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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S82<br />

coagulação VIII. A gravida<strong>de</strong> das manifestações clínicas e a ida<strong>de</strong> do diagnóstico<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do nível <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> do factor VIII. O prognóstico é<br />

variá vel e está relacionado com o grau <strong>de</strong> défice do factor, hemorragias em<br />

órgãos vitais, sequelas <strong>de</strong> hemorragias e problemas <strong>de</strong>rivados do trata mento.<br />

Caso Clínico: Lactente <strong>de</strong> 11 meses, recorreu à Urgência Pediátrica por<br />

febre, vómitos e <strong>de</strong>jecções diarreicas com 3 dias <strong>de</strong> evolução. Antece<strong>de</strong>ntes<br />

pessoais <strong>de</strong> sibilância e equimoses fáceis, nomeadamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

começou a gatinhar. O exame objectivo revelou um lactente prostrado, com<br />

sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação mo<strong>de</strong>rada, várias equimoses em diferentes fases <strong>de</strong><br />

evolução e candidíase perineal. Com a hipótese diagnóstica <strong>de</strong> gastroenterite<br />

aguda com <strong>de</strong>sidratação mo<strong>de</strong>rada, suspeitou-se <strong>de</strong> maus tratos e<br />

<strong>de</strong>cidiu-se internamento. O estudo realizado mostrou <strong>de</strong>sidratação hipernatrémica,<br />

prolongamento do tempo <strong>de</strong> tromboplastina parcial ativada (aPTT)<br />

e crescimento <strong>de</strong> Campy lo bacter na coprocultura. Por manter um valor prolongado<br />

<strong>de</strong> APTT (com Tempo <strong>de</strong> Protrombina normal) iniciou-se o estudo<br />

<strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> coagulação. Avaliada função plaquetária, fibrinogénio,<br />

tempo <strong>de</strong> sangramento, factor <strong>de</strong> Von Willebrand e aPTTmix. Dada a normalida<strong>de</strong><br />

dos resultados foi pesquisado anticoagulante lúpico e o dosea -<br />

mento sérico dos factores <strong>de</strong> coa gulação (VIII, IX, XI e XII). O resultado do<br />

doseamento do factor VIII foi &lt; 0,2%. Diagnosticada Hemofilia A grave.<br />

Iniciou factor antihemofílico VIII (500UI/dia - ajustes progressivos). Sem<br />

antece<strong>de</strong>ntes familiares trata-se <strong>de</strong> uma mutação <strong>de</strong> novo. Durante o internamento<br />

houve uma melhoria progressiva e não surgiram equimoses <strong>de</strong><br />

novo ou sinais <strong>de</strong> hemorragia activa. Aos 12 meses apresentou cefalohematoma.<br />

Actualmente, aos 16 meses, não teve mais complicações graves e<br />

mantém seguimento na Consulta Externa. Comentário: Este caso clínico<br />

reflecte a necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> uma história clínica cuidada valo -<br />

rizando não só o exame objectivo mas também o contacto com os pais. Após<br />

uma investigação rigorosa e um alto índice <strong>de</strong> suspeição, o que parecia um<br />

caso <strong>de</strong> maus tratos era na realida<strong>de</strong> uma Hemofilia A. Fez-se o diagnós tico<br />

<strong>de</strong> uma doença hemorrágica rara previamente ao aparecimento <strong>de</strong> mani -<br />

festações graves.<br />

Palavras-chave: Hemofilia A, Maus Tratos.<br />

PD76 - Síndrome da Veia Cava Superior<br />

Joana Dias 1 ; Tereza Oliva 2<br />

1- Hospital <strong>de</strong> Braga; 2- IPO-POrto<br />

Introdução: A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) consiste num conjunto<br />

<strong>de</strong> sinais e sintomas secundários ao fluxo reduzido da veia cava supe -<br />

rior (VCS) para a aurícula direita. Caracteriza-se geralmente por e<strong>de</strong>ma<br />

facial, cervical e membros superiores associada a circulação venosa colate -<br />

ral do tórax e pescoço. Sintomas respiratórios estão muitas vezes presentes,<br />

constituindo a síndrome do mediastino anterior. Em crianças a SVCS é rara,<br />

sendo os tumores do mediastino a causa primária mais comum. Caso Clí -<br />

nico: Criança <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sem antece<strong>de</strong>ntes pessoais ou familiares<br />

