acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S120<br />
Objectivos: 1. Determinar as principais características <strong>de</strong>mográficas dos<br />
casos <strong>de</strong> H1N1 diagnosticados em crianças (ida<strong>de</strong> inferior a 18 anos) na<br />
urgência <strong>de</strong> um hospital <strong>de</strong> nível IV e <strong>de</strong>stes, os internados no serviço <strong>de</strong><br />
<strong>Pediatria</strong>; 2. Avaliar as principais formas <strong>de</strong> apresentação, evolução clínica<br />
e comorbilida<strong>de</strong>s nos doentes internados. Métodos: Estudo retrospectivo<br />
com recolha <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>mográficos e clínicos, pela consulta dos registos do<br />
Laboratório Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, processos clínicos dos doentes<br />
internados e contacto telefónico com os pais dos doentes. Resultados: No<br />
total foram realizados 1009 testes a crianças que recorreram ou foram refe -<br />
renciados à urgência por queixas sugestivas <strong>de</strong> síndrome gripal entre<br />
22/07/2009 e 25/01/2010. Destes, o grupo dos ≥10<18anos foi o grupo<br />
proporcionalmente mais afectado. Foram internadas 23 crianças no serviço<br />
<strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, entre as datas <strong>de</strong> 08/11/2009 e 8/01/2010, com o diagnóstico<br />
<strong>de</strong> “gripe A”. O pico <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> internamentos foi em Dezembro <strong>de</strong><br />
2009. Quarenta e oito por cento dos casos tinham menos <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
e o sexo masculino foi o mais atingido (65% dos casos). A febre e a tosse<br />
foram os sintomas mais frequentes na apresentação; também se observaram<br />
sintomas gastrointestinais, cefaleia, prostração e convulsões febris. A me -<br />
diana dos dias <strong>de</strong> internamento foi <strong>de</strong> 4 dias. Não existiram óbitos nem<br />
internamentos em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos. Quinze <strong>de</strong> 23 casos<br />
apresentaram complicações da doença e <strong>de</strong>stas as mais frequentes foram as<br />
sobreinfecções bacterianas (5 casos <strong>de</strong> pneumonia bacteriana). Sete doentes<br />
apresentaram critérios <strong>de</strong> doença progressiva segundo os critérios da<br />
Direcção-geral da Saú<strong>de</strong>. Vinte e uma crianças efectuaram terapêutica<br />
antiviral. Oito casos necessitaram <strong>de</strong> antibioterapia. As comorbilida<strong>de</strong>s<br />
mais frequentes foram a asma (5 crianças) e a doença neurológica (5 crian -<br />
ças). Conclusões: Este estudo permite-nos avaliar as principais características<br />
<strong>de</strong>mográficas e clínicas da pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> gripe H1N1 verificadas em<br />
crianças num hospital <strong>de</strong> nível IV. São neces sários mais estudos em ida<strong>de</strong><br />
pediátrica que nos permitam conhecer e comparar as manifestações <strong>de</strong>sta<br />
pan<strong>de</strong>mia no nosso país.<br />
Palavras-chave: H1N1; internamentos; complicações; comorbilida<strong>de</strong>s.<br />
PD215 - Meningite Pneumocócica no período neonatal – serotipo 7 F<br />
Anaxore C. Casimiro 1 ; Cristina Cândido 1 ; Isabel Raminhos 1<br />
1- Centro Hospitalar <strong>de</strong> Setúbal-Hospital São Bernardo<br />
Introdução: A meningite bacteriana é mais comum no primeiro mês <strong>de</strong><br />
vida do que em qualquer outro período. O Streptococcus Pneumoniae repre -<br />
senta 5% dos casos <strong>de</strong> meningite bacteriana no período neonatal. Alguns<br />
serotipos parecem apresentar maior potencial invasivo, nomeadamente o<br />
7F. Objec tivo: Alertar para a gravida<strong>de</strong> da meningite pneumocócica no<br />
período neonatal e para a virulência do serotipo 7F Caso Clínico: Recém-<br />
-nascido (RN) <strong>de</strong> 26 dias <strong>de</strong> vida, período perinatal sem intercorrências e<br />
sem factores <strong>de</strong> risco para doença invasiva. Internado por prostração, recusa<br />
alimentar, convulsão focal e um pico febril com um dia <strong>de</strong> evolução. Mãe<br />
internada no mesmo dia, no Serviço <strong>de</strong> Medicina, por pneumonia da base<br />
