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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S65<br />

não se registando arritmias, alterações hemodinâmicas ou convulsões. A<br />

ecocar diografia revelou rabdomiomas múltiplos, um dos quais localizado na<br />

região subvalvular aórtica sem condicionar obstáculo, a ecografia transfon -<br />

tanelar e a ressonância magnética cranioencefálica mostraram hamartoma na<br />

região subcortical frontal inferior esquerda. Sem alterações na ecografia<br />

abdominal e renal. Observação oftalmológica normal. Alta aos 11 dias <strong>de</strong><br />

vida orientado para consulta <strong>de</strong> Cardiologia, Neuropediatria, Oftalmologia e<br />

<strong>Pediatria</strong> Geral. Conclusão: Os rabdomiomas cardíacos são das alterações<br />

mais frequentes nos RN com esclerose tuberosa, embora histologicamente<br />

benignos, po<strong>de</strong>m resultar em morbilida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> fetal e neonatal. O<br />

diagnóstico pré natal <strong>de</strong>stes tumores cardíacos e <strong>de</strong> hamartomas do sistema<br />

nervoso central permite antecipar possíveis complicações no período neo -<br />

natal e actuar atempadamente.<br />

Palavras-chave: Esclerose tuberosa neonatal, rabdomioma cardíaco.<br />

Área Científica - Cuidados Intensivos<br />

PD15 - Encefalomielite Aguda Disseminada: caminhos difíceis para che -<br />

gar ao diagnóstico etiológico<br />

Sílvia Bacalhau 1 ; Cristina Freitas 2 ; Raquel Ferreira 3 ; João Estrada 3 ; Maria<br />

João Brito 3 ; José Pedro Vieira 3 ; Deolinda Barata 3<br />

1- Hospital Santo André, Leiria; 2- Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal;<br />

3- Hospital <strong>de</strong> Dona Estefânia<br />

Introdução: Embora na maioria dos casos <strong>de</strong> encefalomielite aguda dissemi -<br />

nada (EAD) exista a presunção <strong>de</strong> um processo infeccioso, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

um agente etiológico é rara (&lt;50% dos casos). Caso clínico: Menina com<br />

7 anos, resi<strong>de</strong>nte em zona rural, com astenia, diminuição da força muscular<br />

nos membros inferiores (MI), mialgias generalizadas e retenção urinária. O<br />

exame neurológico à entrada revelou nistagmo horizontal e vertical, parésia<br />

facial direita do tipo central, tetraparésia <strong>de</strong> grau 4, reflexos cutâneo-plantares<br />

(RCP) em extensão e reflexos osteotendinosos nos MI diminuídos. Foi cons -<br />

tatada febre e exantema migratório com lesões maculares circulares na face,<br />

tronco e membros, com pápula central. O exame do líquor mostrou células<br />

30/mm3, linfócitos 85%, proteínas 27,3mg/dL, glicose 69mg/dL e exame<br />

cultu ral negativo. A TC-CE foi normal e a RMN-CE compatível com encefa -<br />

lite do tronco cerebral. Iniciou ceftriaxone, ciprofloxacina e aciclovir. Regis -<br />

tou-se agravamento rápido do quadro com tetraplegia flácida, diplegia facial<br />

e oftalmoplegia com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ventilação mecânica em D4 <strong>de</strong> internamento.<br />

Repetiu RMN-CE e medular após 2 semanas, compatível com EAD<br />

com envolvimento preferencial da medula e tronco cerebral. Foi medicada<br />

com imunoglobulina endovenosa (IgG ev) (2 ciclos) e corticoterapia. Após 10<br />

dias <strong>de</strong> internamento iniciou melhoria progressiva com recuperação gradual<br />

das funções motora e sensitiva, ficando em respiração espontânea em D25 <strong>de</strong><br />

internamento. Da investigação realizada salientam-se serologias por imunofluorescência<br />

indirecta e confirmação por western-blot seriadas compatíveis<br />

com infecção por Borrelia burgdorferi. Por ter realizado IgG ev, o diagnós -<br />

tico laboratorial inicialmente duvidoso só pô<strong>de</strong> ser confirmado tardiamente.<br />

Após três meses <strong>de</strong> evolução, verificou-se melhoria franca do quadro, apresentando<br />

actualmente discreta parésia do MI direito e incontinência urinária<br />

e fecal. Discussão: Este caso ilustra uma manifestação rara <strong>de</strong> neuroborreliose,<br />

estando a EAD <strong>de</strong>scrita em apenas 0,1% dos casos <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> Lyme.<br />

