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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2010:41(5):S80<br />

PD68 - Trombocitose Essencial: o que é raro também aparece!...<br />

Joana Serra Caetano 1 ; Filipa Nunes 2 ; Ana Tavares 2 ; Ana Sofia Fraga 2 ; Ana Neto 3<br />

1- Hospital Pediátrico <strong>de</strong> Coimbra; 2- Hospital Garcia <strong>de</strong> Orta; 3- Instituto<br />

Português <strong>de</strong> Oncologia Francisco Gentil<br />

Introdução: A trombocitose é um achado laboratorial relativamente frequente<br />

na infância. É, na maioria dos casos, um fenómeno reactivo, secun -<br />

dário a infecção, cirurgia recente, trauma, doença auto-imune ou fármacos.<br />

Em situações mais raras po<strong>de</strong> estar relacionado com uma hiperprodução<br />

autónoma <strong>de</strong> plaquetas, como acontece na trombocitose essencial, extremamente<br />

invulgar em ida<strong>de</strong> pediátrica (0.09-1/1000000 crianças), <strong>de</strong> que se<br />

apresenta um caso em seguida. Descrição do caso clínico: Criança <strong>de</strong> 5 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sexo feminino, com osteogénese imperfeita tipo III, em protocolo<br />

<strong>de</strong> pamidronato endovenoso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há 4 anos. Última cirurgia ortopédica 6<br />

meses antes e amigdalite presumivelmente bacteriana 2 semanas antes. A<br />

avaliação analítica realizada no âmbito <strong>de</strong>sta terapêutica revelou 3 783 000<br />

plaquetas/ml (confirmada em esfregaço), volume plaquetar médio 7.4 fl,<br />

hemoglobina 11.6g/dl, volume globular médio 75.3fl, RDW 18.8%, leucócitos<br />

22000/ml [neutrófilos 12890/ml (58%)]. Avaliação analítica seriada<br />

mos trou trombocitose persistente ao longo <strong>de</strong> 2 meses (1872000-3882000-<br />

-3917000/ml). Da investigação etiológica <strong>de</strong>stacamos: PCR 0.8 mg/dl, VS<br />

60 mm/h, ferritina 74 ng/ml, fosfatase alcalina leucocitária 78, ecografia<br />

abdo minal sem alterações; medulograma com megacariócitos em número<br />

aumentado, com raros elementos <strong>de</strong> núcleo hipersegmentado e tamanho<br />

aumentado, aspectos morfológicos compatíveis com trombocitose essencial;<br />

biópsia medular com hipercelularida<strong>de</strong> por aumento do número <strong>de</strong> megaca -<br />

riócitos, com distribuição topográfica e morfologia anómala, compatível<br />

com doença mieloproliferativa crónica; estudo citogenético sem alterações.<br />

Admitimos o diagnóstico <strong>de</strong> trombocitémia essencial estando actualmente<br />

sob terapêutica com ácido acetilsalicílico em dose anti-agregante.<br />

Discussão: A trombocitose essencial é uma doença extremamente rara em<br />

ida<strong>de</strong> pediátrica cujo diagnóstico exige a exclusão prévia <strong>de</strong> situações reaccionais<br />

e <strong>de</strong> outras doenças mieloproliferativas. Deve, no entanto, ser consi<strong>de</strong>rada<br />

quando há uma trombocitose extrema (>1 milhão) persistente na<br />

ausência <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> trombocitose reactiva. É sintomática apenas num<br />

terço dos casos. As complica ções trombóticas (1.5%) e hemorrágicas (5%)<br />

são raras, não interferindo na esperança média <strong>de</strong> vida. A terapêutica não é<br />

consensual sendo recomendada pela maioria dos autores apenas em casos<br />

sintomáticos. A transformação neoplá sica, sendo rara, é uma preocupação<br />

importante nesta doença.<br />

Palavras-chave: Trombocitose essencial diagnóstico infância.<br />

PD69 - Miofibromatose infantil e fibromatose agressiva - Experiência do<br />

IPOFG-Porto<br />

Miguel Fonte 1 ; Diana Moreira 1 ; Cristiana Ribeiro 1 ; Ana Maia Ferreira 1 ; Nuno<br />

