acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S51<br />
SOS1 e RAF1. O estudo genético permite a confirmação do diagnóstico, o<br />
aconselhamento pré-natal e familiar. Propósito e objectivos: rever os casos <strong>de</strong><br />
SN, analisando a prevalência <strong>de</strong> cardiopatia e sua evolução, presença <strong>de</strong> baixa<br />
estatura, atraso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento psicomotor (ADPM) e atingi mento <strong>de</strong><br />
outros órgãos/sistemas. Métodos: Análise retrospectiva dos casos <strong>de</strong> SN em<br />
ida<strong>de</strong> pediátrica, avaliados na Consulta <strong>de</strong> Genética Médica e respectivo<br />
seguimento em Consultas <strong>de</strong> Cardiologia Pediátrica nos últimos 6 anos. Foram<br />
avaliados os dados <strong>de</strong>mográficos da população, manifestações clínicas, confirmação<br />
por genética molecular e presença <strong>de</strong> cardiopatia. Resultados: Foi<br />
diagnosticada SN em 36 casos, sendo 64% do sexo masculino. A ida<strong>de</strong> média<br />
<strong>de</strong> diagnóstico foi <strong>de</strong> 8,3 anos (11 meses-18 anos). Todos os doen tes apresentavam<br />
dismorfia facial característica, 24 (66,7%) baixa esta tura, 9 (25%)<br />
ADPM. Foi efectuada na maioria dos casos avaliação labora torial, <strong>de</strong>stacando-se<br />
trombocitopénia num doente e diagnóstico <strong>de</strong> Tiroidite <strong>de</strong> Hashimoto<br />
noutro. Em 3 doentes foi feito o diagnóstico clínico <strong>de</strong> Síndrome <strong>de</strong> Neurofi -<br />
bro matose-Noonan. O estudo molecular para Síndrome <strong>de</strong> Noonan tipo 1 com<br />
confirmação ou exclusão das mutações mais frequentes i<strong>de</strong>ntificou mutação<br />
no gene PTPN11 em 10 casos (27,8%). Nestes casos, os progenitores foram<br />
estudados, i<strong>de</strong>ntificando-se a mesma mutação familiar em 5. Em 22 doentes<br />
(61,1%) diagnosticou-se cardiopatia: estenose da artéria pulmonar (17), miocardiopatia<br />
hipertrófica (4) e <strong>de</strong>feito do septo aurículo-ventricular completo -<br />
DSAVC (1). Nos casos <strong>de</strong> estenose grave da artéria pulmonar (4) foi reali zada<br />
valvulotomia cirúrgica em 2 e valvulo plastia com cateter-balão nos restantes,<br />
com resultados favoráveis. Conclusões: O diagnóstico precoce <strong>de</strong> SN, com<br />
i<strong>de</strong>ntificação e tratamento a<strong>de</strong>quado das possíveis complicações, permite me -<br />
lhorar o prognóstico. Salien ta-se a elevada prevalência <strong>de</strong> cardiopatia, pelo<br />
que a abordagem multidisciplinar é fundamental.<br />
Palavras-chave: Síndrome <strong>de</strong> Noonan, cardiopatia, miocardiopatia hiper -<br />
trófica, PTPN11<br />
PAS76 - Contribuição dos diuréticos <strong>de</strong> ansa na alcalose metabólica após<br />
cirurgia cardíaca<br />
Cláudia Calado 1 ; Adriana Pinheiro 2 ; Andreia Pereira 1 ; Margarida Matos<br />
Silva 3 ; Ana Teixeira 3 ; José Pedro Neves 3 ; Rui Rodrigues 3 ; Miguel Abecasis 3 ;<br />
Rui Anjos 3<br />
1- Hospital <strong>de</strong> Faro EPE; 2- Hospital do Divino Espírito Santo; 3- Hospital<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz, Centro Hospitalar <strong>de</strong> Lisboa Oci<strong>de</strong>ntal<br />
Introdução: A alcalose metabólica (AM) é uma perturbação do equilíbrio<br />
ácido-base muito comum em doentes hospitalizados. A sua elevada incidência<br />
tem sido relacionada com o uso <strong>de</strong> diuréticos cloréticos, aspiração nasogástrica<br />
e vómitos. Em relação aos diuréticos, são vários os mecanismos que se julgam<br />
implicados: aumento da secreção <strong>de</strong> K+ e H+ (secundário à excreção <strong>de</strong> Na+ e<br />
à contracção do volume intravascular), aumento da reabsorção <strong>de</strong> HCO3- e<br />
aumento da produção <strong>de</strong> amónia (secundários à hipo ca liemia). O nosso estudo<br />
preten<strong>de</strong>u analisar a incidência <strong>de</strong> AM no pós-opera tório <strong>de</strong> cirurgia cardíaca e<br />
avaliar a contribuição dos diuréticos cloréticos para a sua ocorrência. Métodos:<br />