<strong>de</strong> relevo, que se apresenta no serviço <strong>de</strong> urgência com a<strong>de</strong>nomegalias cervicais<br />

com uma semana <strong>de</strong> evolução e e<strong>de</strong>ma periorbitário e da face 3 dias<br />

antes da admissão. Sem qualquer sintomatologia acompanhante. Ao exame<br />

objectivo observava-se estabilida<strong>de</strong> hemodinamica, taquicardia, conglome -<br />

rado <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nomegalias cervicais bilaterais exuberantes, a<strong>de</strong>nomegalias<br />

inguinais e axilares bilaterais e massa abdominal mal <strong>de</strong>finida. Realizou<br />

radiografia torá cica que evi<strong>de</strong>nciou alargamento do mediastino e infiltrado<br />

para-cardíaco direito. Analiticamente hemograma e bioquímica normais com<br />

excepção <strong>de</strong> DHL <strong>de</strong> 1317 U/L e D-dímeros 1545 ng/ml. A TAC torácica<br />

evi<strong>de</strong>nciou a<strong>de</strong>nopatias cer vicais, retrofaríngeas, intraparotí<strong>de</strong>as, axilares e<br />

retroperitoniais e, no medias tino, uma volumosa massa a<strong>de</strong>nopática com<br />

efeito compressivo sobre os troncos venosos bráquio-cefálicos e VCS, bem<br />

como uma alteração estrutural <strong>de</strong> ambos os rins com várias formações nodulares<br />

sólidas. Foi transfe rida para o IPO Porto por síndrome da veia cava<br />

superior e suspeita <strong>de</strong> doença linfoproliferativa. No IPO os estudos complementares<br />

revelaram Linfoma LinfoblásticoT com envolvimento da medula<br />

óssea (6,86%) e sem atingi mento do SNC, pelo que iniciou QT. Verificou-se<br />

resposta favorável no final da indução, com redução da doença superior a<br />

70%. Actualmente encontra-se em remissão completa da doença, prossegue<br />

o tratamento inicialmente planeado com duração prevista <strong>de</strong> 2 anos.<br />

Discussão: A SVCS em ida<strong>de</strong> pediátrica constitui uma emergência médica,<br />

uma vez que surge frequentemente associada a comprometimento respiratório.<br />

A história clínica, exame físico <strong>de</strong>talhado e radiografia do tórax<br />

suge rem o diagnóstico. O diagnóstico e a instituição precoce do tratamento<br />

são cruciais para a evolução favorável.<br />

Palavras-chave: Veia cava superior, emergência médica.<br />

PD77 - Púrpura Trombocitopénica Idiopática - Estudo Retrospectivo<br />

(1999-2009)<br />

Joana Carvalho 1 ; Joana Cotrim 1 ; Vânia Martins 1 ; Cristina Cândido 1 ; Natalina<br />

Miguel 1<br />

1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Trás os Montes e Alto Douro, Vila Real<br />

Introdução: A Púrpura Trombocitopénica Idiopática (PTI) é a causa mais<br />

comum <strong>de</strong> início súbito <strong>de</strong> trombocitopenia, petéquias e púrpura em crianças<br />

saudáveis, sendo geralmente uma patologia autolimitada. Apesar do diagnóstico<br />

ser relativamente fácil e rápido, permanecem controversas questões que<br />

dizem respeito à sua abordagem inicial, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hospitalização e tratamento.<br />

Objectivos: Avaliar os internamentos por PTI no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong><br />

do CHTMAD - Vila Real, <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1999 a Dezembro <strong>de</strong> 2009, i<strong>de</strong>ntificando<br />

aspectos semiológicos, abordagem inicial, tratamento e evolução.<br />

Material e Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos <strong>de</strong> crianças<br />

internadas neste Serviço com diagnóstico <strong>de</strong> PTI. Análise e tratamento dos<br />

dados em Excel. Resultados: Foram internadas 21 crianças com diagnóstico<br />

<strong>de</strong> PTI, 57,1% do sexo feminino. Doze crianças apresentavam ida<strong>de</strong> inferior<br />

a 6 anos. A manifestação inicial mais comum foi o exantema púrpuro-petequial,<br />

com enantema concomitante em 6 casos. A PTI foi precedida <strong>de</strong> doença<br />

infecciosa em 11 casos. A i<strong>de</strong>ntificação vírica serológica ocorreu em 28,6%<br />

das crianças. Foram administradas vacinas num período inferior a 2 semanas<br />

em dois casos. A contagem do número <strong>de</strong> plaquetas à entrada variou <strong>de</strong> 1000<br />

a 33800/μL, com aproximadamente 60% abaixo dos 10000/μL. O aspirado <strong>de</strong><br />

medula óssea (AMO) foi efectuado em 11 casos, 72,7% dos quais em crian -<br />

ças com sinais atípicos (história clínica ou exame físico não compatíveis com<br />

