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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S92<br />

fobia po<strong>de</strong>m ser pouco evi<strong>de</strong>ntes durante a infância e a doença glomerular,<br />

causadora <strong>de</strong> insuficiência renal terminal, geralmente manifesta-se entre os<br />

12-15 anos. O diagnóstico e tratamento precoces po<strong>de</strong>m retardar a evolução<br />

da doença. Caso clínico: Adolescente do sexo masculino, 15 anos,com<br />

antece<strong>de</strong>ntes fami liares irrelevantes e pessoais <strong>de</strong> astenia, cefaleias e cãimbras<br />

<strong>de</strong>a<strong>de</strong> há 2 meses, recorreu à urgência hospitalar por episódio <strong>de</strong> epistaxis<br />

<strong>de</strong> difícil controlo. Apresentava pali<strong>de</strong>z muco-cutânea, taquicardia e<br />

hipertensão arterial. Os exames laboratoriais revelaram anemia, leucopénia,<br />

trombocitopénia, provas <strong>de</strong> coagulção normais e <strong>de</strong>terioração grave da<br />

função renal (creati nina (s): 14,1mg/dL, ureia(s): 277mg/dL, DFG<br />

7,6mL/min/1,73 m2-FS) com diurese conservada. A ecografia renal e vesical<br />

mostrou rins atróficos sem diferenciação cortico-medular e imagem<br />

vesical sem alterações. A investigação ulterior revelou tratar-se <strong>de</strong> um caso<br />

<strong>de</strong> insuficiência renal crónica terminal (IRCT) que surge num doente com<br />

atraso <strong>de</strong> crescimento, fotofobia, alteração da função tiroi<strong>de</strong>ia e glicosúria,<br />

com glicémia em jejum e doseamento <strong>de</strong> hemoglobina glicosilada A1c normais.<br />

O exame oftalmológico com lâmpada <strong>de</strong> fenda revelou cristais <strong>de</strong><br />

cistina na córnea. O doseamento <strong>de</strong> cistina-intraleucocitária foi elevado (3,0<br />

mmol <strong>de</strong> cistina/g <strong>de</strong> proteína, valor <strong>de</strong> referência &lt;0,3), confirmando o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> cistinose nefropática. Aguarda o resultado do estudo gené -<br />

tico. Foi submetido a transplantação renal 1,5 meses após <strong>de</strong>tecção da IRCT.<br />

Mantém uma boa função <strong>de</strong> enxerto e está medicado com terapêutica<br />

específica para a cistinose e concomitantemente com terapêutica dirigida à<br />

transplantação renal. Discussão: Este caso preten<strong>de</strong> alertar para as dife -<br />

rentes formas <strong>de</strong> apresentação da cistinose. Importa realçar a evolução natu -<br />

ral <strong>de</strong>sfavorável da cistinose nefropática e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diagnóstico<br />

e tratamento precoces para prevenir ou retardar a progressão da doença e das<br />

suas complicações.<br />

Palavras-chave: Cistinose, insuficiência renal terminal, transplantação renal.<br />

PD112 - Um caso clínico <strong>de</strong> má progressão estaturo-pon<strong>de</strong>ral num<br />

lactente<br />

Helena Vieira 1 ; Leonor Men<strong>de</strong>s 2 ; José Esteves da Silva 2 ; Margarida Almeida 2<br />

1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier, CHLO, Lisboa;<br />

2- Unid. <strong>de</strong> Nefrologia Pediátrica, Depart. da Criança e da Família, Hospital<br />

da Stª Maria, CHLN, Lisboa<br />

Introdução: A Síndrome <strong>de</strong> Bartter é uma tubulopatia rara, <strong>de</strong> transmissão<br />

autossómica recessiva, causada por um <strong>de</strong>feito num dos transportadores<br />

envol vidos no transporte tubular distal <strong>de</strong> sódio e cloro. Caso Clínico:<br />

Lactente <strong>de</strong> 11 meses, sexo feminino. Antece<strong>de</strong>ntes familiares irrelevantes.<br />

Ges ta ção <strong>de</strong> 37 semanas, polihidrâmnios diagnosticado no terceiro trimestre.<br />

Parto por cesariana, peso ao nascer <strong>de</strong> 2410g. Período perinatal sem intercorrências.<br />