Estudo retrospectivo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> internamento na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Cuidados Intensivos <strong>de</strong> crianças submetidas a cirurgia cardíaca durante 2007.<br />
Os casos foram divididos em três grupos <strong>de</strong> acordo com a terapêutica com<br />
furosemida: A) sem terapêutica; B) terapêu tica com bólus endovenosos; C)<br />
tera pêutica em perfusão. Foi <strong>de</strong>finida alcalose metabólica como a ocorrência <strong>de</strong><br />
HCO3->26mEq/L corrigido para o CO2. Resultados: De um total <strong>de</strong> 148<br />
cirurgias cardíacas congénitas realizadas foram incluídos no estudo 86 casos,<br />
correspon<strong>de</strong>ntes a 83 crianças. A incidência <strong>de</strong> AM foi <strong>de</strong> 64%; apesar <strong>de</strong> ter<br />
sido superior nos doentes tratados com furosemida (grupos B+C) do que naqueles<br />
não tratados (71% vs 53%), a diferença não obteve significado estatístico<br />
(p=0,08). Comparando os três grupos, a incidência foi superior no grupo C<br />
(79%) relativamente aos grupos B (67%) e A (53%), muito embora sem dife -<br />
rença estatística (p=0,15). A média <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> HCO3- foi significativamente<br />
mais alta no grupo C compa rativamente ao grupo A (p<0,01). A dose <strong>de</strong><br />
furosemida em perfusão (mg/kg/h) e dos bólus <strong>de</strong> furosemida (mg/kg/dose) e a<br />
duração da terapêu tica com furosemida em perfusão não foram relacionados<br />
com a ocorrência <strong>de</strong> AM (respectivamente p=0,85, p=0,10 e p=0,40).<br />
Constataram-se valores superiores <strong>de</strong> diurese em D1 nos casos em que ocorreu<br />
AM (p=0,05). Conclusão: Confirmou-se na nossa série a elevada incidência <strong>de</strong><br />
AM nas crian ças submetidas a cirurgia cardíaca, assim como a importância dos<br />
diuréticos cloréticos como uma das etiologias do <strong>de</strong>sequilíbrio ácido-base.<br />
Embora potentes e <strong>de</strong> utilização generalizada, os diuréticos <strong>de</strong> ansa <strong>de</strong>vem ser<br />
utilizados <strong>de</strong> forma cautelosa e os seus efeitos colaterais monitorizados <strong>de</strong><br />
modo a serem <strong>de</strong>tectados precocemente e minimizados.<br />
Área Científica - Desenvolvimento<br />
PAS77 - Défice cognitivo: até on<strong>de</strong> investigar...<br />
Andreia Lopes 1 ; Conceição Correia 2 ; Micaela Guardiano 3 ; Maria Júlia<br />
Guimarães 3<br />
1- Hospital São João, E.P.E; 2- Centro Hospitalar do Alto Minho, E.P.E.;<br />
3- Hospital São João, E.P.E.<br />
Introdução: O défice cognitivo tem uma incidência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 a 3 % da<br />
população e po<strong>de</strong> ter múltiplas etiologias. Estima-se que as causas gené -<br />
ticas ocorram em cerca <strong>de</strong> 4 a 10% dos casos e são o maior alvo da investigação.<br />
Caso clínico: Criança <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sexo masculino, com<br />
défice cognitivo mo<strong>de</strong>rado associado a dismorfias, com estudo etiológico<br />
prévio alargado (cariótipo, pesquisa das síndrome <strong>de</strong> X-frágil e <strong>de</strong><br />
DiGeorge, estudo meta bólico) negativo, à qual foi pedido à posteriori<br />
pesquisa <strong>de</strong> rearranjos subte loméricos. Este exame foi negativo, mas<br />
durante a sua execução foi <strong>de</strong>tectada a presença <strong>de</strong> um cromossoma marcador<br />
supranumerário em mosaico, com origem no cromossoma 18. A<br />
anomalia genética encontrada é rara, com um espectro clínico variável, mas<br />
parece ser a causa etiológica do défice cogni tivo. A sua i<strong>de</strong>ntificação po<strong>de</strong>rá<br />
ter implicações sobretudo ao nível <strong>de</strong> planeamento familiar. Comentários:<br />
A evolução científica obriga à reavalia ção etiológica frequente dos casos <strong>de</strong><br />
défice cognitivo em seguimento. A pesquisa <strong>de</strong> rearranjos subteloméricos é<br />
uma técnica recente que permite i<strong>de</strong>ntificar a etiologia <strong>de</strong> alguns casos <strong>de</strong><br />
