acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Acta Pediatr Port 2010:41(5):S70<br />
PD34 - Osteomielite infecciosa em ida<strong>de</strong> pediátrica: últimos 20 anos<br />
Teresa Almeida Campos 1 ; Ricardo São Simão 2 ; Herculano Nascimento 3 ;<br />
Gilberto Costa 2<br />
1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, Hospital <strong>de</strong> São João; 2- Serviço <strong>de</strong> Ortopedia, Hos -<br />
pital <strong>de</strong> São João; 3- Serviço <strong>de</strong> Ortopedia, Hospital <strong>de</strong> São João<br />
A osteomielite é um processo infeccioso do osso que, nas crianças, <strong>de</strong>riva<br />
principalmente da disseminação hematogénea. A bactéria mais comummente<br />
implicada é o Staphylococcus aureus (> 50%). Em mais <strong>de</strong> 80% dos casos<br />
estão atingidas as metáfises férteis dos ossos longos, preferencialmente as dos<br />
membros inferiores. As manifestações clínicas mais comuns são: limitação da<br />
mobilida<strong>de</strong>, febre, dor e sinais inflamatórios locais. Nas crianças mais pequenas,<br />
a infecção propaga-se facilmente, po<strong>de</strong>ndo atingir os tecidos adjacentes.<br />
O tratamento implica uso prolongado <strong>de</strong> antibióticos e, por vezes, cirurgia.<br />
Trata-se <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong>scritivo retrospectivo, que tem por objectivo caracterizar<br />
a população infantil internada por osteomielite infecciosa nos últimos<br />
20 anos. Foram incluídos 26 doentes, a maioria dos quais com ida<strong>de</strong> inferior<br />
a 3 anos (elevado número com menos <strong>de</strong> 12 meses). Não se verificou predominância<br />
quanto ao sexo. A duração média dos sintomas foi <strong>de</strong> 4,6 (+/- 4,2)<br />
dias, embora alguns tivessem uma evolução mais insidiosa. A manifestação<br />
clínica mais frequente foi a dor, seguida da febre. A pseudoparésia e os sinais<br />
inflamatórios ocorreram em meta<strong>de</strong> dos doentes. Constatou-se atingimento<br />
preferencial dos ossos longos do membro inferior (predominância da tíbia -<br />
38,5%). Em 31% dos casos havia história <strong>de</strong> traumatismo prévio e, <strong>de</strong>stes,<br />
salientam-se dois casos <strong>de</strong> osteomielite do calcâneo aparentemente relacio -<br />
nados com a manobra <strong>de</strong> punção do calcanhar para a realização do rastreio<br />
metabólico precoce. O agente microbiológico mais comum foi o Staphylo co -<br />
ccus aureus. As alterações radiográficas só estavam patentes em meta<strong>de</strong> dos<br />
doentes, o que motivou o recurso a outros exames. Foram efectuados múltiplos<br />
esquemas <strong>de</strong> antibioterapia, com uma duração média <strong>de</strong> 20,8 (+/- 10,7)<br />
dias, dos quais 16,5 (+ 5,6) por via endovenosa. A cirurgia foi necessária em<br />
cerca <strong>de</strong> um terço dos doentes e meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes já no <strong>de</strong>correr do tratamento<br />
antibacteriano. Nos últimos vinte anos, não se verificou significativa variação<br />
no número <strong>de</strong> casos e nas medidas <strong>de</strong> diagnóstico e terapêutica. A nossa<br />
popu lação apresentou um elevado número <strong>de</strong> eventos traumáticos a prece<strong>de</strong>r<br />
a infecção. Por outro lado, a duração média <strong>de</strong> três semanas <strong>de</strong> tratamento<br />
antimicrobiano, sem aumento do número <strong>de</strong> complicações, sugere que esquemas<br />
<strong>de</strong> tratamento mais curtos do que os actualmente recomendados possam<br />
ser suficientes.<br />
Palavras-chave: Osteomielite aguda; Osso; Metáfises.<br />
PD35 - Adolescente com dor torácica: a importância da suspeição clínica<br />
Cármen Silva 1 ; Andreia Oliveira 1 ; Teresa Mota 2 ; Inês Azevedo 3 ; Maria João<br />
Baptista 4 ; Cintia Correia 1 ; Margarida Tavares 1<br />
1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> São João (H.S.J.), E.E.P.,<br />
Porto; 2- Serviço <strong>de</strong> Cuidados Intensivos e Intermédios <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-<br />
MC, H.S.J., E.E.P., Porto; 3- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, H.S.J., E.E.P.,<br />
