Montijo<br />

O Síndrome Cardiofaciocutâneo (SCFC) é raro (100 casos <strong>de</strong>scritos na litera -<br />

tura) e caracteriza-se por dismorfia craniofacial, malformações ectodérmicas,<br />

cardiopatia congénita, atraso global do <strong>de</strong>senvolvimento e hipotonia. Sem<br />

predominância <strong>de</strong> género ou raça, a maioria dos casos é esporádica, provavelmente<br />

<strong>de</strong>vida a uma mutação <strong>de</strong> novo. Apresenta-se o caso clínico <strong>de</strong> uma<br />

criança do sexo masculino, filho <strong>de</strong> mãe com 40 anos, gravi<strong>de</strong>z vigiada com<br />

hidrâmnios às 30 semanas. Parto por ventosa às 33 semanas, índice <strong>de</strong> Apgar<br />

2/6, peso ao nascer 2204g, perímetro cefálico 32,5cm. À observação <strong>de</strong>stacava-se<br />

o facies peculiar, com hipertelorismo, ausência <strong>de</strong> pestanas e sobrance -<br />

lhas, filtro longo, pavilhões auriculares gran<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>scolados, implantação<br />

irregular do cabelo (frisado e áspero), pele espessada com hipotricose, e hipotonia<br />

axial. Diagnosticada comunicação interauricular (CIA) e interventri -<br />

cular sub-aórtica, com insuficiência mitral significativa. Fez Ressonância<br />

Mag nética Crânio-encefálica que revelou alterações do cerebelo (espectro<br />

Dandy-Walker) e displasia cortical do tipo polimicrogiria. Actualmente com<br />

2 anos, mantém as alterações cutâneas <strong>de</strong>scritas, atraso do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

psicomotor e realizou angioplastia para encerramento <strong>de</strong> CIA. O estudo gené -<br />

tico confirmou mutação no gene BRAF compatível com SCFC. Sem tratamento<br />

específico para este síndrome, <strong>de</strong>staca-se a importância da intervenção<br />

precoce, acompanhamento multidisciplinar e aconselhamento genético.<br />

Palavras-chave: Síndrome Cardiofaciocutâneo.<br />

S67

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