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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S43<br />

método <strong>de</strong> colheita dos dados foi retrospectivo, através da consulta das fichas<br />

<strong>de</strong> observação médica da VMER-CHON referentes à população com ida<strong>de</strong><br />

inferior a 17 anos, durante o período <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2002 e Maio <strong>de</strong> 2010 (8<br />

anos). Resultados: no período analisado a VMER-CHON recebeu 9626 activações,<br />

das quais 493 (5,1%) para população com ida<strong>de</strong> inferior aos 17 anos.<br />

Houve um ligeiro predomínio do sexo masculino (56%). A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s<br />

foi <strong>de</strong> 7 anos (mínimo recém-nas cido; máximo 16 anos), sendo que 44%<br />

apresentavam menos <strong>de</strong> 5 anos e 29% mais <strong>de</strong> 10 anos. Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> das<br />

ocorrências registaram-se no período da manhã, 40% na via pública e 31% no<br />

domicílio. Os principais motivos <strong>de</strong> activação foram os traumatismos em 234<br />

situações (47%), sendo 16% resultantes <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> viação e 10% atropelamentos;<br />

doenças agudas em 182 (37%), particularmente as convulsões<br />

(15%) e a patologia respiratória (12,5%). Os afogamentos e as intoxicações<br />

(por monóxido carbono/medicamentos) correspon<strong>de</strong>ram a 7% das ocorrências.<br />

Abaixo dos 2 anos predominou a doença aguda enquanto nos adolescentes<br />

a traumatologia. Efectuou-se monitorização em 85% e trata mento em<br />

68% das situações. Em 91% dos casos as crianças foram transportadas para<br />

unida<strong>de</strong>s hospitalares, 1,2% (6 crianças) directamente para um Hospital Nível<br />

3 (2 helitransportadas). Ocorreram 22 óbitos (4,5%), todos em paragem cardio-respiratória<br />

(PCR) à chegada da VMER-CHON, resultantes <strong>de</strong> situações<br />

<strong>de</strong> traumatologia (46%), afogamentos (23%) e intoxicação (9%). Comentários:<br />

As emergências pediátricas representam 5% das activações da<br />

VMER-CHON. A principal causa <strong>de</strong> activação (47%), particularmente nos<br />

adolescentes, foi o trauma. Das patologias agudas <strong>de</strong>stacam-se as convulsões<br />

e as doenças respiratórias. A evolução foi <strong>de</strong>sfavorável nas situa ções <strong>de</strong> PCR<br />

à chegada da VMER.<br />

Palavras-chave: Emergência Pré-hospitalar, VMER, pediatria<br />

Área Científica - Hematologia e Oncologia<br />

PAS43 - Manifestações músculo-esqueléticas como forma <strong>de</strong> apresentação<br />

<strong>de</strong> Leucemia Aguda<br />

Raquel Firme 1 ; Duarte Malveiro 2 ; Helena Pedroso 1 ; Ana Neto 3 ; Anabela<br />

Brito 1 ; Nuno Lynce 1<br />

1- HPP Hospital <strong>de</strong> Cascais; 2- Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier – Centro<br />

Hos pitalar <strong>de</strong> Lisboa Oci<strong>de</strong>ntal; 3- Instituto Português <strong>de</strong> Oncologia <strong>de</strong><br />

Lisboa Fernando Gentil<br />

Introdução: As queixas músculo-esqueléticas são comuns na ida<strong>de</strong> pediá -<br />

trica, mas po<strong>de</strong>m constituir a forma <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> neoplasias. A incidência<br />

<strong>de</strong> neoplasia oculta em crianças com esses sintomas é <strong>de</strong> 0,3-1%, sendo a<br />

Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) a mais frequente. Os autores apresentam<br />

este caso pela dificulda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> acarretar o diagnóstico diferencial <strong>de</strong><br />

uma sintomatologia que é frequente nas crianças, principalmente quando<br />

numa fase inicial as alterações laboratoriais são inespecíficas ou ligeiras,<br />

po<strong>de</strong>ndo condicionar um atraso no diagnóstico.<br />

Caso Clínico: Criança do sexo feminino, 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com antece<strong>de</strong>ntes<br />

familiares e pessoais irrelevantes. Apresentava queixas recorrentes <strong>de</strong> dor e<br />

e<strong>de</strong>ma dos punhos com 3 meses <strong>de</strong> evolução, e e<strong>de</strong>ma dos tornozelos, acompanhado<br />