Má progressão estaturo-pon<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros meses (inferior<br />

ao Percentil 3), associada a recusa alimentar e regurgitação frequente. Aos 5<br />

meses, episódio <strong>de</strong> gastroenterite aguda com <strong>de</strong>sidratação ligeira, com alca -<br />

lose metabólica e ligeira hipocaliémia. Da investigação realizada <strong>de</strong>sta ca-se:<br />

estudo alergológico negativo, prova <strong>de</strong> suor normal, anticorpo anti-transglu -<br />

taminase negativo. Ecografia abdominal e renal sem alterações. Endoscopia<br />

digestiva com cardia incompetente, biópsia intestinal normal. Pesquisa <strong>de</strong><br />

substâncias redutoras na urina negativa e cromatografia dos aminoácidos e<br />

ácidos orgânicos sem alterações. Aos 11 meses por persistência do quadro<br />

clínico, associado a alcalose metabólica, hipoclorémia, hipocaliémia, e hipo -<br />

na trémia, foi referenciada à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nefrologia Pediátrica. Na observação<br />

tinha peso e comprimento inferiores ao Percentil 3, pressão arterial normal, e<br />

atraso ligeiro do <strong>de</strong>senvolvimento psico-motor. Apresentava poliúria e<br />

polidpsia. Analiticamente: taxa <strong>de</strong> filtração glomerular normal, aumento do<br />

cloro urinário e das excreções fraccionadas <strong>de</strong> sódio e potássio, magnesúria<br />

normal, calciúria ligeiramente aumentada e aumento da renina e aldosterona<br />

séricas. Pelo diagnóstico clínico da Síndrome <strong>de</strong> Bartter iniciou terapêutica<br />

com suplementação em dose crescente <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio, com o objec -<br />

tivo da normocaliémia, e indometacina. Num ano <strong>de</strong> seguimento verificou-se<br />

redução da poliúria, melhoria laboratorial e melhoria gradual do <strong>de</strong>senvol -<br />

vimento psico-motor e estaturo-pon<strong>de</strong>ral. No estudo genético i<strong>de</strong>ntificou-se<br />

uma mutação no gene ClC-Kb, confirmando tratar-se da forma clássica da<br />

Síndrome <strong>de</strong> Bartter. Comentários: Na forma clássica da Síndrome <strong>de</strong><br />

Bartter a má progressão estaturo-pon<strong>de</strong>ral po<strong>de</strong> ser a manifestação clínica<br />

principal. A gasimetria e o ionograma sérico permitem a suspeição ao revelarem<br />

alcalose metabólica hipoclorémica e hipocaliémia, sendo o diagnóstico<br />

<strong>de</strong>finitivo realizado por estudo genético. O tratamento precoce melhora o<br />

prognóstico.<br />

Palavras-chave: Má progressão estaturo-pon<strong>de</strong>ral, Síndrome <strong>de</strong> Bartter.<br />

PD113 - Infecção Urinária neonatal: que <strong>de</strong>safios? – revisão casuística <strong>de</strong><br />

10 anos<br />

Ana Novo 1 ; Cláudia Melo 1 ; Daniel Gonçalves 1 ; Clara Vieira 1 ; Alexandra<br />

Sequeira 1 ; Raquel Cardoso 1 ; Susana Gama 1 ; Cristina Miguel 1 ; Paulo Teixeira 1<br />

1- Centro Hospitalar do Médio Ave – Hospital <strong>de</strong> Famalicão<br />

Introdução: A Infecção do Tracto Urinário (ITU) no período neonatal perma -<br />

nece um <strong>de</strong>safio clínico pela ausência ou inespecificida<strong>de</strong> dos sinais e sinto -<br />

mas associados e pelo risco <strong>de</strong> lesão renal permanente se subdiagnosticada.<br />

Objectivos: Caracterização dos internamentos no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> por<br />

ITU durante o período neonatal nos últimos 10 anos; análise do seguimento na<br />

consulta externa após a alta. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, <strong>de</strong>scritivo,<br />

baseado na análise dos processos clínicos <strong>de</strong> recém-nascidos internados<br />

com o diagnóstico <strong>de</strong> ITU entre 07/2000 e 07/2010. Os parâmetros anali -<br />

sados incluíram: ida<strong>de</strong>, sexo, antece<strong>de</strong>ntes familiares, pré e perinatais, apresentação<br />

clínica à admissão, exames auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico, agente etio ló -<br />

gico e antibiograma, terapêutica instituída, evolução clínica e seguimento após<br />

alta. Análise estatística por SPSS®v.17. Resultados: Foram incluídos 18<br />

recém-nascidos, 77% do sexo masculino, com uma mediana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> à admissão<br />

<strong>de</strong> 15 dias. I<strong>de</strong>ntificado 1 caso com história familiar <strong>de</strong> patologia nefrouro<br />

lógica. Do total <strong>de</strong> doentes, 33% eram prematuros e um recém-nascido<br />

apresentava baixo peso ao nascimento. Constatado o diagnóstico pré-natal <strong>de</strong><br />

dilatação pielocalicial em 3 doentes. A apresentação clínica incluiu: febre<br />

