22.07.2014 Views

acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Acta Pediatr Port 2010:41(5):S111<br />

mento <strong>de</strong> curta duração (UICD) do nosso hospital, no período que antece<strong>de</strong>u<br />

a actuali zação do protocolo <strong>de</strong> actuação. Material e métodos: Estudo retros -<br />

pectivo <strong>de</strong> todas as crianças internadas por CAD na UICD entre 2005 e<br />

2009, anali sando-se os parâmetros: ida<strong>de</strong>, causa, gravida<strong>de</strong>, actuação clínica<br />

e complicações. Resul tados: De 2005 a 2009 registaram-se 62 internamentos<br />

por CAD na UICD (38,8% do total <strong>de</strong> internamentos por DM1), correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a 25 crianças. Em 30,6% dos casos tratou-se da manifestação<br />

inaugural da doença e em 69,4% <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompensação. Nos episódios inau -<br />

gurais as ida<strong>de</strong>s variaram entre 2-13 anos (mediana <strong>de</strong> 7 anos) e nas <strong>de</strong>scompensações<br />

entre 8-15 anos (me diana 13 anos). A causa mais frequente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scompensação foi o incumprimento terapêutico, verificado em 20 casos.<br />

Em 11 casos <strong>de</strong>tectou-se uma intercorrência infecciosa aguda. Entre estes<br />

grupos não se verificou uma diferença significativa na distribuição etária. A<br />

gravida<strong>de</strong> da CAD reve lou-se ligeira em 42% dos doentes, mo<strong>de</strong>rada em<br />

22,5% e grave em 35,5%. Todas as crianças foram admitidas na UICD, ocorrendo<br />

apenas duas transfe rências para a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos<br />

Pediátricos. A reposição <strong>de</strong> fluidos foi ini ciada com soro fisiológico em 84%<br />

das crianças. Das restantes que iniciaram soro <strong>de</strong>xtrosado ou hidratação oral,<br />

a maioria apresentava uma glicémia inicial inferior a 300mg/dL. Foi adicionado<br />

potássio suplementar em todos os doentes com hidratação ev.<br />

Utilizou-se insulina regular em perfusão em 54 crianças (87%), das quais 32<br />

iniciaram a perfusão em simultâneo com a hidratação ev e as restantes em<br />

média 1 hora <strong>de</strong>pois. O tempo médio <strong>de</strong> duração da perfusão foi <strong>de</strong> 15 horas.<br />

Registaram-se como complicações três hipoglicémias e duas hipocaliémias.<br />

Ocorreu uma <strong>de</strong>scida da glicémia&gt; 100mg/dL/hora em 52% dos casos.<br />

Não se registaram casos <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma cerebral. Conclusão: O tratamento da<br />

CAD tem como objectivo corrigir os <strong>de</strong>sequilíbrios existentes e evitar complicações<br />

potencialmente graves. Na nossa casuística registou-se uma baixa<br />

incidência <strong>de</strong> complicações relacionadas com a terapêutica. A UICD, com<br />

profissionais treinados e familiarizados com esta patologia, é na nossa<br />

experiência um local a<strong>de</strong>quado para o tratamento da CAD.<br />

Palavras-chave: Cetoacidose diabética, ida<strong>de</strong> pediátrica.<br />

PD182 - Diabetes Mellitus: Características do episódio inaugural<br />

Vanessa Portugal 1 ; Filipa Vasconcelos Espada 1 ; Marcelo Fonseca 1<br />

1- Hospital Pedro Hispano<br />

Introdução: A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crónica, <strong>de</strong><br />

etiologia múltipla, caracterizada por uma hiperglicemia crónica com distúrbios<br />

no metabolismo dos hidratos <strong>de</strong> carbono, lipí<strong>de</strong>os e proteínas, resultantes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências na secreção ou acção da insulina, ou ambas. Apresenta-se,<br />

habitualmente, com sintomas característicos como a polidípsia, poliúria,<br />

visão turva e perda <strong>de</strong> peso. Em casos mais graves po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver-se<br />

cetoacidose (CAD) ou estado hiperosmolar não cetónico que po<strong>de</strong> conduzir a<br />

letargia, coma e na ausência <strong>de</strong> tratamento a<strong>de</strong>quado, mesmo a morte.<br />

Objectivo: Caracterizar o episódio inaugural <strong>de</strong> DM das crianças internadas<br />

no Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> com este diagnóstico <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1997 a Dezembro<br />

