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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S117<br />

bém no nosso país mas em Portugal, a informação disponível é limitada. As<br />

infecções graves têm sido <strong>de</strong>scritas como predominantemente associadas à<br />

produção <strong>de</strong> leukodicin Panton-Valentine (PVL). Descrição <strong>de</strong> Caso: Ado -<br />

lescente <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sexo feminino, atleta <strong>de</strong> alta competição,<br />

previa mente saudável, com febre e dor na mobilização da anca direita, sem<br />

traumatismo conhecido. Após uma semana mantinha quadro álgico com<br />

claudicação da marcha, febre e agravamento do estado geral. Apresentava<br />

leuco citose (15x103/mm3) e elevação da proteína C reactiva (29.5mg/dl). A<br />

eco grafia da anca revelou artrite com efusão e a ressonância magnética<br />

mostrou ainda miosite, fasceite, osteomielite do acetábulo e osteonecrose da<br />

cabeça do fémur à direita. A TC torácica mostrou efusão pleural bilateral e<br />

pneumonia. Foi sujeita a múltiplas drenagens cirúrgicas e medicada com<br />

vancomicina, rifampicina e gentamicina. Na hemocultura realizada na<br />

admissão e exame bacteriólogico do exsudado articular foi i<strong>de</strong>ntificado<br />

MRSA com resistência à clindamicina e ciprofloxacina com CIM para vancomicina<br />

<strong>de</strong> 1.0mg/L. A amplificação por técnicas <strong>de</strong> PCR foi negativa para<br />

a presença da PVL. Ao 16º dia <strong>de</strong> internamento, por agravamento clínico e<br />

imagiológico iniciou linezoli<strong>de</strong> com melhoria clínica e imagiológica progressiva.<br />

Discussão: Este é um dos poucos casos <strong>de</strong> infecção invasiva grave<br />

por CA-MRSA relatados em Portugal. Apesar da gravida<strong>de</strong>, o MRSA não<br />

produziu PVL, sugerindo que talvez outros factores <strong>de</strong> virulência possam<br />

estar envolvidos. O tratamento empírico <strong>de</strong>verá incluir vancomicina. A associação<br />

com rifampicina é aconselhável nas infecções graves, rapidamente<br />

progressivas e o linezoli<strong>de</strong> justifica-se em situações <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>,<br />

ausência <strong>de</strong> resolução do quadro ou quando a CIM para a vancomicina seja<br />

elevada (&gt;1-1,5 mg/L).<br />

Palavras-chave: MRSA, Panton-Valentine, Doença invasiva.<br />

PD204 - Meningite em adolescente por agente pouco frequente<br />

Maria Carlos Janeiro 1 ; Joana Faleiro 1 ; Paula Correia 1 ; António Figueiredo 1 ;<br />

Maria João Brito 1<br />

1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE<br />

Introdução: A Listeria monocytogenes é um agente raro que infecta imuno -<br />

<strong>de</strong>primidos, ida<strong>de</strong>s extremas da vida, grávidas e, ocasionalmente indivíduos<br />

saudáveis. A invasão do sistema nervoso central (SNC) e a bacteriemia são as<br />

principais manifestações clínicas. A mortalida<strong>de</strong> é variável e é <strong>de</strong>terminada<br />

pelo estado imunológico do doente, local <strong>de</strong> infecção e precocida<strong>de</strong> do diagnóstico.<br />

Caso Clínico: Adolescente <strong>de</strong> 15 anos, com défice cognitivo ligeiro<br />

com febre, cefaleias frontais, fotofobia, vómitos alimentares e diarreia, com<br />

8 dias <strong>de</strong> evolução. No exame objectivo, apresentava sinais meníngeos. A<br />

referir frequência <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> jardinagem e contacto com ovelhas. Anali -<br />

ti camente, apresentava leucocitose (13100/μL com 10900/μL neutrófilos) e<br />

proteína C reactiva 3,64 mg/dL. O exame do líquor revelou 1500 células,<br />

80% <strong>de</strong> mononucleares, proteínas 72 mg/dL, glicose 57 mg/dL (glicémia <strong>de</strong><br />

114 mg/dL). Iniciou ceftriaxone. A PCR para enterovírus, vírus Epstein-Barr,<br />

a<strong>de</strong>novírus, Herpes simplex 1 e Mycoplasma pneumoniae no líquor foi nega -<br />

tiva. No exame cultural do líquor isolou-se Listeria monocytogenes pelo que<br />

suspen<strong>de</strong>u ceftriaxone e iniciou ampicilina e gentamicina. A evolução clínica<br />

foi favorável, com apirexia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> D4 sem sequelas neurológicas aparentes.<br />

