acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S84<br />
monar prévia. Consi<strong>de</strong>ramos <strong>de</strong> interesse apresentar estes casos clínicos pela<br />
sua rarida<strong>de</strong> e pela melhoria do prognóstico quando o diagnóstico é efec -<br />
tuado precocemente, dado tratar-se <strong>de</strong> um tumor muito agressivo. Descrição<br />
dos Casos: Caso clínico 1: Criança do sexo feminino, 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, observada<br />
por tosse produtiva e febre com 4 dias <strong>de</strong> evolução. A radiografia do<br />
tórax mostra opacida<strong>de</strong> arredondada, <strong>de</strong> contornos bem <strong>de</strong>finidos, na base<br />
pulmonar esquerda. A TC torácica mostra uma lesão sólida, <strong>de</strong> contornos<br />
ligeiramente lobulados, com calcificações (7 x 7 x 5 cm) po<strong>de</strong>ndo correspon<strong>de</strong>r<br />
a quisto hidático. Nos antece<strong>de</strong>ntes pessoais salienta-se pneumonia<br />
congénita e asma. Assumindo o diagnóstico <strong>de</strong> quisto hidático foi efectuada<br />
excisão parcial do lobo inferior esquerdo, incluindo a lesão pulmonar. A<br />
serologia e IgE específica para quisto hidático foram negativas. A análise<br />
anatomo-patoló gica i<strong>de</strong>ntificou blastoma pleuropulmonar tipo III. Fez 4 ci -<br />
clos <strong>de</strong> quimioterapia seguidos <strong>de</strong> excisão do restante lobo, que não apresentava<br />
tumor viável. Actualmente, com 10 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, está fora <strong>de</strong> tratamento<br />
há 5 anos, sem doença. Caso clínico 2: Criança do sexo feminino, 3<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, previamente saudável, observada por tosse produtiva, rinorreia<br />
e febre com 7 dias <strong>de</strong> evolução. A radiografia do tórax mostra imagem<br />
hipertransparente arre don dada, com pare<strong>de</strong> bem <strong>de</strong>finida, na base pulmonar<br />
direita. Prosseguiu investigação com TC torácica que mostra formação quística<br />
(5,7 x 6,5 x 4,5 cm) contendo ar e septos no seu interior, localizada ao<br />
lobo inferior direito. Foi efectuada investigação (serologia, IgE específica)<br />
para quisto hidático que foi negativa. Assumindo o diagnóstico <strong>de</strong> blastoma<br />
pleuropulmonar tipo I foi submetida a toracotomia com lobectomia inferior<br />
direita. A análise anatomo-patológica confirmou o diagnóstico e seguiu<br />
quimioterapia adjuvante. Actualmente está fora <strong>de</strong> tratamento há 2 meses e<br />
sem sinais <strong>de</strong> reci diva. Discussão: O diagnóstico precoce e actuação tera -<br />
pêutica célere no segundo caso <strong>de</strong>veu-se em parte à experiência com o<br />
primeiro, possibili tando apenas um acto cirúrgico e quimioterapia menos<br />
agressivos.<br />
Palavras-chave: Blastoma pleuropulmonar, diagnóstico, imagiologia.<br />
PD83 - Anemia hemolítica microangiopática: Re<strong>de</strong>finindo os limites da<br />
cardiologia congénita<br />
Andreia Mascarenhas 1 ; Marilene Eusébio 2 ; Isabel Freitas 3 ; Orquí<strong>de</strong>a Freitas 4 ;<br />
Teresa Almeida 4 ; José Fragata 5 ; Fátima F. Pinto 3<br />
1- Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Dona Estefânia; 2- Hospital do<br />
Barlavento Algarvio; 3- Serviço <strong>de</strong> Cardiologia Pediátrica, Hospital <strong>de</strong> Santa<br />
Marta; 4- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hematologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia;<br />
5- Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Cardiotorácica, Hospital <strong>de</strong> Santa Marta<br />
Introdução: A anemia hemolítica microangiopática associada a implantação<br />
<strong>de</strong> próteses valvulares cardíacas e a <strong>de</strong>feitos cardíacos tratados cirurgicamente<br />
com remendos sintéticos e sequelas (shunts) é um fenómeno bem<br />
conhe cido. Menos frequentemente também po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido a obstáculo<br />
residual com jactos <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>. Caso Clínico: Apresenta-se o<br />
caso <strong>de</strong> um recém-nascido do sexo masculino, sem antece<strong>de</strong>ntes familiares<br />