Farinha 1 ; Lucília Norton 1<br />

1- IPOFG-Porto<br />

Introdução: As proliferações fibroblásticas/miofibroblásticas na criança<br />

cons tituem uma entida<strong>de</strong> rara e apresentam um comportamento variável, por<br />

vezes agressivo. Existem várias formas. A Miofibromatose Infantil (MI)<br />

carac teriza-se pelo aparecimento <strong>de</strong> nódulos <strong>de</strong> tecido miofibroblástico. Po<strong>de</strong><br />

ter atingimento cutâneo isolado ou envolver, simultaneamente, tecido celular<br />

subcutâneo, osso, vísceras ou SNC. Geralmente regri<strong>de</strong> espontaneamente. A<br />

fibromatose agressiva (FA) cursa com uma maior taxa <strong>de</strong> recidiva local, em -<br />

bora sem propensão a metastizar. Material e Métodos: Análise retrospectiva<br />

dos 6 processos clínicos <strong>de</strong> crianças e adolescentes com MI e FA admitidos<br />

no IPOFG-Porto entre 2005-2010. Resultados: Dos 6 doentes, 3 apresentavam<br />

MI e 3 FA. Doentes com MI: Caso 1- sexo masculino, nódulo cervical<br />

congénito, regressão em 2 meses; Caso 2- sexo masculino, 4 nódulos<br />

subcutâ neos i<strong>de</strong>ntificados no 1º mês <strong>de</strong> vida, regressão total aos 3 anos; Caso<br />

3- sexo masculino, múltiplos nódulos subcutâneos, musculares e do miocárdio<br />

(envolvimento visceral) congénitos, regressão espontânea dos nódulos<br />

subcutâneos e musculares aos 2 anos, nódulos miocárdicos residuais. Doentes<br />

com FA: Caso1- sexo feminino, tumor cervical irressecável diagnosticado no<br />

1º ano <strong>de</strong> vida com invasão intra-canalar e do plexus braquial, submetida a<br />

quimioterapia (metotrexato e vimblastina) para controlo do crescimento<br />

tumoral; Caso 2- sexo feminino, 14 anos, tumor da planta do pé com reci diva<br />

sintomática 4 anos após exérese da lesão, proposta para exérese conserva dora<br />

e radioterapia adjuvante; Caso 3- sexo feminino, 5 anos, múltiplos nódulos<br />

cutâneos, melhoria sintomática com tamoxifeno e agravamento após suspensão.<br />

Comentários: As fibromatoses são um grupo <strong>de</strong> tumores on<strong>de</strong> a fronteira<br />

entre o benigno e o maligno não é clara. Os autores consi<strong>de</strong>ram fundamental<br />

um diagnóstico precoce e uma abordagem multidisciplinar para minorar<br />

o comprometimento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stas crianças.<br />

Palavras-chave: Miofibromatose infantil e fibromatose agressiva - Expe -<br />

riên cia do IPOFG-Porto<br />

PD70 - Só uma sopinha “bem forte”...<br />

Cármen Silva 1 ; Margarida Tavares 1 ; Fátima Ferreira 2 ; Cristina Castro 1<br />

1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC, Hospital <strong>de</strong> São João (H.S.J.), E.E.P., Porto;<br />

2- Serviço <strong>de</strong> Hematologia Clínica, UAG-Medicina, H.S.J., E.E.P., Porto<br />

Introdução: A anemia na criança tem etiologias variadas, po<strong>de</strong>ndo ser a<br />

forma <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> uma doença hematológica, ser secundária a outra<br />

patologia ou ser um achado aci<strong>de</strong>ntal. Não é por si só um diagnóstico, sendo<br />

a história clínica <strong>de</strong>talhada fundamental para a <strong>de</strong>terminação da causa subjacente.<br />

Descrição do caso: Lactente <strong>de</strong> 10 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, do sexo mas -<br />

culino, raça caucasiana, com antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> icterícia neonatal (incompatibi-<br />

lida<strong>de</strong> ABO) e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fototerapia. Pais jovens, não consanguíneos,<br />

ambos testemunhas <strong>de</strong> Jeová. Referenciado por pediatra ao Serviço <strong>de</strong> Urgên -<br />

cia por anemia normocítica normocrómica (hemoglobina-6.4g/dL). Os pais<br />

haviam recorrido a atendimento pediátrico por recusa alimentar parcial e<br />

febre; referiam ainda, uma <strong>de</strong>jecção raiada <strong>de</strong> sangue vermelho vivo e epis -<br />

táxis ligeira, alguns dias antes. Negada ingestão <strong>de</strong> tóxicos. Ao exame objectivo<br />

apresentava pali<strong>de</strong>z cutâneo-mucosa, sem outras alterações relevantes. O<br />

hemograma confirmou anemia regenerativa, cinética <strong>de</strong> ferro normal, Prova<br />