direita. À observação: RN com sensação <strong>de</strong> doença, tendo tido uma con -<br />
vulsão clónica focal do membro inferior esquerdo durante o exame objectivo,<br />
associada a <strong>de</strong>svio conjugado do olhar. Analiticamente com 7700<br />
leucócitos /μL com 78.2% <strong>de</strong> neutrófilos, PCR 34.18 mg/dl e glicémia 118<br />
mg/dl. Realizou punção lombar que revelou líquor turvo com> 700 células<br />
/uL com predomínio <strong>de</strong> PMN, glicorráquia <5 mg/dl, proteinorráquia<br />
275 mg/dl, exame directo com coloração <strong>de</strong> gram revelando diplococos<br />
gram positivos, Ag capsular positivo para Strepto coccus Pneumoniae. Rea -<br />
lizou antibioticoterapia com vancomicina e cefota xima. Nas 48h seguintes,<br />
o RN teve uma evolução <strong>de</strong>sfavorável com instabili da<strong>de</strong> respiratória progressiva<br />
e estado <strong>de</strong> mal convulsivo, tendo sido submetido a ventilação<br />
invasiva e internamento em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos durante 24<br />
dias. Hemocultura e cultura <strong>de</strong> LCR com isolamento <strong>de</strong> Streptococcus<br />
pneu moniae e serotipagem com S. pneumoniae 7F sensível à terapêutica<br />
instituída. Fez RM-CE que evi<strong>de</strong>nciou e<strong>de</strong>ma cerebral difuso, múltiplas<br />
cavida<strong>de</strong>s liquóricas <strong>de</strong> topografia posterior, IIIº e IVº ventrículos aumentados<br />
e herniação trans-tentorial. Após 2 meses <strong>de</strong> seguimento mantém-se<br />
em respiração espontânea, apresentando no entanto graves sequelas<br />
motoras, auditivas e visuais. Conclusão: Este caso ilustra a importância do<br />
Streptococcus Pneumoniae como agente etiológico <strong>de</strong> meningite bacteriana<br />
no período neonatal, não obstante a sua baixa prevalência. O contexto<br />
epi<strong>de</strong> miológico <strong>de</strong>sempenha um papel fundamental na história clínica. A<br />
dimensão das lesões neurológicas confirma a virulência do serotipo 7F, já<br />
documentada em alguns estudos.<br />
Palavras-chave: Recém-nascido,meningite, pneumococo,serotipo 7F.<br />
PD216 - Meningite pneumocócica - Que seguimento após a alta?<br />
Maria Inês Simões Salva 1 ; Maria João Brito 1 ; Conceição Neves 1<br />
1- Hospital Dona Estefânia<br />
Introdução: A meningite pneumocócica é doença com morbilida<strong>de</strong> elevada<br />
e o seguimento inclui um rastreio <strong>de</strong> sequelas a longo prazo como a avaliação<br />
da audição e do <strong>de</strong>senvolvimento. Investigações adicionais nem sempre são<br />
consensuais. Caso Clínico: Criança <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, internada aos 11<br />
meses por meningite pneumocócica – serotipo 19A - complicada <strong>de</strong> empiema<br />
subdural, vasculite e enfarte cerebral do território da artéria cerebral média,<br />
com convulsões. Realizou terapêutica anticonvulsivante durante 8 meses não<br />
voltando a ter crises e o estudo das trombofilias mostrou heterozigotia<br />
6756>A, sem outras alterações, pelo que não necessitou <strong>de</strong> anticoa -<br />
gulação. Após a alta foi referenciado à consulta para seguimento on<strong>de</strong> se programou<br />
estudo da audição que foi normal e avaliação do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
psicomotor que tem estado a<strong>de</strong>quado à ida<strong>de</strong>. Pela gravida<strong>de</strong> do quadro clí -<br />
nico e pela ida<strong>de</strong> foi pedido estudo da imunida<strong>de</strong> que revelou hipogamaglo -<br />
bulinémia com IgG 2,86 g/L, IgA<0,236 g/L e IgM 1,010 g/L, subclasses<br />
<strong>de</strong> IgG com IgG1:2,65 g/L, IgG2:0,23 g/L, IgG3:0,17 g/L, IgG4:0,025 g/L,<br />
(com 2 SD valores inferiores ao normal). Os anticorpo anti-difteria 5,13<br />
U/mL, anticorpo anti-tétano 29,3 U/mL e populações linfocitárias não apresentavam<br />
alterações. Foi feito o diagnóstico <strong>de</strong> hipogamaglobulinémia transitória<br />
da infância e iniciou imunoglobulina endovenosa em esquema habi -<br />
tual, com boa evolução clínica e laboratorial. Actualmente não tem infecções<br />
bacterianas significativas e apresenta crescimento a<strong>de</strong>quado. Completou<br />