ou pessoais relevantes, com o diagnóstico <strong>de</strong> comunicação interventricular<br />
(CIV) subarterial gran<strong>de</strong> e insuficiência cardíaca refractária à terapêutica,<br />
que foi submetido a cirurgia cardíaca com 1 mês <strong>de</strong> vida - encerramento da<br />
CIV com remendo <strong>de</strong> pericárdio bovino por via transpulmonar. No período<br />
pós-opera tório constatou-se obstáculo mo<strong>de</strong>rado no tracto <strong>de</strong> saída do ventrículo<br />
direi to e anemia hemolítica, Coombs negativo com presença <strong>de</strong><br />
esquizóticos no sangue periférico e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte transfusional.<br />
Por persistência <strong>de</strong> hemólise grave é enviado à consulta <strong>de</strong> hematologia.<br />
Admite-se anemia hemolítica microangiopática secundária à patologia<br />
cardíaca/cirurgia, não se po<strong>de</strong>ndo excluir todavia, etiologia congénita<br />
(défice <strong>de</strong> ADAMTS13), dada a ida<strong>de</strong> da criança. Aos 3,5 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
constatou-se agravamento do obs tá culo subpulmonar, condicionado por<br />
protusão do remendo na câmara <strong>de</strong> saída do ventrículo direito e por bandas<br />
musculares, com indicação cirúrgica. Foi submetida a alargamento da<br />
câmara <strong>de</strong> saída do ventrículo direito com remendo transanular <strong>de</strong> pericárdio<br />
bovino e ressecção <strong>de</strong> bandas musculares, com resolução <strong>de</strong>finitiva da<br />
anemia hemolítica. Conclusão: Num lactente sem antece<strong>de</strong>ntes familiares<br />
ou pessoais <strong>de</strong> anemia hemolítica, que após cirurgia cardiaca inicia<br />
hemólise microangiopática persistente o mais prová vel é esta ser secundária<br />
à cirurgia. No entanto esta situação é frequente após cirurgia <strong>de</strong> cardiopatia<br />
congénita, <strong>de</strong>vendo-se geralmente a shunt residual. Raramente, como no<br />
caso <strong>de</strong>scrito, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> obstá culo pulmonar que<br />
condiciona fluxo turbulento por distorção da câmara <strong>de</strong> saída do ventrículo<br />
direito.<br />
Palavras-chave: Anemia hemolítica microangiopática; cirurgia cardíaca.<br />
PD84 - Anemia megaloblástica e déficie <strong>de</strong> vitamina B12: a importância<br />
da urina II<br />
Andreia Mascarenhas 1 ; Marilene Eusébio 2 ; Orquí<strong>de</strong>a Freitas 3 ; Teresa Almeida 3<br />
1- Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Dona Estefânia; 2- Hospital do<br />
Barlavento Algarvio; 3- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hematologia Pediátrica, Hospital Dona<br />
Estefânia<br />
Introdução: O Síndrome <strong>de</strong> Imerslund-Grasbeck é uma doença hereditária<br />
rara, <strong>de</strong> transmissão autossómica recessiva, caracterizada por má absorção<br />
selectiva <strong>de</strong> Vitamina B12 e proteinúria assintomática. As manifestações<br />
clínicas surgem precocemente, em regra nos dois primeiros anos <strong>de</strong> vida. Cli -<br />
ni camente é frequente a anemia, má progressão estaturo-pon<strong>de</strong>ral, infecções<br />
<strong>de</strong> repetição e alterações neurológicos (espasticida<strong>de</strong>, ataxia e atrofia cerebral).<br />
Estas alterações normalmente regri<strong>de</strong>m após o início do tratamento que<br />
se baseia na administração <strong>de</strong> vitamina B12. A proteinúria geralmente persiste<br />
no adulto, mas ou não há comprometimento da função renal, ou observa-se<br />
apenas um comprometimento lentamente progressivo, sem repercussão<br />
na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sobrevida a longo prazo. Caso Clínico: Criança <strong>de</strong> 15<br />
meses, sem antece<strong>de</strong>ntes familiares ou pessoais relevantes, nomeadamente<br />
sem história <strong>de</strong> infecções <strong>de</strong> repetição ou sintomas neurológicos e com bom<br />
<strong>de</strong>senvolvimento estaturo-pon<strong>de</strong>ral. Em contexto <strong>de</strong> infecção respiratória alta<br />
é notada icterícia e pali<strong>de</strong>z da pele e mucosas. Os exames laboratoriais revelaram<br />
pancitopenia com macrocitose e hipersegmentação dos neutrófilos. O<br />