Apesar da evolução favorável na maioria dos casos <strong>de</strong> EAD, salienta-se nesta<br />

criança o curso fulminante para tetraplegia e a longa <strong>de</strong>pendência ventilatória.<br />

Situações graves <strong>de</strong> EAD implicam a administração <strong>de</strong> IgG ev. No<br />

entanto, esta terapêutica po<strong>de</strong> dificultar a interpretação dos exames labora -<br />

toriais e atrasar o diagnóstico etiológico, tornando imperativo a realização das<br />

serologias previamente à administração <strong>de</strong> IgGev.<br />

Palavras-chave: Encefalomielite aguda disseminada, Neuroborreliose.<br />

PD16 - Um caso <strong>de</strong> miocardite por co-infecção Parvovirus B19 e Epsteinbarr<br />

virus<br />

Sofia Fernan<strong>de</strong>s Paupério 1 ; Catarina Magalhães 1 ; Lur<strong>de</strong>s Lisboa 1 ; Patrícia<br />

Costa 2 ; Augusto Ribeiro 3<br />

1- Serviço <strong>de</strong> Cuidados Intensivos <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> S.<br />

João, EPE; 2- Serviço <strong>de</strong> Cardiologia Pediátrica, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> S.<br />

João, EPE; 3- Serviço <strong>de</strong> Cuidados Intensivos <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC,<br />

Hospital <strong>de</strong> S. João, EPE<br />

A miocardite aguda é uma patologia rara, sem predomínio <strong>de</strong> género ou etnia,<br />

com maior incidência na infância e adolescência e em imunocomprometidos.<br />

Durante várias décadas suspeitou-se da importância etiológica dos vírus na<br />

patologia cardíaca, confirmação que foi possível com a introdução <strong>de</strong> técnicas<br />

<strong>de</strong> biologia molecular que permitiram a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> agentes potencialmente<br />

cardiotrópicos. Relato do Caso: Criança do sexo feminino, 18<br />

meses, história <strong>de</strong> bronquiolites agudas com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aerossolterapia.<br />

Internamento prévio por bronquiolite aguda a vírus sincicial respiratório, com<br />

alta para domicílio melhorada e sob terapêutica com broncodilatador. Após o<br />

internamento, manteve recusa alimentar parcial e dispneia ligeira. Por agra -<br />

vamento progressivo da dificulda<strong>de</strong> respiratória, foi levada ao serviço <strong>de</strong><br />

urgência do hospital da área <strong>de</strong> residência, que transferiu para este hospital<br />

pela evidência <strong>de</strong> cardiomegalia na radiografia torácica. À admissão, apresentava<br />

mau estado geral e sinais <strong>de</strong> insuficiência cardiorrespiratória que<br />

motivou admissão no Serviço <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Pediátricos (SCIP). Foi<br />

instituída terapêutica com agentes inodilatadores com melhoria clínica. Efec -<br />

tuou ecocardiograma que revelou: “.cardiomegalia dilatada; movimento<br />

discinético do septo interventricular (fracção <strong>de</strong> ejecção <strong>de</strong> 35%).”. Foram<br />

rea lizadas serologias víricas que foram negativas, excepto para parvovirus<br />

B19 (anticorpos IgG +/ IgM -) e epstein-barr virus (Atc IgG EBNA e VCA<br />

+); polimerase chain reaction <strong>de</strong> parvovirus B19 (7600 cópias/mL) e <strong>de</strong><br />

epstein-barr virus (10000 cópias/mL). Concluiu-se tratar <strong>de</strong> miocardiopatia<br />

dilatada secundária a miocardite por parvovirus B19 e epstein-barr virus.<br />

Após este internamento, houve agravamento progressivo com evolução para<br />

insuficiência cardíaca refractária, o que motivou outras admissões no SCIP,<br />

recurso a terapêutica mais agressiva, culminando na realização <strong>de</strong> transplante<br />

cardíaco. Conclusão:O parvovirus B19 é um vírus <strong>de</strong> ADN, cujo mecanismo<br />

