acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria
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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S7<br />
Mesa Redonda_2<br />
Formação contínua em <strong>Pediatria</strong> do Ambulatório: <strong>de</strong>safio para pediatras<br />
e médicos <strong>de</strong> família<br />
A. Levy Aires<br />
Resumo<br />
Num mundo <strong>de</strong> “informação”, a formação contínua dos médicos que intervêm<br />
nos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ambulatórios, neste caso à criança, é uma necessida<strong>de</strong><br />
e também uma responsabilida<strong>de</strong> que cabe aos médicos, através da OM<br />
e dos seus órgãos próprios, não <strong>de</strong>ixando essa responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser objectivo<br />
da SPP e suas secções.<br />
A articulação da formação e também a partilha <strong>de</strong> informação entre Pediatras<br />
e Médicos <strong>de</strong> Clínica Geral e Medicina Familiar são efectivamente um <strong>de</strong>safio,<br />
para o qual se apontam alguns caminhos.<br />
A APP, em fase <strong>de</strong> ser repensada, é uma fonte <strong>de</strong> valorização dos pediatras e<br />
voz <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s homens da <strong>Pediatria</strong>, essencial para que a criança não <strong>de</strong>ixe<br />
<strong>de</strong> ser um “centro <strong>de</strong> atenção”.<br />
Deverá DGS continuar a ser um órgão regulador, incluindo da própria formação,<br />
através <strong>de</strong> orientações técnicas e normativas, actualizadas regularmente.<br />
O Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> e as UCF, agora renomeadas, <strong>de</strong>verão ter um importante<br />
papel não só na investigação, na divulgação dos seus conteúdos, mas<br />
também na implementação <strong>de</strong> protocolos locais, não esquecendo a articulação<br />
com todos os profissionais e serviços da sua área <strong>de</strong> intervenção, sejam<br />
públicos ou privados. Exige-se “tempo” para esta formação contínua.<br />
E os Pediatras? Desejável que estejam on<strong>de</strong> estão as crianças, objectivo realizável<br />
no SNS com implementação da função <strong>de</strong> Pediatra Consultor, dando<br />
resposta no local às necessida<strong>de</strong>s das crianças e colaborando na formação dos<br />
outros técnicos.<br />
Termino com um <strong>de</strong>safio: Porque não a avaliação em <strong>Pediatria</strong> do Ambu la tório?<br />
O Actual Internato Prepara-nos?<br />
Ana Saianda<br />
Durante a realização do Internato Complementar <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> partilhei a<br />
impressão manifestada por outros internos <strong>de</strong> que o tempo <strong>de</strong> duração do<br />
estágio <strong>de</strong> Cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Primários, um estágio iminentemente <strong>de</strong>di cado<br />
à <strong>Pediatria</strong> do Ambulatório, se afigurava <strong>de</strong>masiado longo. Com efeito, sem<br />
questionar a utilida<strong>de</strong> da sua realização, muitas vezes me interroguei sobre a<br />
pertinência da introdução <strong>de</strong> algumas alterações no seu funcionamento por<br />
forma a tirar o melhor partido <strong>de</strong>sse tempo <strong>de</strong> formação.<br />
A Ambulatory Pediatric Association, a American Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics e o<br />
Accreditation Council for Graduate Medical Education Resi<strong>de</strong>ncy Review<br />
Committee for Pediatrics reconhecem a importância do ambiente familiar,<br />
educacional, social, cultural, espiritual, económico e político na saú<strong>de</strong> das<br />
crianças e têm enfatizado a importância do treino dos internos para o papel <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa da saú<strong>de</strong> da criança/ adolescente inserido na comunida<strong>de</strong>. De igual<br />
forma, em Portugal, o Programa <strong>de</strong> Formação do Internato Complementar <strong>de</strong><br />
<strong>Pediatria</strong> (1996), no que se refere à valência <strong>de</strong> Cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Primários,<br />
<strong>de</strong>fine objectivos <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho direccionados à aprendizagem<br />
da <strong>Pediatria</strong> na perspectiva comunitária. Julgo, no entanto, que nas<br />
restantes vertentes do Internato está ainda muito enraizada a aprendizagem da<br />
medicina tradicional centrada na criança em particular. Estamos, com efeito,<br />
ainda pouco habituados a alargar a perspectiva para as crianças como grupo<br />
inserido na comunida<strong>de</strong>, facto que po<strong>de</strong>rá condicionar não só a avaliação da<br />
criança doente em meio hospitalar, mas também uma a<strong>de</strong>quada preparação<br />
para o exercício da pediatria em ambulatório.<br />
Procurando respon<strong>de</strong>r às questões suscitadas, elaborei um questionário que<br />
foi enviado por mail a internos do 5º ano do Internato Complementar <strong>de</strong><br />
<strong>Pediatria</strong> e Pediatras com até 5 anos <strong>de</strong> experiência após a conclusão do internato<br />
e cuja formação tenha ocorrido em diferentes zonas do país. Funda -<br />
mentei a elaboração <strong>de</strong> algumas perguntas nas recomendações da Ambulatory<br />
Pediatric Association para o Internato <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> nos EUA e da Americam<br />
Aca<strong>de</strong>my of Pediatrics para o exercício <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> Comunitária.<br />
Os 29 inquéritos recebidos distribuem-se geograficamente da seguinte<br />
forma: Braga 1, Porto 5, Coimbra 1, Lisboa 16, Évora 2, Faro 3, Funchal 1.<br />
