acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Acta Pediatr Port 2010:41(5):S63<br />
tema ocular, esquelético e cardiovascular, este último responsável pela morbilida<strong>de</strong><br />
e mortalida<strong>de</strong> precoce. A rotura <strong>de</strong> aneurisma aórtico é a complicação<br />
mais temida, contudo é muito rara na ida<strong>de</strong> pediátrica. Caso Clínico:<br />
Criança <strong>de</strong> 5 anos, sexo feminino, com diagnóstico pré-natal <strong>de</strong> dilatação da<br />
artéria pulmonar e antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> fenda palatina e atopia (asma e <strong>de</strong>rmatite).<br />
Seguida em Consulta <strong>de</strong> Cardiologia Pediátrica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período neonatal com<br />
Síndrome <strong>de</strong> Marfan com dilatação ligeira da raiz da aorta e persistência do<br />
canal arterial encerrado por via percutânea aos 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Medicada em<br />
ambulatório com furosemida e losartan. Admitida no Serviço <strong>de</strong> Urgência<br />
Pediátrica em Julho <strong>de</strong> 2009 em choque após episódio <strong>de</strong> síncope durante o<br />
esforço físico. O ecocardiograma <strong>de</strong> urgência <strong>de</strong>monstrou ruptura <strong>de</strong> aneu -<br />
risma da aorta ascen<strong>de</strong>nte com <strong>de</strong>rrame pericárdico volumoso. Foi transfe rida<br />
para Centro <strong>de</strong> Cirurgia Cardíaca on<strong>de</strong> foi submetida <strong>de</strong> imediato a substitui -<br />
ção da aorta ascen<strong>de</strong>nte aneurismática por conduto, com preservação da<br />
válvula aórtica nativa (cirurgia <strong>de</strong> David), que <strong>de</strong>correu sem complicações. O<br />
ecocardiograma à alta <strong>de</strong>monstrava uma função sistólica do ventrículo<br />
esquerdo (VE) preservada com regurgitação aórtica ligeira. Após 8 meses <strong>de</strong><br />
estabilida<strong>de</strong> clínica os ecocardiogramas seriados mostraram insuficiência<br />
aórtica grave, dilatação do VE e aurícula esquerda progressivas, má função<br />
ventricular, insuficiência mitral e tricúspi<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>radas e hipertensão pulmonar.<br />
O cateterismo cardíaco evi<strong>de</strong>nciou regurgitação aórtica livre com conduto<br />
sem gradiente. Foi submetida a implantação <strong>de</strong> prótese aórtica mecâ -<br />
nica, com melhoria gradual da função ventricular e redução do VE. Actual -<br />
mente encontra-se medicada com varfarina, losartan e furosemida, e estável<br />
do ponto <strong>de</strong> vista cardíaco. Discussão: Apesar <strong>de</strong> muito rara na ida<strong>de</strong> pediá -<br />
trica, a rotura <strong>de</strong> aneurisma aórtico <strong>de</strong>ve ser sempre equacionada numa crian -<br />
ça em choque com Síndrome <strong>de</strong> Marfan. A preservação da válvula aórtica<br />
nativa e colocação <strong>de</strong> conduto (operação <strong>de</strong> David), cirurgia <strong>de</strong> eleição em<br />
ida<strong>de</strong> pediátrica, é actualmente questionada pelo risco <strong>de</strong> disfunção valvular<br />
precoce, sendo <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar em alternativa a implantação <strong>de</strong> prótese valvular<br />
mecânica, sobretudo se já existir regurgitação aórtica prévia.<br />
Palavras-chave: Síndrome <strong>de</strong> Marfan, Rotura Aneurisma Aórtico.<br />
PD9 - “Asma” curada após cirurgia torácica<br />
Luísa Gaspar 1 ; Ana Mariano Martins 1 ; Patrícia Men<strong>de</strong>s 1 ; Sandra Caetano 1 ;<br />
Rui Anjos 2<br />
1- Hospital <strong>de</strong> Faro, E.P.E.; 2- Hospital <strong>de</strong> Santa Cruz, Centro Hospitalar <strong>de</strong><br />
Lisboa Oci<strong>de</strong>ntal, E.P.E.<br />
Caso clínico: Os autores <strong>de</strong>screvem o caso clínico <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 6 anos,<br />
sexo masculino, avaliado na Consulta <strong>de</strong> Alergologia Pediátrica para investigação<br />
<strong>de</strong> asma na sequência <strong>de</strong> crises <strong>de</strong> dispneia e pieira. Na observação foi<br />
<strong>de</strong>tectado sopro sistólico tendo sido referenciado à consulta <strong>de</strong> Cardiologia<br />
Pediátrica. Realizou telerradiografia do tórax que revelou hipotransparência<br />
arredondada, com localização central supracardíaca. O ecocardiograma<br />
mostrou imagem arredondada retro-aórtica com cerca <strong>de</strong> 35 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
<strong>de</strong> bordos <strong>de</strong>finidos e com aparente fluxo sistólico. A investigação excluiu<br />
hidati dose torácica. Para melhor caracterização da lesão, realizou-se Resso -<br />
nância Magnética torácica, que foi inconclusiva e Tomografia Computorizada<br />
Multi<strong>de</strong>tectores cardíaca, que i<strong>de</strong>ntificou a lesão como sendo um aneurisma<br />
sacular, com comunicação com a aorta ascen<strong>de</strong>nte. O cateterismo cardíaco<br />
confirmou um aneurisma sacular calcificado ligado por boca anastomótica à<br />
aorta ascen<strong>de</strong>nte, acima da junção sino-tubular, com compressão total da<br />