As serologias para VIH foram negativas, estudo do metabolismo da oxidação,<br />

populações linfocitárias e imunoglobulinas sem alterações. Eixo interferão<br />

gama e interleucina 12/23 (IFNγ-IL12/23) em curso. Realizou otoemissões<br />

acústicas e audiograma que revelou hipoacusia bilateral ligeira. Foi feita notificação<br />

ao Delegado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Comentários: A infecção do SNC por Listeria<br />

monocytogenes é um diagnóstico pouco provável num adolescente imunocompetente,<br />

obrigando à investigação <strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiências primárias e<br />

secundárias. O caso <strong>de</strong>scrito chama a atenção para o diagnóstico diferencial<br />

com meningite viral e a importância que o contexto epi<strong>de</strong>miológico po<strong>de</strong> ter<br />

no diagnóstico. A antibioticoterapia a<strong>de</strong>quada é fundamental na prevenção <strong>de</strong><br />

complicações e sequelas.<br />

Palavras-chave: Meningite, Listeria monocytogenes, complicações, sequelas<br />

PD205 - Meningite no pequeno lactente por uma causa pouco frequente<br />

Tânia Serrão 1 ; Tânia Serrão 1 ; Mónica Rebelo 2 ; Maria João Brito 1<br />

1- Hospital Dona Estefânia - CHLC - EPE; 2- Hospital Santa Marta - CHLC - EPE<br />

Introdução: A meningite é, na sua maioria, consequência <strong>de</strong> infecção por<br />

bactérias ou vírus, no entanto, a inflamação das meninges po<strong>de</strong> ter outras<br />

etio logias raras como neoplasias, reacção a fármacos ou patologias<br />

imunoló gicas. Caso clínico: Lactente <strong>de</strong> 2 meses com febre há 4 dias, irritabilida<strong>de</strong><br />

e recusa alimentar. Analiticamente apresentava hemoglobina<br />

14,9mg/dl, leucó citos 12000/mm3, neutrófilos 67% e PCR 22,16 mg/dl. A<br />

hemocultura e urocultura foram negativas e a radiografia do tórax e eco -<br />

grafia renal e abdominal não revelavam alterações. Manteve-se febril e no<br />

D5 <strong>de</strong> doença realizou punção lombar, com liquor límpido, 75 celulas,<br />

PMN 75%, glicose 49 mg/dl (glicemia 83 mg/dl), proteínas 129 mg/dl e iniciou<br />

ceftriaxone e vancomi cina. Por manter febre, leucocitose e PCR elevadas<br />

realizou TC-CE que estava normal e novamente punção lombar no<br />

D7 e D10 <strong>de</strong> doença mantendo pleocitose, agora com predomínio <strong>de</strong> linfó -<br />

citos. A antibioticoterapia foi alte rada sucessivamente sem melhoria clínica<br />

e laboratorial. Os exames culturais do sangue e liquor mantinham-se negativos.<br />

Durante o D4 e D6 <strong>de</strong> internamento é <strong>de</strong>scrito um exantema macular<br />

no tronco e membros inferiores. O estudo virulogico foi negativo. No D11<br />

<strong>de</strong> doença por manutenção da febre e irritabilida<strong>de</strong> foi transferido para<br />

esclarecimento da situação. Durante o internamento observou-se e<strong>de</strong>ma das<br />

mãos e pés e hiperémia conjuntival bilate ral pelo que em D14 da doença,<br />

fez ecocardiograma que revelou boa função, sem imagens sugestivas <strong>de</strong><br />

endocardite mas com ectasia das coronárias (CE 3,2mm; CD 4,6mm) sem<br />

aneurismas. Colocou-se então o diagnóstico <strong>de</strong> D. Kawasaki pelo que fez<br />

imunoglobolina e.v., iniciou ácido acetilsalicilico e suspen<strong>de</strong>u a antibiote -<br />

rapia. No D14 <strong>de</strong> internamento, por agravamento clí nico com taquicardia e<br />

instabilida<strong>de</strong> hemodinamica foi transferida para o Serviço <strong>de</strong> Cardiologia<br />

Pediátrica on<strong>de</strong> realizou terapêutica anticongestiva com boa evolução.<br />