<strong>de</strong> Coombs directa e indirecta negativas, esfregaço do sangue periférico com<br />

policromatofilia dos glóbulos rubros e mielograma com hiperplasia eritroi<strong>de</strong><br />

e pouco ferro no eritron. Efectuou-se terapêutica com ferro oral. Aumento<br />

gradual dos valores <strong>de</strong> hemoglobina, tendo à data <strong>de</strong> alta (14º dia <strong>de</strong> internamento)<br />

9g/dL. Reavaliado em consulta, altura em que a mãe se recordou da<br />

ingestão <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> favas uma semana antes do internamento, bem como<br />

tonalida<strong>de</strong> subictérica que não valorizou. Perante a forte suspeita <strong>de</strong> Favismo,<br />

proce<strong>de</strong>u-se ao doseamento <strong>de</strong> glicose-6-fosfato-<strong>de</strong>sidrogenase (G6PD) com<br />

confirmação do diagnóstico. Em curso estudo da variante genética. Discussão:<br />

Das <strong>de</strong>ficiências enzimáticas do glóbulo rubro, o défice <strong>de</strong> G6PD é<br />

provavelmente a mutação clinicamente significativa mais frequente a nível<br />

mundial. Embora a maioria dos indivíduos afectados seja assintomática, frequentemente<br />

manifesta-se por episódios hemolíticos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados por certas<br />

drogas, infecções, alterações metabólicas ou ingestão <strong>de</strong> favas (Favismo).<br />

Ainda que pouco prevalente em Portugal (cerca <strong>de</strong> 0,51%), é um diagnóstico<br />

a não esquecer, salientando-se a importância da informação a<strong>de</strong>quada acerca<br />

dos potenciais <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes <strong>de</strong> hemólise, com prescrição farmacológica<br />

diferenciada, e do aconselhamento genético familiar.<br />

Palavras-chave: Anemia, favismo, défice <strong>de</strong> glicose-6-fosfato-<strong>de</strong>sidrogenase.<br />

PD71 - A<strong>de</strong>nomegalia submandibular – Doença <strong>de</strong> Kimura, uma causa<br />

rara a consi<strong>de</strong>rar!<br />

Joana Miranda 1 ; Joana Miranda 1 ; Liane Correia Costa 1 ; Maria Garcia 2 ;<br />

Cármen Silva 1 ; Helena Barroca 3 ; Elsa Fonseca 3 ; Ana Maia 1<br />

1- Serviço <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, UAG-MC do Hospital São João, EPE – Porto; 2- Ser -<br />

viço <strong>de</strong> Cirurgia Pediátrica, UAG-MC do Hospital São João, EPE – Porto;<br />

3- Ser viço <strong>de</strong> Anatomia Patológica, UAG-MCDT do Hospital São João,<br />

EPE – Porto<br />

A Doença <strong>de</strong> Kimura é uma doença inflamatória crónica rara, <strong>de</strong> etiologia<br />

<strong>de</strong>sconhecida, mais frequente em jovens adultos do sexo masculino, asiáticos.<br />

Caracteriza-se pela tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa subcutânea indolor na região da cabeça e<br />

pescoço, eosinofilia tecidular e periférica e IgE sérica elevada.Histologica -<br />

mente, correspon<strong>de</strong> a gânglio linfático com hiperplasia folicular, proliferação<br />

vascular, hiperplasia endotelial <strong>de</strong> vénulas pós-capilares e acentuada infiltração<br />

<strong>de</strong> eosinófilos. Descreve-se o caso <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 4 anos, sexo masculino,<br />

previamente saudável, observada no SU por tumefação submandi -<br />

bular esquerda, com cerca <strong>de</strong> 2cm <strong>de</strong> diamêtro, <strong>de</strong> consistência dura, indolor<br />

e sem sinais inflamatórios. A ecografia cervical mostrou uma a<strong>de</strong>nomegalia<br />

<strong>de</strong>ntro da glândula submandibular. Sem alterações no leucograma, função<br />

hepática e renal e sem parâmetros inflamatórios. Cumpriu 8 dias <strong>de</strong> amoxicilina<br />

e ácido clavulânico e ibuprofeno, sem melhoria evi<strong>de</strong>nte. Por se colocar<br />

a hipótese do nódulo correspon<strong>de</strong>r a um gânglio neoplásico ou, menos<br />

provavelmente, ter uma etiologia infecciosa foi realizada biópsia aspirativa<br />

com imunofenotipagem, bem como serologias e estudo <strong>de</strong> biologia mole cular<br />

para CMV, Parvovírus B19, EBV, HSV 1-2, Rubéola e Toxoplasmose, tendo<br />

sido apenas verificada infecção prévia por EBV. A imunofenotipagem do<br />

material obtido na biópsia aspirativa mostrou presença <strong>de</strong> população policlo -<br />

S80

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