artéria coronária esquerda e compressão ligeira do tronco e ramo direito da<br />
artéria pulmonar. Foi submetido a ressecção <strong>de</strong> aneurisma calcificado que<br />
comprimia, além das estruturas referidas, a veia cava superior, aurícula<br />
esquerda, brônquio principal esquerdo e traqueia. A análise histológica reve -<br />
lou pseudoaneurisma da aorta, fibrosado e parcialmente calcificado. No pós<br />
operatório, foi reinternado por síndrome pós-pericardiotomia, com <strong>de</strong>rrame<br />
pericárdico, tendo-se efectuado pericardiocentese e terapêutica com anti<br />
infla matórios não esterói<strong>de</strong>s. Actualmente encontra-se clinicamente bem,<br />
sem novas crises <strong>de</strong> dispneia e sem pieira. Discussão: Muitos doentes com<br />
aneurisma aórtico torácico apresentam sintomas e achados físicos inespecí -<br />
ficos para doença aórtica. Achados clinicos atípicos ou alterações específicas<br />
em exames complementares, como a telerradiografia do tórax, po<strong>de</strong>m aumentar<br />
a acuida<strong>de</strong> diagnóstica, diminuindo a morbilida<strong>de</strong> e a mortalida<strong>de</strong> asso -<br />
ciada a esta doença. Os pseudoaneurismas aórticos são muito raros em ida<strong>de</strong><br />
pediátrica, estando frequentemente associados a trauma e/ou infecção, sendo<br />
vários os agentes que po<strong>de</strong>m afectar a aorta. No nosso doente não havia<br />
história <strong>de</strong> trauma nem <strong>de</strong> infecção grave ou síndrome febril prévio, pelo que<br />
o diagnóstico etiológico se mantém <strong>de</strong>sconhecido.<br />
Palavras-chave: Asma, pseudoaneurisma da aorta.<br />
PD10 - Arterite <strong>de</strong> Takayasu- a propósito <strong>de</strong> dois casos clínicos<br />
Andreia Francisco 1 ; Rui Anjos 2 ; A. Siborro <strong>de</strong> Azevedo 3<br />
1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Lisboa Norte, EPE, Hospital <strong>de</strong> Santa Maria/ Hos pi -<br />
tais Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra; 2- CHLO- Hospital <strong>de</strong> Santa Cruz; 3- Centro<br />
Hospitalar <strong>de</strong> Lisboa Norte, EPE, Hospital <strong>de</strong> Santa Maria<br />
A Arterite <strong>de</strong> Takayasu é uma doença crónica pouco frequente. O grau <strong>de</strong><br />
activida<strong>de</strong> é variável, bem como o prognóstico, ambos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes das<br />
exa cer bações e remissões do processo inflamatório. Nos últimos anos, os<br />
exa mes <strong>de</strong> imagem, em particular a Angio-RM, têm um papel fundamental<br />
quer no diagnóstico quer no seguimento <strong>de</strong>stes doentes. Apresentamos<br />
o seguimento <strong>de</strong> dois doentes com Arterite <strong>de</strong> Takayasu ambos sob tera -<br />
pêutica imunossupressora e antihipertensora. O primeiro doente <strong>de</strong> doze<br />
anos, com diagnós tico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os três, apresenta arteriopatia envolvendo a<br />
aorta tóraco-abdominal, artérias carótida primitiva e renal esquerdas (Figs<br />
1, 2 e 3). Com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internamentos anuais para controlo <strong>de</strong> HTA<br />
refractária, foi submetido a nefrectomia esquerda aos sete anos. Actual -<br />
mente apresenta HTA medicada com cinco classes diferentes <strong>de</strong> fármacos<br />
e boa função ventricular, apesar <strong>de</strong> hipertrofia das câmaras cardíacas<br />
esquerdas. Encontra-se sob imunossupressão com prednisolona e meto tre -<br />
xato, apresentando queixas esporádicas <strong>de</strong> artralgia no último ano. O<br />
segundo doente <strong>de</strong> onze anos, com diagnóstico há um ano na sequência <strong>de</strong><br />
angor abdominal, apresenta arteriopatia com atingimento difuso da aorta<br />
abdominal, artéria mesentérica superior, tronco celíaco, artérias renais,<br />
eixo arterial ilíaco direito e artéria vertebral direita. (Fig 4) Sob corticote -<br />
rapia e ciclos mensais <strong>de</strong> ciclofosfamida apresentou episódio <strong>de</strong> isquémia<br />
intestinal grave e mesmo após várias angioplastias mantém episódios frequentes<br />
<strong>de</strong> dor abdominal pelo que pon<strong>de</strong>ra-se a realização <strong>de</strong> bypass.<br />
Com HTA controlada com 3 classes <strong>de</strong> fármacos, apresenta hipertrofia do<br />
ventrículo esquerdo com função conservada. Recentemente iniciou artralgia<br />
no pé direito, mantendo-se sob imunossupressão com predni solona.<br />
Tratam-se <strong>de</strong> dois casos com envolvimento vascular grave e progressivo.<br />
Ambos apresentam complicações major associadas que são sinónimo <strong>de</strong><br />
pior prognóstico, no entanto, o segundo doente apresenta um curso progressivo<br />
muito rápido e sem resposta à imunossupressão, tendo por isso<br />
um prognóstico mais reservado. Em ambos os doentes a Angio-RM, para<br />
além <strong>de</strong> ser um auxiliar importante do diagnóstico, foi prepon<strong>de</strong>rante no<br />
follow-up e <strong>de</strong>cisão terapêutica.<br />
Palavras-chave: Takayasu, arterite, Angio-RM, HTA.<br />
S63