<strong>de</strong> 2009. Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos processos clínicos<br />

das crianças internadas por DM inaugural nos últimos 12 anos. Foram anali -<br />

sadas as seguintes variáveis: ida<strong>de</strong>, sexo, antece<strong>de</strong>ntes pessoais e familiares,<br />

sintomas <strong>de</strong> apresentação, data <strong>de</strong> inicio dos sintomas e perfil analítico.<br />

Resultados: Foram internadas 59 crianças, 54% das quais do sexo feminino.<br />

A ida<strong>de</strong> média foi 8,5 anos. (ida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 2 anos e máxima <strong>de</strong> 17). A<br />

maioria dos casos (53%) tinha entre 8 e 13 anos. 42% <strong>de</strong>stas crianças foram<br />

referenciadas pelos médicos assistentes. Em 11 crianças (18%) existia histó -<br />

ria <strong>de</strong> DM tipo I em familiares <strong>de</strong> primeiro grau. Os sintomas <strong>de</strong> apresentação<br />

mais frequentes foram a polidípsia (76%), poliúria (66%) e perda pon<strong>de</strong>ral<br />

(66%). A polifagia foi referida em 25% dos casos, a enurese nocturna em 19%<br />

e a dor abdominal, as náuseas e os vómitos em 17%. O tempo <strong>de</strong> evolução<br />

médio dos sintomas foi <strong>de</strong> 27 dias. A CAD foi a forma <strong>de</strong> apresentação em<br />

30% dos casos. Em cerca <strong>de</strong> 20% das crianças verificou-se a ausência <strong>de</strong><br />

cetoacidose e cetonúria. A hemoglobina glicosilada média foi <strong>de</strong> 9,59. Conclusão:<br />

A maioria das crianças apresentavam sintomas característicos e com<br />

um período <strong>de</strong> evolução médio <strong>de</strong> 27 dias (mínimo 7 e máximo 120 dias). A<br />

CAD foi a forma <strong>de</strong> apresentação em 30% dos casos, o que está <strong>de</strong> acordo<br />

com a literatura, que refere valores <strong>de</strong> 15 a 70% para a Europa. A cetoacidose<br />

é mais frequente, como forma <strong>de</strong> apresentação, nas crianças mais novas (&lt;<br />

5 anos) e nos meios socioeconómicos mais <strong>de</strong>sfavorecidos e com maior dificulda<strong>de</strong><br />

em ace<strong>de</strong>r aos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. É necessário pesquisar e valorizar<br />

os sintomas característicos, isolados ou associados, que na maioria das vezes<br />

indiciam o diagnóstico.<br />

Palavras-chave: Diabetes Mellitus Inaugural<br />

Área Científica - Gastroenterologia e Nutrição<br />

PD183 - Um Caso Clínico <strong>de</strong> Esplenomegália Numa Criança Proveniente<br />

<strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong><br />

Duarte Malveiro 1 ; Sara Pimentel Marcos 1 ; Maria Alexandra Costa 1 ; Fernando<br />

Durães 1<br />

1- Hospital <strong>de</strong> São Francisco Xavier - CHLO<br />

Introdução: A trombose da veia porta (TVP) é uma causa importante <strong>de</strong><br />

hipertensão portal na ida<strong>de</strong> pediátrica, po<strong>de</strong>ndo causar morbilida<strong>de</strong> e mor ta li -<br />

da<strong>de</strong> significativas, principalmente <strong>de</strong>vido a hemorragia digestiva alta (HDA).<br />

Os autores apresentam este caso pelas implicações que esta entida<strong>de</strong> clínica<br />

tem na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equacionar outros diagnósticos<br />

dado o contexto epi<strong>de</strong>miológico. Caso Clínico: Criança do sexo masculino,<br />

natural <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>, sem antece<strong>de</strong>ntes familiares relevantes. Tem<br />

antece<strong>de</strong>ntes pessoais <strong>de</strong> HDA por varizes gastro-esofágicas aos 4 anos. Aos 5<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a residir em Portugal há 2 meses, recorreu ao hospital por massa<br />

abdominal esquerda e episódios esporádicos <strong>de</strong> icterícia das escleróticas com<br />

1 ano <strong>de</strong> evolução. Negava febre. Apresentava mucosas <strong>de</strong>scoradas e sopro<br />

cardíaco funcional. Não tinha vascularização superficial visí vel no abdómen,<br />

o fígado não era palpável e tinha esplenomegália <strong>de</strong> consistência duro-elás tica<br />

e indolor no hipocôndrio e flanco esquerdos. Analiticamente apresentava<br />

pancitopénia, sem parâmetros <strong>de</strong> infecção ou alterações da função hepática.<br />