Porto; Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> do Porto; 4- Serviço <strong>de</strong> Car -<br />
dio logia Pediátrica, UAG-MC, H.S.J., E.E.P., Porto<br />
Introdução A dor torácica é um sintoma frequente em crianças e adolescentes.<br />
Apesar <strong>de</strong> na maioria dos casos a etiologia ser benigna, po<strong>de</strong>rão estar<br />
subjacentes causas raras e potencialmente fatais. Descrição do caso Ado les -<br />
cente <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, do sexo masculino, com antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong><br />
mórbida (IMC 45 kg/m2) e fractura do maléolo peroneal direito um mês antes<br />
e antece<strong>de</strong>ntes familiares irrelevantes. Recorreu ao Serviço <strong>de</strong> Urgência por<br />
lipotímia seguida <strong>de</strong> dor torácica precordial opressiva associada a dispneia,<br />
que mantinha à admissão. Apresentava-se hemodinamicamente estável, com<br />
taquicardia, hipoxemia <strong>de</strong> cerca 90% e discreto e<strong>de</strong>ma do membro inferior<br />
direito. Electrocardiograma com taquicardia sinusal e padrão “S1Q3T3”; elevação<br />
dos D-Dímeros; radiografia <strong>de</strong> tórax sem alterações. Colocada a<br />
hipótese diagnóstica <strong>de</strong> tromboembolismo pulmonar (TEP) com eventual<br />
ponto <strong>de</strong> partida em trombose venosa profunda (TVP) dos membros inferio -<br />
res, pelo que inicou terapêutica com enoxaparina. Confirmação dos diagnósticos<br />
com Angio-TC torácico que revelou “TEP agudo das artérias pulmo -<br />
nares direita e esquerda” e ecodopler venoso dos membros inferiores que<br />
reve lou “TVP gemelar medial recente e oclusiva do membro inferior direito”.<br />
Os ecocardiogramas sequenciais <strong>de</strong>monstraram elevação da pressão pulmo -<br />
nar com progressiva disfunção do ventrículo direito, analiticamente com elevação<br />
do Peptí<strong>de</strong>o Natriurético tipo B e da Troponina I. Após discussão multidisciplinar<br />
foi <strong>de</strong>cidida a realização <strong>de</strong> fibrinólise com alteplase. Estudo <strong>de</strong><br />
trombofilia negativo. Apresentou boa evolução clínica, com realização <strong>de</strong><br />
angio-TC <strong>de</strong> controle que <strong>de</strong>monstrou <strong>de</strong>saparecimento dos sinais <strong>de</strong> TEP,<br />
tendo tido alta ao 17º dia <strong>de</strong> internamento, com orientação multidisciplinar.<br />
Discussão O TEP na população pediátrica é pouco frequente, mas potencialmente<br />
fatal. A apresentação clínica é muitas vezes subtil, sendo fundamental<br />
um elevado índice <strong>de</strong> suspeição clínica com intervenção terapêutica atem -<br />
pada. As estratégias terapêuticas e diagnósticas resultam essencialmente da<br />
extrapolação <strong>de</strong> estudos em adultos. O tratamento <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
apresentação clínica, sendo a anticoagulação a base do tratamento. No presente<br />
caso, a progressão para disfunção ventricular direita com sinais <strong>de</strong> lesão<br />
miocárdica <strong>de</strong>terminou a realização <strong>de</strong> terapêutica fibrinolítica.<br />
Palavras-chave: adolescente, tromboembolismo pulmonar, trombose venosa<br />
profunda, obesida<strong>de</strong> mórbida<br />
PD36 - Quisto do Timo - diagnóstico a consi<strong>de</strong>rar nas massas cervicais<br />
Patrícia A Gonçalves 1 ; Patricia A Gonçalves 1 ; Rosa Leon 2 ; Ana Paula<br />
Martins 3 ; Miroslava Gonçalves 3<br />
1- Hospital Santa Maria/ HPP Cascais; 2- Hospital <strong>de</strong> Santo Espírito <strong>de</strong> Angra<br />
do Heroísmo ; 3- Hospital Santa Maria<br />
Introdução: Os quistos do timo são lesões raras, assintomáticas na larga<br />
maioria dos casos e localizadas ao longo do trajecto embriológico do timo. O<br />
seu diagnóstico pré-operatório é difícil dada a inespecificida<strong>de</strong> da sintomatologia<br />
(quando presente), dos sinais clínicos e achados imagiológicos. O seu<br />
tratamento consiste na remoção total da lesão, procedimento que é curativo.<br />
Caso clínico: Os autores <strong>de</strong>screvem o caso <strong>de</strong> um adolescente <strong>de</strong> 12 anos,<br />
com antece<strong>de</strong>ntes familiares e pessoais irrelevantes. Durante o exame físico,<br />