défice mental mo<strong>de</strong>rado a grave, pelo que é essencial no seu estudo etio -<br />
lógico. A repetição <strong>de</strong> cariótipos antigos levanta alguma controvérsia, mas<br />
alguns autores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a sua reali zação baseando-se na mudança <strong>de</strong> técnicas<br />
<strong>de</strong> citogenética. Os casos <strong>de</strong> mosaico, como o presente, são ainda<br />
mais <strong>de</strong>safiantes pois as manifestações clínicas estão relacionadas com<br />
órgãos atingidos e a sua i<strong>de</strong>ntificação por carió tipo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da percen -<br />
tagem <strong>de</strong> células afectadas no sangue. São necessários estudos prospectivos<br />
e revisão <strong>de</strong> proto colos <strong>de</strong> estudo no défice cognitivo, sem esquecer as<br />
necessida<strong>de</strong>s indivi duais <strong>de</strong> cada paciente e sua família.<br />
Palavras-chave: Défice cognitivo, Investigação, Trissomia 18, Mosaico.<br />
PAS78 - Perturbações do Sono na Criança com Hiperactivida<strong>de</strong> e Défice<br />
<strong>de</strong> Atenção<br />
Raquel Marta 1 ; Marcela Pires Guerra 2 ; Luísa Rocha 3 ; Ana Duarte 3 ; Laura<br />
Lourenço 3 ; Lur<strong>de</strong>s Ventosa 3 ; José Paulo Monteiro 3 ; Maria José Fonseca 3<br />
1- Hospital Nossa Senhora do Rosário - Centro Hospitalar Barreiro Montijo;<br />
2- Hospital Infante D. Pedro; 3- Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento da Criança<br />
Torrado da Silva - Hospital Garcia <strong>de</strong> Orta<br />
Introdução: As perturbações do sono são frequentes na criança com Pertur -<br />
bação <strong>de</strong> Hiperactivida<strong>de</strong> e Défice <strong>de</strong> Atenção (PHDA). Os pais <strong>de</strong>stas<br />
crian ças relatam mais frequentemente: insónia inicial, <strong>de</strong>spertares nocturnos<br />
e sono agitado. Estudos polissonográficos efectuados nestas crianças<br />
mostra ram resultados díspares, nomeadamente acerca do tempo <strong>de</strong> latência<br />
do sono, activida<strong>de</strong> nocturna e duração do sono REM. Estudos recentes não<br />
encontraram diferenças nas variáveis do sono entre crianças com PHDA<br />
com e sem terapêutica estimulante. Objectivos: Determinar a prevalência<br />
<strong>de</strong> perturbações do sono numa amostra representativa <strong>de</strong> crianças com diagnóstico<br />
<strong>de</strong> PHDA seguidas no Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento da Criança<br />
Torrado da Silva e medicadas com terapêutica estimulante. Determinar a<br />
influência da terapêutica nas pertubações do sono. Métodos: Realização <strong>de</strong><br />
inquérito telefónico aos pais <strong>de</strong> 60 crianças com PHDA e medicadas com<br />
metilfenidato (amostra aleatória retirada <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong> 338<br />
doentes). Resultados: Foram vali dados 46 questionários com predomínio<br />
do sexo masculino (88%), média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 12 anos (min.6, máx.20) e<br />
média diária <strong>de</strong> 9 horas <strong>de</strong> sono (min.7, máx.11). A maioria iniciou terapêutica<br />
com metilfenidato entre os 6 e os 10 anos e apenas 13% apresentou<br />
alterações transitórias do sono com o início da terapêutica. Foram estudadas<br />
as seguintes perturbações: insónia inicial, dificulda<strong>de</strong> em acordar, insónia<br />
terminal, acordar frequentemente, pesa<strong>de</strong>los, sono agitado, sonambulismo,<br />
bruxismo e sonolência diurna. 76% das crianças apresentava perturbações<br />
do sono antes do início da terapêutica e 72% permaneceu com perturbações<br />
do sono após início do metilfenidato. As perturba ções mais frequentes antes<br />
e após início da terapêutica foram: sono agitado, insónia inicial e dificulda<strong>de</strong><br />
em acordar. Não se registaram diferenças significativas na frequência<br />
das perturbações do sono com e sem terapêutica estimulante. Conclusões:<br />
As perturbações mais frequentemente encontradas neste estudo – insónia<br />
inicial, sono agitado e dificulda<strong>de</strong> em acordar – estão <strong>de</strong> acordo com o<br />
S51