(n=8), icterícia (n=7), má evolução pon<strong>de</strong>ral (n=6), recusa alimentar (n=6),<br />

irritabilida<strong>de</strong> (n=5) e vómitos (n=1). A algaliação foi o método <strong>de</strong> colheita <strong>de</strong><br />

urina em 12 doentes e o saco colector em 6. Apresentaram piúria 17 recém-<br />

-nascidos. Os agentes etiológicos mais frequentemente isolados foram a E.<br />

Coli (78%) e a K. Pneumoniae (11%). A mediana <strong>de</strong> duração da antibioticote -<br />

rapia no internamento foi <strong>de</strong> 10 dias e a <strong>de</strong> profilaxia após alta <strong>de</strong> 9 meses. No<br />

seguimento <strong>de</strong>stes doentes verificou-se que 3 apresentavam refluxo vesicoure<br />

teral (RVU) (1 <strong>de</strong> grau I e 2 <strong>de</strong> grau III) com evolução favorável e <strong>de</strong>saparecimento<br />

espontâneo do RVU aos 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Na avaliação morfoló -<br />

gica 1 recém-nascido apresentou lesão cicatricial cortical. Em nenhum caso se<br />

verificou compromisso funcional renal até à data. Conclusões: Apesar da<br />

dimensão da amostra, alguns dos resultados foram compatíveis com a litera -<br />

tura actual, nomeadamente a predominância do sexo masculino e a taxa significativa<br />

<strong>de</strong> prematurida<strong>de</strong>. Os autores consi<strong>de</strong>ram pertinente a realização <strong>de</strong><br />

um estudo mais amplo, nacional e multicêntrico, com vista à implementação<br />

<strong>de</strong> um protocolo <strong>de</strong> abordagem sistematizado e consensual.<br />

Palavras-chave: Infecção do Tracto Urinário, recém-nascido, estudo retros -<br />

pectivo.<br />

PD114 - Sindroma <strong>de</strong> Nutckraker: Hematúria sem diagnóstico?<br />

Cristina Gonçalves 1 ; Rita Calado 2 ; Luísa Lobo 3 ; Carla Simão 4<br />

1- Hospital <strong>de</strong> Santa Maria, CHLN, EPE; 2- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> - Hospital<br />

do Espirito Santo, Evora, EPE; 3- Serviço <strong>de</strong> Imagiologia - Hospital <strong>de</strong> Santa<br />

Maria, CHLN, EPE; 4- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nefrologia Pediátrica - Hospital <strong>de</strong> Santa<br />

Maria - CHLN,EPE<br />

Introdução: A Sindroma <strong>de</strong> Nutcracker (SNC) é causada por compressão da<br />

veia renal esquerda no seu trajecto entre a aorta e artéria mesentérica supe -<br />

rior. Este fenómeno resulta em hipertensão da veia renal esquerda, traduzindo-se<br />

por dor abdominal ou dor localizada no flanco esquerdo com ou sem<br />

hematúria. Po<strong>de</strong> também manifestar-se por síndrome <strong>de</strong> congestão pélvica<br />

(dismenorreia, diapareunia, dor abdominal pélvica, disúria e varizes vulvares,<br />

pélvicas ou glúteas). O diagnóstico é essencialmente clínico, imageológico e<br />

necessariamente <strong>de</strong> exclusão. A revisão da literatura sugere que ocorre com<br />

uma prevalência razoável em crianças que se apresentam com hematúria isolada<br />

mas é habitualmente subdiagnosticado. Descrição dos casos: O 1º caso<br />

refere-se a um rapaz <strong>de</strong> 10 anos com história <strong>de</strong> episódios recorrentes <strong>de</strong><br />

hematúria macroscópica isolada (4 episódios entre Outubro <strong>de</strong> 2008 e Junho<br />

<strong>de</strong> 2010) sempre interpretados como possíveis infecções urinárias mas com<br />

uroculturas negativas. Sem hematuria microscópica no intervalo das crises. A<br />

ecografia renal doppler a cores efectuada em Julho <strong>de</strong> 2010 revelou redução<br />

do calibre da veia renal esquerda condicionada pela sua passagem entre a<br />

aorta e a artéria mesentérica superior, compatível com SNC. O 2º caso diz<br />

respeito a um rapaz <strong>de</strong> 5 anos com antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> disúria e hematúria<br />

microscópica aos 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, interpretado como infecção urinária mas<br />

sem isolamento <strong>de</strong> agente. Aos 5 anos tem um episódio <strong>de</strong> hematúria macros -<br />

cópica total e isolada. Efectuou no SU uma ecografia morfologia renal e vesical<br />

que foi consi<strong>de</strong>rada normal. Referenciado à consulta repetiu avaliação<br />

clínica e laboratorial que não revelou alterações, nomeadamente presença <strong>de</strong><br />

hematúria microscópica. Repetiu a ecografia renal com pedido <strong>de</strong> doppler a<br />

S92

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