Actualmente mantém dilatação das artérias coronárias. Conclusão: Este<br />

caso ilustra a complexida<strong>de</strong> no diagnóstico da doença <strong>de</strong> Kawasaki no<br />

pequeno lactente em que a forma <strong>de</strong> apresentação po<strong>de</strong> ser uma meningite<br />

asséptica. Numa criança com meningite e evolução pouco habi tual este<br />

diagnostico <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado pois a terapêutica atempada reduz a<br />

incidência <strong>de</strong> sequelas cardiovasculares e <strong>de</strong> enfarte do miocárdio, o <strong>de</strong>sfecho<br />

mais temido <strong>de</strong>sta patologia.<br />

Palavras-chave: Meningite, Kawasaki.<br />

PD206 - Ascite em Ida<strong>de</strong> Pediátrica: Pensar em…<br />

Ana Isabel Cor<strong>de</strong>iro 1 ; Maria João Brito 1 ; António Bessa 1 ; Gonçalo Cor<strong>de</strong>iro<br />

Ferreira 1<br />

1- Hospital Dona Estefania– CHLC - EPE<br />

Introdução: A ascite na ida<strong>de</strong> pediátrica é uma entida<strong>de</strong> rara sendo a pato -<br />

logia hepática, renal ou cardíaca a mais <strong>de</strong>scrita. A etiologia infecciosa é<br />

uma situação <strong>de</strong> excepção. Caso Clínico: Menino <strong>de</strong> 7 anos, com febre<br />

vesper tina com quatro dias <strong>de</strong> evolução, 38,5 - 39ºC, dor abdominal com<br />

aumento do perímetro abdominal e diminuição do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>jecções. Nos<br />

últimos sete meses tinha recorrido várias vezes ao SU por febre tendo sido<br />

sempre medi cado sintomaticamente. Dois anos antes havia história <strong>de</strong><br />

viagem a São Tomé e Príncipe. Apresentava bom estado geral, mucosas<br />

<strong>de</strong>scoradas, estava anictérico, sem alterações na auscultação cardiopulmonar<br />

mas abdómen muito distendido, doloroso no flanco e fossa ilíaca direita,<br />

com sinal da onda ascí tica e sem re<strong>de</strong> venosa colateral. Sem e<strong>de</strong>ma face ou<br />

membros inferiores. Analiticamente: Hb 9,9mg/dl, leucócitos 6580/mm3,<br />

neutrófilos 45,2%, PCR 7,81mg/dl. A ecografia abdominal revelou <strong>de</strong>rrame<br />

ascítico septado, não puro, com espessamento e aumento da ecogenicida<strong>de</strong><br />

da pare<strong>de</strong> intestinal e a<strong>de</strong>nopatias na raiz do mesentério e a TAC tora coabdominal<br />

confirmou “volu mosa ascite com ligeira hepatomegalia e mar -<br />

cada distensão do cólon transverso e sigmoi<strong>de</strong>, com cólon <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

pequeno calibre sem obstrução intestinal”. Realizou paracentese com saída<br />

<strong>de</strong> liquido amarelo citri no, com 900mm3 células, predomínio <strong>de</strong> linfócitos,<br />

glicose 44mg/dl, proteínas 57,7g/l, LDH 470U/L, amilase 21U/L e trigli -<br />

ceri<strong>de</strong>os 36mg/dl. A marcha diagnóstica permitiu excluir causas renais,<br />

hepá ticas e cardíacas. O trânsito intestinal era normal mas a colonoscopia<br />

revelou e<strong>de</strong>ma marcado da válvula ileo-cecal e ileon terminal. Os exames<br />

culturais bacteriológicos, mico lógicos e <strong>de</strong> anaerobiose foram negativos,<br />

assim como coproculturas, exame parasitológico nas fezes. A PCR para<br />

complexo Mycobacteruim tuberculosis do líquido ascítico foi fracamente<br />

positiva e a prova <strong>de</strong> Mantoux <strong>de</strong> 14 mm <strong>de</strong> enduração. Foi efectuado o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> tuberculose intestinal e iniciou antibacilares com boa evolução.<br />

Posteriormente a família veio a refe rir um contacto nos seis meses anteriores<br />

com um primo com tuberculose pulmonar Comentários: A tuberculose<br />

intestinal é rara, po<strong>de</strong>ndo cursar com várias apresentações e simular outras<br />

patologias. A região ileocecal, como no caso apresentado, é o local mais frequentemente<br />

envolvido e <strong>de</strong>ve ser uma pista para o diagnóstico. A marcha<br />

diagnóstica <strong>de</strong> investigação é fundamental pois a história epi<strong>de</strong>miológica<br />

nem sempre po<strong>de</strong> estar presente.<br />

Palavras-chave: Ascite, tuberculose intestinal, criança.<br />

S117

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