<strong>de</strong> patogenecida<strong>de</strong> na miocardite baseia-se na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colonização das<br />

células endoteliais cardíacas, disfunção endotelial, alteração da microcir -<br />

culação miocárdica e invasão miocárdica por células inflamatórias que conduz<br />

a necrose miocárdica secundária. A co-infecção pelo epstein-barr virus<br />

está associada a um aumento da morbilida<strong>de</strong>. O transplante cardíaco <strong>de</strong>verá<br />

ser consi<strong>de</strong>rado uma hipótese <strong>de</strong> tratamento para as situações life-threatning<br />

<strong>de</strong> miocardite a parvovirus B19.<br />

Palavras-chave: Miocardite aguda, miocardiopatia dilatada, Parvovirus B19,<br />

Epstein-barr virus.<br />

PD17 - Co-infecção parasitária: caso clínico<br />

Rita Calado 1 ; Adriana Pinheiro 2 ; Raquel Ferreira 3 ; Gabriela Pereira 3 ;<br />

Margarida Santos 3 ; Luís Varandas 4 ; Deolinda Barata 3<br />

1- Hospital Espírito Santo <strong>de</strong> Évora, EPE; 2- Hospital do Divino Espírito<br />

Santo <strong>de</strong> Ponta Delgada; 3- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Pediátricos do<br />

Hospital Dona Estefânia, CHLC, EPE; 4- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Infecciologia do Hos -<br />

pital Dona Estefânia, CHLC, EPE<br />

A malária é a doença parasitária mais importante do mundo colocando em<br />

risco a vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> crianças. As alterações do estado <strong>de</strong> consciência,<br />

dificulda<strong>de</strong> respiratória e anemia severa são manifestações clínicas <strong>de</strong><br />

malária grave. A tripanosomose africana, transmitida ao homem pela picada<br />

da mosca tsé-tsé, é uma doença sistémica que po<strong>de</strong> evoluir para meningoencefalite<br />

ou mesmo morte, quando não tratada. Criança <strong>de</strong> 2 anos, sexo<br />

feminino, raça negra, previamente saudável, resi<strong>de</strong>nte em Luanda, encontrando-se<br />

há nove dias em Portugal. Na semana anterior ao internamento, foi<br />

medicada com amoxicilina por episódio <strong>de</strong> febre e tosse, ficando assintomática.<br />

No dia do internamento iniciou quadro súbito <strong>de</strong> gemido, prostração e<br />

pali<strong>de</strong>z, com hipoxemia, tendo recorrido a clínica privada, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi transferida<br />

para a UCIP pelo INEM em ventilação mecânica. À entrada apresen -<br />

tava febre, pali<strong>de</strong>z acentuada, má perfusão periférica, hipotensão, taquicardia<br />

e hepatomegalia mo<strong>de</strong>rada. A avaliação analítica revelou anemia grave<br />

(Hb:4,4g/dL), leucocitose, trombocitopenia, aumento da PCR, transaminases<br />

e LDH, acidose metabólica e hiperl<strong>acta</strong>ci<strong>de</strong>mia. Fez expansão <strong>de</strong> volume,<br />

suporte inotrópico e transfusional e foi medicada empiricamente com cefotaxime,<br />

clindamicina e vancomicina. A pesquisa <strong>de</strong> Plasmodium falciparum<br />

em gota espessa (D1) foi positiva pelo que iniciou terapêutica com quinino<br />

e.v, com melhoria clínico-laboratorial progressiva. Em D7, na avaliação do<br />

grau <strong>de</strong> parasitemia em exame directo <strong>de</strong> sangue periférico, foi <strong>de</strong>tectada a<br />

presença <strong>de</strong> tripanosoma. Posteriormente foi i<strong>de</strong>ntificado Trypanosoma brucei<br />

gambiense no sangue e LCR. Não se registaram convulsões, tendo o EEG,<br />

TAC-CE e RMN-CE sido normais. Foi solicitada à Organização Mundial <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> eflornitina, que efectuou sem reacções aparentes. Em D12 foi transferida<br />

para a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Infecciologia, com alta em D38, clinicamente bem,<br />

mantendo monitorização clínica e laboratorial programada. As formas graves<br />

<strong>de</strong> malária po<strong>de</strong>m ter manifestações clínicas muito semelhantes às do choque<br />

séptico, po<strong>de</strong>ndo ser difícil distingui-las. O contexto epi<strong>de</strong>miológico tem um<br />

papel fundamental no reconhecimento atempado e instituição imediata <strong>de</strong><br />

S65

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