PTI, anemia, leucopenia ou neutropenia associada) ou com ausência <strong>de</strong><br />

resposta ao tratamento com imunoglobulina endovenosa (Ig). Em todos, o<br />

exame foi concordante com o diagnóstico (normal/aumento <strong>de</strong> megacarió -<br />

citos). Em relação ao tratamento, em apenas uma criança se optou por uma<br />

atitu<strong>de</strong> expectante, sem instituição <strong>de</strong> terapêutica. Nas restantes efectuou-se<br />

perfusão com Ig, como terapêutica <strong>de</strong> primeira linha, com resposta a<strong>de</strong>quada<br />

em 81% dos casos. Sete crianças efectuaram corticoterapia. A cronicida<strong>de</strong><br />

ocorreu em 4 casos, 75% do sexo feminino e com ida<strong>de</strong> superior a 9 anos.<br />

Verificou-se, em 2 adolescentes, cortico<strong>de</strong>pendência. Conclusão: A maioria<br />

dos resultados encontrados foi compatível com a bibliografia, nomeadamente<br />

no que concerne à forma <strong>de</strong> apresentação e evolução clínica da doença.<br />

Apesar <strong>de</strong>, segundo a maioria das recomendações, o AMO ser restrito aos<br />

casos que apresentem sinais atípicos, e da controvérsia da sua realização<br />

antes do início da corticoterapia, esta continua a ser uma prática comum.<br />

Palavras-chave: Púrpura Trombocitopénica Idiopática, Aspirado <strong>de</strong> medula<br />

óssea, Imunoglobulina endovenosa, Corticoterapia<br />

PD78 - Tumor do Saco Vitelino Testicular: Caso Clínico<br />

Joana Rodrigues 1 ; Sara Oliveira 1 ; Joana Grenha 1 ; Pinho Sousa 1<br />

1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia/Espinho<br />

Introdução: Os tumores testiculares são raros em ida<strong>de</strong> pediátrica, sendo o<br />

tumor do saco vitelino a neoplasia maligna mais frequentemente encontrada<br />

na população pré-púbere. A suspeita diagnóstica ocorre na presença <strong>de</strong> uma<br />

massa testicular, e a alfa-fetoproteína (AFP) é o marcador tumoral <strong>de</strong> eleição,<br />

estando indicado o seu doseamento como adjuvante diagnóstico bem como no<br />

follow-up da doença. Caso Clínico: Lactente do sexo masculino, com oito<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, previamente saudável, enviado à consulta <strong>de</strong> Cirurgia Pediá -<br />

trica por hidrocelo à direita. À palpação da bolsa escrotal direita foi <strong>de</strong>tec tada<br />

uma massa com cerca <strong>de</strong> 2,5 cm <strong>de</strong> diâmetro, <strong>de</strong> consistência dura. Por suspeita<br />

<strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> uma massa tumoral foi pedido o doseamento sérico <strong>de</strong><br />

AFP que se encontrava elevado (2459 UI/ml) tendo o <strong>de</strong> beta-hCG sido normal.<br />

Foi colocada a hipótese diagnóstica <strong>de</strong> tumor do saco vitelino. Proce <strong>de</strong>u-<br />

-se à orqui<strong>de</strong>ctomia radical direita por via inguinal após exame extemporâneo<br />

que corroborou a hipótese. O exame histológico da peça operatória revelou um<br />

tumor do saco vitelino com 2,6 cm <strong>de</strong> maior diâmetro, com vários padrões histológicos,<br />

ocupando quase todo o testículo e invadindo a rete testis e o epidídimo,<br />

com imagens <strong>de</strong> invasão vascular e com margem cirúrgica livre <strong>de</strong> tumor.<br />

O exame imunocitoquímico foi a favor do mesmo tipo <strong>de</strong> tumor. Após a intervenção<br />

cirúrgica o valor <strong>de</strong> AFP diminuiu e a ressonância magnética toracoabdomino-pélvica<br />

realizada para estadiamento não evi<strong>de</strong>nciou sinais <strong>de</strong> disseminação<br />

da doença. O tumor foi classificado com o estadio I. Não foi reali -<br />

zada qualquer outra terapêutica, tendo-se procedido ao doseamento sérico<br />

mensal <strong>de</strong> AFP que se mantém normal após três meses <strong>de</strong> vigilância. Discussão:<br />

No nosso paciente a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> uma massa testicular aliada ao valor elevado<br />

da AFP levaram à forte suspeita <strong>de</strong> estarmos perante um tumor do saco<br />

vitelino, e consequentemente à <strong>de</strong>cisão da intervenção cirúrgica iminente.<br />

S82

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