no contexto <strong>de</strong> uma consulta <strong>de</strong> rotina, foi <strong>de</strong>tectada uma formação infra ti roi -<br />
<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> pequenas dimensões, indolor, não pulsátil, <strong>de</strong> consistência elástica e<br />
que se projectava anteriormente com a realização da manobra <strong>de</strong> Valsalva. O<br />
adolescente negava qualquer sintomatologia, nomeadamente do foro respiratório<br />
ou gastrointestinal. O restante exame físico não revelava outras alte -<br />
rações. Perante uma massa com a localização e características <strong>de</strong>scritas, as<br />
hipóteses <strong>de</strong> diagnóstico consi<strong>de</strong>radas foram: higroma quístico, quisto da<br />
fenda branquial, quisto broncogénico, quisto do timo, teratoma e malforma -<br />
ções vasculares (nomeadamente aneurisma da jugular). Os estudos por<br />
ecografia e tomografia computorizada revelaram uma massa cervico-me dias -<br />
tí nica anterior quística, infra-tiroi<strong>de</strong>ia, localizada anteriormente à traqueia,<br />
veia braquiocefalica e artéria carótida comum esquerdas, e à artéria e veia<br />
braquiocefalicas direitas, compatível com higroma quístico. Foi referenciado<br />
à consulta <strong>de</strong> cirurgia pediátrica <strong>de</strong>ste hospital. A lesão foi removida na totali -<br />
da<strong>de</strong>, tendo o procedimento <strong>de</strong>corrido sem complicações. A estrutura anali -<br />
sada apresentava 6x8cm <strong>de</strong> maiores dimensões e era heterogénea, com áreas<br />
sólidas e quísticas, macroscopicamente compatível com quisto do timo, o que<br />
veio a ser confirmado pela análise histológica. O adolescente teve alta da consulta<br />
<strong>de</strong> cirurgia pediátrica, com resolução completa da sua situação clínica.<br />
Conclusão: O diagnóstico pré-operatório dos quistos do timo é difícil, <strong>de</strong> -<br />
vendo o clínico basear-se numa história clínica <strong>de</strong>talhada e exame físico minucioso.<br />
Os exames <strong>de</strong> imagem po<strong>de</strong>m ser úteis na exclusão <strong>de</strong> algumas hipó -<br />
te ses <strong>de</strong> diagnóstico – como o aneurisma da jugular. À excepção dos raros<br />
casos em que se observa continuida<strong>de</strong> com o timo mediastínico, o diagnós -<br />
tico <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong>stas lesões é histológico. O prognóstico é excelente na ida<strong>de</strong><br />
pediátrica, quando a lesão é removida na totalida<strong>de</strong>. Não existem relatos <strong>de</strong><br />
recidiva.<br />
Palavras-chave: Quisto do Timo; Manobra <strong>de</strong> Valsalva.<br />
PD37 - Shunt peritoneo-venoso, uma das opções terapêuticas num caso<br />
clínico <strong>de</strong> quilototax bilateral e ascite quilosa<br />
Elizabete Vieira 1 ; Miroslava Gonçalves 1<br />
1- Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Pediátrica - Hospital Santa Maria<br />
Os <strong>de</strong>feitos congénitos do sistema linfático são raros, constituindo um espectro<br />
com possíveis manifestações em todos os órgãos. Apresentamos o caso<br />
clínico <strong>de</strong> um lactente do sexo masculino, com diagnóstico pré natal <strong>de</strong> volumoso<br />
<strong>de</strong>rrame pleural bilateral às 38 semanas <strong>de</strong> gestação. Após o nasci mento<br />
fica em ventilação assistida e é realizada drenagem torácica bilateral. Inicia<br />
alimentação parentérica total e perfusão <strong>de</strong> octreótido. Melhoria gradual até<br />
ao 31º dia <strong>de</strong> vida, altura em que <strong>de</strong>vido a agravamento clínico é transferido<br />
para o nosso Hospital. Por manutenção <strong>de</strong> drenagem pleural direita é submetido<br />
a toracotomia, laqueação <strong>de</strong> vasos linfáticos e pleuro<strong>de</strong>se. Reapareci -<br />
mento do <strong>de</strong>rrame pleural à esquerda com agravamento progressivo, acompanhado<br />
<strong>de</strong> distensão abdominal exuberante. Submetido a laparotomia exploradora,<br />
confirmou-se ascite quilosa, ficando com dreno abdominal, para<br />
<strong>de</strong>scompressão. Por manutenção do <strong>de</strong>rrame à esquerda, realiza-se toracoto-<br />
S70