Excluíram-se outras causas <strong>de</strong> esplenomegália. A ECO ABD mostrou marcada<br />

esplenomegália, homogénea, com shunts porto-sistémicos nas veias esplé -<br />

nica e renal. O estudo doppler revelou fluxo hepatopetal na veia porta mas<br />

esboçando traçado “vai-vem”. A TC ABD com contraste confirmou a transformação<br />

cavernomatosa da veia porta. A endoscopia digestiva alta (EDA) mos -<br />

trou varizes esofágicas <strong>de</strong> pequeno calibre e gastropatia hipertensiva ligeira.<br />

Foi medicado com esomeprazol. Planeia-se estudo <strong>de</strong> trombofilía e eventual<br />

bypass mesenterico-portal (Shunt <strong>de</strong> Rex). Conclusão: Na ida<strong>de</strong> pediátrica a<br />

TVP <strong>de</strong>ve ser equacionada sempre que exista HDA, esplenomegália e ausência<br />

<strong>de</strong> estigmas <strong>de</strong> doença hepática crónica. A ECO ABD com estudo doppler<br />

permitiu i<strong>de</strong>ntificar a transformação caverno matosa da porta e a TC ABD com<br />

contraste fazer uma melhor caracterização vascular. A EDA é fundamental<br />

para aferir o risco <strong>de</strong> hemorragia digestiva alta. O tratamento <strong>de</strong>sta patologia,<br />

neste caso com IBP e Bypass mesentérico-portal (Shunt <strong>de</strong> REX), é importante<br />

por permitir uma melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (98%), aumentar a<br />

sobrevivência (96%) e diminuir as complicações (2%). Neste caso clínico,<br />

pela proveniência <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> intercorrências nos<br />

primeiros anos <strong>de</strong> vida, houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> excluir outros diagnósticos,<br />

assim como planear investigação etiológica da TVP.<br />

Palavras-chave: Esplenomegália, Trombose, Veia Porta<br />

PD184 - Colecistite acalculosa aguda por Salmonella enteritidis numa<br />

criança com infecção pelo vírus H1N1v<br />

Joana Regala 1 ; Catarina Gouveia 1 ; Maria João Brito 1<br />

1- Hospital Dona Estefânia<br />

Introdução: A colecistite aguda acalculosa é uma entida<strong>de</strong> pouco frequente<br />

na ida<strong>de</strong> pediátrica, sendo uma complicação rara <strong>de</strong> enterocolite por Salmo -<br />

nella não tifói<strong>de</strong>. A co-infecção com o vírus influenza A (H1N1)v não foi<br />

previamente <strong>de</strong>scrita. Caso Clínico: Rapaz <strong>de</strong> 10 anos, previamente saudá -<br />

vel, com síndrome gripal caracterizado por febre (39,7ºC), cefaléias, mialgias<br />

e dor abdominal. A reacção em ca<strong>de</strong>ia da polimerase foi positiva para<br />

vírus influenza A, subtipo H1N1v foi positiva, não tendo sido prescrito<br />

oseltamivir. Ao 5º dia <strong>de</strong> doença, por persistência dos sintomas e aparecimento<br />

<strong>de</strong> vómitos e diarreia profusa recorreu à urgência. Na admissão apresentava<br />

ar tó xico, sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação grave, insuficiência pré-renal aguda<br />

e oligúria. A história pregressa revelava ingestão <strong>de</strong> ovos. Analiticamente<br />

tinha leucócitos 9400/mm3 com neutrofilia (84,8%), proteína C-reativa<br />

32,14mg/dL e hipo ca liémia. Foi medicado com analgésicos, antipiréticos e<br />

soro <strong>de</strong> rehidratação endovenoso. As coproculturas foram positivas para<br />

Salmonella enteritidis. No 9º dia <strong>de</strong> doença houve agravamento da dor<br />

abdominal nos quadrantes superiores associando-se sinal Murphy positivo.<br />

A ecografia abdominal re velou vesícula biliar distendida, com pare<strong>de</strong>s<br />

mo<strong>de</strong> radamente espessadas e a<strong>de</strong>nopatia em relação com o infundibulo da<br />

vesícula biliar. Iniciou cefota xima, gentamicina e metronidazol. Os vómitos<br />

e a dor abdominal ainda persistiram durante 5 dias, melhorando <strong>de</strong>pois progressivamente<br />

com alta após 10 dias. Discussão: A etiologia da colecistite<br />

acalculosa foi provavelmente multifactorial para a qual contribuiu a febre, a<br />

<strong>de</strong>sidratação, os analgésicos, o jejum prolongado e a infecção pela Sal -<br />

S111

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!