<strong>de</strong> dor nocturna e incapacida<strong>de</strong> para a marcha com 5 dias <strong>de</strong><br />

evolução. Ao exame objectivo tinha razoável estado geral, dor, e<strong>de</strong>ma, rubor<br />

e calor dos tornozelos, sem outras alterações. Analiticamente <strong>de</strong>stacava-se<br />

leucocitose (39.800/μL) com predomínio <strong>de</strong> linfócitos (77%), VS 60 mm/h e<br />

esfregaço <strong>de</strong> sangue periférico (ESP) com muitas células linfocitárias com<br />

morfologia monocitói<strong>de</strong>. As serologias virais excluíram infecção recente e o<br />

estudo <strong>de</strong> patologia auto-imune não revelou alterações significativas. Após<br />

melhoria clínico-laboratorial inicial, verificou-se um agravamento caracterizado<br />

por febre, aumento da leucocitose e linfocitose e aparecimento pela<br />

primeira vez <strong>de</strong> blastos no ESP. Realizou mielograma que revelou 83% <strong>de</strong><br />

linfoblastos compatível com LLA da linhagem B. Os estudos genético e <strong>de</strong><br />

biologia molecular revelaram alterações associadas a um prognóstico<br />

favorável (80% <strong>de</strong> EFS-5A). Está a fazer tratamento com quimioterapia com<br />

boa evolução e sem intercorrências relevantes.<br />

Discussão: As manifestações músculo-esqueléticas, nomeadamente artralgia,<br />

artrite e dor óssea, po<strong>de</strong>m ser a forma <strong>de</strong> apresentação das neoplasias na ida<strong>de</strong><br />

pediátrica. Este aspecto, concomitantemente com o facto dos hemogramas<br />

iniciais po<strong>de</strong>rem ser normais ou apresentar apenas alterações discretas, po<strong>de</strong><br />

conduzir a erros e atraso no diagnóstico. É fundamental um índice <strong>de</strong> suspeição<br />

elevado e a inclusão <strong>de</strong> patologia neoplásica no diagnóstico diferencial<br />

<strong>de</strong> uma criança com sintomatologia semelhante à <strong>de</strong>ste caso clínico.<br />

Palavras-chave: Leucemia Linfoblástica Aguda, Artrite.<br />

PAS44 - Hemofilia A: uma apresentação invulgar<br />

Filipa Cal<strong>de</strong>ira 1 ; Filipa Reis 1 ; Ana Tavares 1 ; Deolinda Matos 1<br />

1- Hospital Garcia <strong>de</strong> Orta<br />

Introdução: A hemofilia A é uma discrasia hemorrágica hereditária causada<br />

pelo défice do factor VIII e classificada <strong>de</strong> acordo com o seu grau <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

em ligeira (&gt; 5%), mo<strong>de</strong>rada (1-5%) ou grave (&gt; 1%). A hemorragia<br />

intracraniana (HIC) espontânea é a manifestação mais grave da doença e ocorre<br />

em 3-5% das hemofilias graves, sendo mais rara nas restantes. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> inibidores do factor VIII constitui uma das complicações mais<br />

temíveis do tratamento da hemofilia. Os autores apresentam um caso <strong>de</strong> HIC<br />

espontânea como primeira manifestação <strong>de</strong> hemofilia A mo<strong>de</strong>rada, com apare -<br />

cimento precoce <strong>de</strong> inibidores. Descrição <strong>de</strong> caso: Lactente <strong>de</strong> 6 meses, sexo<br />

masculino, raça negra, sem antece<strong>de</strong>ntes familiares ou pessoais relevantes que<br />

recorreu à Urgência Pediátrica por vómitos, recusa alimentar e irritabilida<strong>de</strong>,<br />

tendo tido alta com o diagnóstico <strong>de</strong> provável infecção urinária. Foi readmitido<br />

48 horas <strong>de</strong>pois por agravamento clínico com <strong>de</strong>pressão do estado <strong>de</strong> consciência.<br />

À admissão apresentava hipotonia, prostração, hematoma no local da PV e<br />

sangramento nos locais <strong>de</strong> punção venosa. A tomografia computorizada crânioen<br />

cefálica mostrou hidrocefalia supratentorial e hemorragia aguda/sub-aguda<br />

da fossa posterior, sub-aracnoi<strong>de</strong>ia e sub-dural. Da avaliação analítica <strong>de</strong>stacamos<br />