valor da vitamina B12 sérica encontrava-se diminuída (85.7 pg/ml) (VR 193<br />
- 982 pg/ml). A proteinúria <strong>de</strong> 12 horas era <strong>de</strong> 38 mg/m2/h. Foi diagnosti cado<br />
Síndrome <strong>de</strong> Imerslund - Grasbeck iniciando terapêutica com cianocobala -<br />
mina sub-cutânea com normalização dos valores hematológicos. Actualmente<br />
com 7 anos, mantém um óptimo <strong>de</strong>senvolvimento estaturo-pon<strong>de</strong>ral e psicomotor.<br />
Os pais apresentavam um ligeiro déficie <strong>de</strong> vitamina B12. Conclusão:<br />
A presença <strong>de</strong> anemia megaloblástica na infância <strong>de</strong>ve ser sempre acompa -<br />
nhada <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> proteinúria, pois permite suspeitar <strong>de</strong>sta rara síndrome<br />
<strong>de</strong> simples tratamento, porém <strong>de</strong> elevada morbilida<strong>de</strong>.<br />
Palavras-chave: Anemia megaloblástica; síndrome immerslund-grasbeck.<br />
Área Científica - Imunoalergologia<br />
PD85 - Caso Clínico <strong>de</strong> uma Criança com Infecções Sinopulmonares<br />
Recorrentes<br />
Dina Eiras 1 ; Sara Prates 1 ; Paula Leiria Pinto 1<br />
1- Hospital D. Estefânia<br />
Perante uma criança com infecções recorrentes das vias aéreas superiores ou<br />
inferiores, o diagnóstico diferencial inclui as imuno<strong>de</strong>ficiências e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>s -<br />
tas as que cursam com défice <strong>de</strong> anticorpos (Ac). O objectivo <strong>de</strong>ste traba lho é<br />
apresentar o caso <strong>de</strong> uma criança com um défice imunitário pouco frequente<br />
mas com uma evolução clínica favorável. O D. é uma criança do sexo masculino<br />
actualmente com 11A, seguido na consulta <strong>de</strong> Imunoalergologia do<br />
Hospital Dona Estefânia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 12M. Foi referenciado à consulta na sequência<br />
<strong>de</strong> episódios recorrentes <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> respiratória obstrutiva baixa em<br />
contexto infeccioso (3 episódios <strong>de</strong> internamento - aos 2M por sépsis, aos 4M<br />
e 6M por “bronquiolite”). Apesar da terapêutica instituída manteve rinorreia<br />
purulenta habitual e exacerbações frequentes (incluindo novo internamento<br />
aos 20M por otite média aguda). O exame físico da criança não apresentava<br />
qualquer particularida<strong>de</strong> e crescia no P50-75. De entre os exa mes realizados<br />
(sequencialmente) <strong>de</strong>staca-se: hemograma, bioquímica, proteínas totais e<br />
albumina normais; electroforese <strong>de</strong> proteínas normal; IgG, IgA, S-IgA, IgM e<br />
IgE normais; C3, C4, CH100 normais; prova do suor negativa; alfa-1-anti -<br />
tripsina normal; TC torácica com processo pneumónico em fase involutiva e<br />
posteriormente normal; TC seios perinasais normal; doseamento <strong>de</strong> subclasses<br />
<strong>de</strong> IgG normal; doseamento <strong>de</strong> Ac específicos – IgG para o tétano, difteria<br />
e pertussis normais (Ac para antigenes proteicos) mas IgG para o Haemo -<br />
philus influenza e para o Streptococcus pneumoniae negativos (Ac para antigenes<br />
polissacáridos). Após confirmação <strong>de</strong>stes valores (a criança já tinha 7A)<br />
pôs-se o diagnóstico <strong>de</strong> Défice Selectivo <strong>de</strong> Anticorpos com Imunoglobulinas<br />
Normais. A criança reduziu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ida<strong>de</strong> pré-escolar a frequência dos episódios<br />
agudos e apresenta-se actualmente bem. O Défice Selectivo <strong>de</strong> Anticor -<br />
pos afecta 5-10% das crianças maiores <strong>de</strong> 2A que têm infecções recorrentes<br />
(sinopulmonares: OMA, bronquite, rinossinusite, pneumonia; agentes: S.<br />
pneu moniae, H. influenza, M. catarrhalis, S. aureus). Ao dosear um painel <strong>de</strong><br />
Ac específicos espera-se que uma criança 2-5A apresente títulos protectores<br />
para mais <strong>de</strong> 50% dos serótipos testados e uma criança maior <strong>de</strong> 6A para mais<br />
<strong>de</strong> 70%. O prognóstico é favorável. A terapêutica inclui imunização com vaci-<br />
S84