vaci nação anti-pneumocócica, com vacina conjugada e polissacarídica e<br />
aguarda doseamento <strong>de</strong> anticorpos anti-pneumococos. O diagnóstico final só<br />
po<strong>de</strong>rá ser efectuado após os 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, altura em que as alterações<br />
imunológicas fisiológicas da ida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>m a normalizar, já que alguns <strong>de</strong>stes<br />
doentes po<strong>de</strong>m evoluir para défices imunes <strong>de</strong>finitivos nomeadamente imu -<br />
no <strong>de</strong>ficiência comum variável. Conclusão: Neste caso verificou-se uma<br />
associação <strong>de</strong> doença pneumocócica grave com eventual imuno<strong>de</strong>ficiência da<br />
infância. Os autores chamam a atenção para que o seguimento <strong>de</strong> uma meningite<br />
pneumocócica <strong>de</strong>ve incluir não só a avaliação <strong>de</strong> sequelas mas adicionalmente<br />
uma investigação <strong>de</strong> déficites da imunida<strong>de</strong>.<br />
Palavras-chave: Meningite; pneumococo; imunida<strong>de</strong>.<br />
PD217 - Adolescente com tumefacção inguinal recorrente<br />
Helena M Silva 1 ; Telma Barbosa 1 ; Ribeiro Castro 1 ; Virgílio Senra 1<br />
1- Centro Hospitalar do Porto - Hospital Maria Pia<br />
Introdução: As tumefacções inguinais representam um <strong>de</strong>safio diagnós -<br />
tico, tornando-se necessário uma história clínica e exame físico <strong>de</strong>talhados.<br />
No diag nóstico diferencial incluem-se frequentemente a patologia<br />
herniária, infec ciosa e neoplásica. Caso Clínico: Adolescente <strong>de</strong> 14 anos <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong>, sexo masculino, saudável, com tumefacção inguinal esquerda <strong>de</strong><br />
aparecimento súbito e crescimento progressivo, com 4 cm <strong>de</strong> maior eixo e<br />
dolorosa à palpa ção. Sem traumatismo prévio, sem claudicação, sem repercussão<br />
no estado geral, ou outras queixas. A ecografia foi compatível com<br />
provável gânglio necrótico ou abcesso, pelo que nos 4 meses seguintes fez<br />
vários ciclos <strong>de</strong> beta-lactâmicos e múltiplas drenagens, com exames culturais<br />
negativos. Por recorrência da tumefacção realizou exérese cirúrgica,<br />
cujo exame histológico favoreceu o diagnóstico <strong>de</strong> linfa<strong>de</strong>nite tuberculosa,<br />
tendo sido orientado para a Consulta <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>. Da história clínica real -<br />
çava-se: ausência <strong>de</strong> contexto epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> tuberculose; presença <strong>de</strong><br />
animais domésticos(cães, gatos e pombos). O exame objectivo revelava<br />
tumefacção na região inguinal es quer da e lesão cicatricial plana no 1/3 inferior<br />
da perna esquerda. Sem outras tumefacções ou organomegalias<br />
palpáveis. Por aparecimento <strong>de</strong> febre e recidiva dos sinais inflamatórios<br />
locais, com limitação da mobilização, é inter nado para drenagem e<br />
antibioterapia EV com flucloxacilina, com re gres são dos sinais inflamatórios.<br />
Do estudo efectuado: exame microbioló gico do exsudado apresentava<br />
um S.aureus meticilino sensível; pesquisa <strong>de</strong> BK e prova <strong>de</strong> tuberculina<br />
negativas. A RM da raiz da coxa esquerda revelou a presença <strong>de</strong><br />
gânglios com dimensões até 17mm, configurando alterações inflamatórias,<br />
sem evi<strong>de</strong>nte abcedação. Das serologias realizadas, a serologia para<br />
Bartonella henselae foi inicialmente IgM duvidosa e IgG negativa e cerca<br />
<strong>de</strong> 1 mês após, IgM negativa, e IgG positiva; a PCR do exsudado foi negativa.<br />
Iniciou tratamento com macrólidos, apresentando regressão significativa<br />
da lesão. Conclusão: A Bartonella henselae causa a doença da arra nha -<br />
<strong>de</strong>la do gato, uma zoonose autolimitada com duração <strong>de</strong> 6-12 semanas, cuja<br />
apresentação mais comum é a linfa<strong>de</strong>nopatia cervical ou axilar. A loca -<br />
lização ingui nal é menos comum.Neste caso, <strong>de</strong>stacamos a longa evolução<br />
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