Hb 6,0 g/dL e aPTT <strong>de</strong> 109 segundos. O estudo da coagulação revelou<br />

défice <strong>de</strong> factor VIII, com activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,5%, sem inibidores. Iniciou terapêutica<br />

com factor VIII recombinante. Às quatro semanas <strong>de</strong> terapêutica surgiu<br />

hemorragia refractária e redução da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> factor VIII. Confirmada a<br />

presença <strong>de</strong> inibidores, iniciou tera pêutica com factor VII recombinante e ácido<br />

épsilonaminocaproico. A análise molecular revelou inversão no intrão 22 do<br />

gene F8. Discussão: O caso relatado parece-nos importante por correspon<strong>de</strong>r a<br />

uma apresentação rara <strong>de</strong> uma hemofilia A mo<strong>de</strong>rada e pelo aparecimento precoce<br />

<strong>de</strong> inibidores. A preo cupação com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong>ve<br />

ser permanente após o início da terapêutica <strong>de</strong> substituição, sendo fundamental<br />

uma monitorização regular e o início precoce <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> bypass. A mutação<br />

encontrada não é frequente na hemofilia mo<strong>de</strong>rada e está associada, tal como a<br />

ascendência africana, a um risco acrescido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inibidores.<br />

Palavras-chave: Hemofilia, hemorragia intracraniana, inibidores.<br />

PAS45 - Tratamento <strong>de</strong> hemangioma infantil com propranolol. A propó -<br />

sito <strong>de</strong> um caso.<br />

João Brissos 1 ; Ana Casimiro 1 ; J Oliveira Santos 1<br />

1- Hospital Dona Estefânia, CHLC<br />

Introdução: Os hemangiomas infantis são os tumores benignos mais frequentes<br />

da infância (4 a 10% dos recém-nascidos). Apesar da sua benignida<strong>de</strong>,<br />

complicações vitais e funcionais importantes justificam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<br />

sistémico. Os tratamentos habituais (corticoterapia, interferon alfa, laser)<br />

promovem uma redução do seu crescimento, mas com efeitos adversos frequentes.<br />

A utilização <strong>de</strong> propranolol no tratamento dos hemangiomas em ida<strong>de</strong><br />

pediátrica é um tema <strong>de</strong> discussão recente. Caso clínico: Criança <strong>de</strong> 10 meses,<br />

sexo feminino, antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gestação gemelar <strong>de</strong> termo, baixo peso ao<br />

nascer (2320g), comunicação inter-ventricular e insuficiência aórtica ligeira,<br />

apresenta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 5º dia <strong>de</strong> vida volumoso angioma da face com progressão<br />

rápida e extensão à região cervical, lábio inferior e pavilhão auricular direito,<br />

com obstrução completa do canal auditivo externo. Na broncofibroscopia<br />

<strong>de</strong>tectou-se hemangioma plano das fossas nasais e meta<strong>de</strong> direita da epiglote.<br />

Após tratamento inicial com corticoterapia durante 2 meses e laser durante 7<br />

meses, verificou-se apenas ligeira melhoria do seu volume. Decidiu-se início <strong>de</strong><br />

tratamento com propranolol em internamento, com aumento gradual da dose<br />

até 2mg/kg/dia e monitorização <strong>de</strong> pressão arterial, frequência cardíaca e<br />

glicemia contínua. Avaliação analítica, electrocardiograma, ecografia abdominal<br />

e transfontanelar sem alterações. Ecocar dio grama com alterações já <strong>de</strong>s -<br />

critas e sem contra-indicação para utilização <strong>de</strong> beta-bloqueantes. Na ausência<br />

<strong>de</strong> efeitos adversos, o tratamento foi continuado no domicílio, com reavaliação<br />

clínica regular. Após o primeiro mês, a dose foi aumentada para 3mg/kg/dia.<br />

Durante o tratamento observou-se uma franca redução do volume e alteração<br />

da sua tonalida<strong>de</strong>, com melhoria visivel na broncofibroscopia <strong>de</strong> controlo após<br />

3 meses. Ao fim <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong> tratamento, com regressão completa do<br />

angioma na região facial e cervical, <strong>de</strong>cidiu-se suspen<strong>de</strong>r a terapêutica.<br />

Comentários: O propranolol foi recentemente discutido como uma arma tera -<br />

pêutica consistente, rápida e eficaz no tratamento do hemangioma infantil.<br />

Estudos alargados po<strong>de</strong>rão comprovar a segurança <strong>de</strong>ste tratamento e a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se tornar alternativa <strong>de</strong> 1ª linha das terapêuticas actuais.<br />

Palavras-chave: Hemangioma; propranolol.<br />

S43

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