Em 17 (63%) dos casos o estágio foi orientado por especialista em Medicina<br />
Geral e Familiar e nos restantes por pediatra. Dos resultados obtidos <strong>de</strong>stacam-se:<br />
em 12 (41%) casos não foi possível acompanhar adolescentes; em<br />
mais <strong>de</strong> 76% dos casos foram cumpridos os objectivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho (avaliação<br />
e promoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento normal, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios da<br />
normalida<strong>de</strong>, promoção da saú<strong>de</strong>, aconselhamento no campo da nutrição e<br />
imunização), mas apenas 12 (41%) respon<strong>de</strong>dores tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
“conhecer as estru turas da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção das activida<strong>de</strong>s da criança<br />
e adoles cente e <strong>de</strong> apoio às famílias” (um dos objectivos <strong>de</strong> conheci mento<br />
<strong>de</strong>finidos pelo Programa <strong>de</strong> Formação em <strong>Pediatria</strong>). Em 20 (69%) inqué -<br />
ritos foi afirmado o contacto com enfermeiros e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> escolar,<br />
mas em menos <strong>de</strong> 50% foi referida a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cont<strong>acta</strong>r com<br />
outras equipas <strong>de</strong> profissionais envolvidos nos cuidados à criança, nomeadamente,<br />
profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, assistentes sociais, psicólogos e professores.<br />
Três (10%) dos respon<strong>de</strong>dores tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar<br />
activamente na implementação <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong>senvolvidos pelo Centro <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> ou estruturas associadas com o objectivo <strong>de</strong> ultrapassar as carências<br />
nos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> à criança. Doze (41%) dos respon<strong>de</strong>dores afirmaram<br />
terem tido contacto com as estruturas implicadas nos cuidados à criança/<br />
adolescentes em risco.<br />
Os resultados obtidos são representativos <strong>de</strong> uma a<strong>de</strong>quada formação rela -<br />
tivamente aos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> física da<br />
criança, mas parecem-me <strong>de</strong>monstrar algumas lacunas relativamente à formação<br />
em aspectos como a promoção da saú<strong>de</strong> em contexto da família, escola<br />
e comunida<strong>de</strong>, a promoção da saú<strong>de</strong> mental e os meios <strong>de</strong> protecção e<br />
encaminhamento da criança em risco. Desta forma, julgo que seria útil<br />
repensar estratégias <strong>de</strong> formação que permitissem ir ao encontro das novas<br />
realida<strong>de</strong>s da nossa socieda<strong>de</strong> e cada vez mais contribuir para o bem estar <strong>de</strong><br />
TODAS as crianças.<br />
Bibliografia<br />
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role in community pediatrics. Pediatrics 2005;115:1092-1094<br />
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focus in resi<strong>de</strong>ncy trainig from 2002 to 2005. Ambulatory Pediatrics 2007; 7: 321-324<br />
3- Minkowitz CS, Chandra A, Solomon BS, San<strong>de</strong>rs LM, Grason HA et al. Factors influen cing<br />
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8- Diário da República I-série B, nº 252 – 30-10-1996, p. 3839-3852<br />
9- Kittredge D, Baldwin CD, Bar-on M, Beach ME, Trimm RF (Eds.).(2004). APA Educational<br />
Gui<strong>de</strong>lines for Pediatric Resi<strong>de</strong>ncy. Ambulatory Pediatric Association Website.<br />
www.ambpeds.org/egweb<br />
10- http://www.aca<strong>de</strong>micpeds.org/egwebnew/viewkeytop.cfm?topicid=343<br />
Mesa Redonda_3<br />
Dispneia súbita<br />
A dispneia súbita é um dos sintomas mais comuns no Serviço <strong>de</strong> Urgência.<br />
Definição <strong>de</strong> dispneia.<br />
Etiologias múltiplas : 2/3 dos casos <strong>de</strong> etiologia cardiopulmonar<br />
Diagnósticos diferenciais no Serviço <strong>de</strong> Urgência: Cardíacas / Pulmonares /<br />
Mistas / Não cardíacas/ Não metabólicas<br />
Pulmonares: Infecção das vias aéreas superiores/ Asma / Anafilaxia / Pneu -<br />
motórax espontâneo/ Pneumonia / Derrame pleural / Obstrução da via aérea<br />
superior / Tromboembolismo pulmonar / Síndrome <strong>de</strong> hiperventilação / Into -<br />
xi cação por monóxido <strong>de</strong> carbono<br />
Com o alargamento da faixa etária na <strong>Pediatria</strong> alguns dos diagnósticos diferenciais<br />
que eram rarida<strong>de</strong> até à data, passaram a ser frequentes no Serviço <strong>de</strong><br />
Urgência. Por este motivo torna-se premente a actualização <strong>de</strong>stes temas, tais<br />
como pneumotórax espontâneo e troboembolismo pulmonar.<br />
Pneumotorax espontâneo: Definição / Fisiopatologia / Exames complemen -<br />
tares <strong>de</strong> diagnóstico / Terapêutica<br />
Troboembolismo pulmonar: Definição / Fisiopatologia / Exames comple -<br />
men tares <strong>de</strong> diagnóstico / Terapêutica<br />
É necessário um elevado índice <strong>de</strong> suspeição para se efectuar o diagnóstico<br />
<strong>de</strong>stas entida<strong>de</strong>s.<br />
A história clínica e exame físico completo, bem como uma inspecção e auscultação<br />
pulmonar cuidadosa são fundamentais para o diagnóstico correcto.<br />
É com base nestes princípios que se estabelecem priorida<strong>de</strong>s no pedido <strong>de</strong><br />
exames complementares.<br />
O tratamento <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quado a cada situação e tendo em conta a relação<br />
risco-benefício, em cada caso.<br />
S7